Correio de Carajás

Neoplasias benignas gástricas

As neoplasias gástricas podem ser divididas em benignas e malignas. As benignas são sinalizadas, na maioria das vezes, por pólipos, que são encontrados incidentalmente na endoscopia digestiva alta (EDA). Eles são achados em 6% dos procedimentos, pois a maioria são assintomáticos.

As neoplasias malignas gástricas são consideradas como a mais comuns em alguns países. No Japão é o câncer mais comum. É considerada a causa de maior mortalidade em oncologia. Um dos motivos por essa alta taxa na mortalidade é pelo diagnóstico tardio, pois essa patologia é assintomática, evoluindo com sintomas sutis.

Em relação às neoplasias benignas, alguns dos fatores de risco dos pólipos gástricos são Helicobácter plyori, gastrite atrófica, inibidores da bomba de prótons e síndromes familiares. A abordagem inicial deve abranger a avaliação histológica do pólipo e da mucosa circundante.

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A polipectomia deve ser realizada em todos os pólipos com características neoplásicas ou com diâmetro maior ou igual a 1 cm. Quando há múltiplos pólipos, deve ser escolhido o maior para ressecção. Além disso, colher biópsia dos outros pólipos.

Para estudo da mucosa, no Brasil, é colhido de 5 amostras, duas em antro, uma em incisura angular e duas em corpo gástrico. O objetivo desse estudo é avaliar presença de displasia e de H. pylori.

De acordo com essa avaliação, os pólipos serão divididos em pólipos hiperplásicos, pólipos de glândulas fundicas, adenomas gástricos e pólipos fibroides inflamatórios.

Pólipos hiperplásicos contabilizam 75% dos pólipos em área comum com H. pylori. Advém de condições inflamatórias crônicas, como gastrite atrófica, anemia perniciosa, local com gastroenterostomias, úlceras e erosões.

Suas características são lisos, variando de 0,5 a 1,5 cm, e são encontrados no corpo, cárdia, fundo e antro. Seu potencial maligno é aumentado em pólipos > 1 cm e pedunculados. Então, normalmente, em pólipos medindo > 0,5 cm já são ressecados, com estudo da mucosa para ver o grau de displasia. Se detectado H. pylori, tratar para erradicação.

Pólipos de glândulas fúndicas: um dos fatores ligados a eles é o uso de inibidores de bomba de prótons (IBP). Sua etiologia é considerada esporádica, mas ocorre associação com síndromes de polipose, como polipose adenomatosa familiar (PAF), adenocarcinoma gástrico, polipose proximal do estômago (GAPPS) e polipose associada a MUTYH (PAM).

Esse tipo de pólipo ocorre em 20% a 100% dos portadores de PAF. Além dessas associações, pode ocorrer também com síndrome de Zollinger-Ellison, gastrinoma e longo uso de IBP. Há estudos que citam a infecção por H. pylori como um fator protetor para esse tipo de pólipo.

Se for observado mais de 20 pólipos e for um paciente mais de 40 anos com adenomas duodenais concomitantes, há possibilidade de ter diagnóstico de PAF. Em casos em que o uso de IBP é o fator de risco principal, é indicado suspender a droga e trocar por inibidores de H2, se necessário. A vigilância com EDA é indicada apenas para pacientes com diagnóstico de PAF (indicado uma colonoscopia também).

Adenomas gástricos são responsáveis por 6-10% dos pólipos gástricos, considerados mais comum. Sua etiologia é ligada a gastrite atrófica crônica, podendo ocorrer na PAF, apesar de raro. Comumente, não manifestam sintomas, podendo causar sangramento oculto. Suas características são maiores de 2 cm, solitários e encontrada em antro (maior número), corpo ou cárdia.

Os adenomas são precursores do adenocarcinoma em 8-59% dos casos. Por isso, todos esses pólipos devem ser ressecados endoscopicamente ou se houver múltiplos adenomas ou carcinoma invasivo é necessário cirurgia. Se for detectado H. pylori, deve ser tratado.

Pólipos fibroides inflamatórios são extremamente raros, contabilizando menos de 0,1% dos pólipos. A conduta é ressecção endoscópica com ótimo prognóstico, sem necessidade de acompanhamento.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.