Correio de Carajás

Nefrolitíase II

Continuando a seguir o tema cálculo nos rins. As pedras nos rins são formadas quando a urina apresenta quantidades maiores que o normal de determinadas substâncias, como cálcio, oxalato e ácido úrico. O diagnóstico da doença pode ser feito por meio dos seguintes exames: exame de sangue, exame de urina e exames de imagem, como raios-X e ultrassons.

Embora algumas autoridades recomendem uma investigação completa depois do primeiro episódio de litíase, outras adiam essa avaliação até que haja evidências de recidiva, ou quando não existe causa óbvia como por exemplo baixa ingestão de líquidos durante os meses de verão, com desidratação óbvia

Em certas ocasiões, um cálculo pode ser recuperado e analisado quanto à sua constituição, fornecendo indícios importantes para a patogenia e o tratamento. Por exemplo, um predomínio de fosfato de Ca sugere acidose tubular renal – ATR distal subjacente ou hiperparatireoidismo.

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Os pacientes com distúrbios mieloproliferativos e outras causas de hiperuricemia e hiperuricosúria secundárias por aumento da biossíntese de purinas e/ou da produção de urato apresentam risco de formação de cálculos, se houver diminuição do volume urinário. A hiperuricosúria na ausência de hiperuricemia pode ser observada em associação a certos fármacos (probenecida, salicilatos em altas doses).

Os cálculos de cistina resultam de um defeito hereditário raro do transporte renal e intestinal de vários aminoácidos dibásicos. A excreção excessiva de cistina (dissulfeto de cisteína), que é relativamente insolúvel, leva à nefrolitíase. Os cálculos começam a se formar na infância e constituem uma causa rara de cálculos coraliformes. Em certas ocasiões, levam à doença renal em estágio terminal.

O tratamento pode ser feito com analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e hidratação (beber de dois a três litros por dia). A cirurgia é indicada se o cálculo renal for grande ou se estiver bloqueando a passagem da urina.

O tratamento dos cálculos renais é, com frequência, empírico, baseado em probabilidades (os cálculos de oxalato de Ca são os mais comuns), anamnese clínica e/ou investigação metabólica. Um aumento da ingestão de líquido para 2,5 a 3 L/dia, no mínimo, constitui, talvez, a intervenção isoladamente mais eficaz, independentemente do tipo de cálculo.

Acredita-se que as recomendações conservadoras para pacientes com cálculos de oxalato de Ca (dieta com baixo teor de sal e de gordura e quantidade moderada de proteína) sejam saudáveis de modo geral e, portanto, aconselháveis para pacientes cuja afecção não é complicada por outros distúrbios.

A seguir demonstra-se os tratamentos específicos para cálculos em pacientes com nefrolitíase complexa ou recorrente. Tipos de cálculos e seus tratamentos específicos. Cálculos de Oxalatos de cálcio. Modificações na dieta: aumento do aporte de líquidos. Ingestão moderada de sódio, de oxalato, de proteína e de gordura. Outras: suplementação de citratos (sais de cálcio ou de potássio > sódio. Colestiramina ou outro tratamento para má absorção de gordura. Tiazídicos na presença de hipercalciuria. Aloperinol na presença de hiperuricosuria.

Cálculos de Fosfato de cálcio. Modificações na dieta: aumento do aporte de líquidos. Ingestão moderada de sódio. Outras: tiazídicos na presença de hipercalciúria. Tratamento do hiperparatireoidismo, quando presente. Alcali para acidose tubular distal.

Cálculo de estruvita. Modificações na dieta: aumento do aporte de líquidos. Ingestão moderada de sódio, de oxalato, de proteína e de gordura. Se houver um nidus de oxalato de cálcio para estruvita. Outras: Metenamida e vitamina C ou antibioticoterapia supressora.

Cálculo de Ácido úrico. Modificações na dieta: aumento do aporte de líquidos. Ingestão moderada de proteínas. Outras: alopurinol. Calculo de Cistina. Aumento do aporte de líquidos. Outras: terapia com álcali. Penicilamina.

Consulte um médico, de preferência um urologista ou nefrologista, assim que manifestarem os primeiros sintomas de cálculo renal.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

 

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.