Correio de Carajás

Na Redação do CORREIO, piloto paraense revela bastidores de competição nacional

Fazer parte da elite do automobilismo nacional, esporte que envolve altos custos e que é bastante seletivo é uma façanha nos dias de hoje, e um piloto paraense, aqui de Parauapebas, vem tendo essa oportunidade na atual temporada da Mercedes-Benz Challenge C300. Trata-se de Vinny Azevedo. No retorno da etapa em que foi campeão de uma das corridas, já na estreia, ele desembarcou em Marabá nesta quarta-feira, dia 23, e passou na sede do Grupo Correio para conversar com exclusividade com o jornal sobre a sua experiência e os bastidores da categoria.

A etapa foi disputada no último dia 13, no conhecido autódromo de Interlagos, em São Paulo (SP) e não são poucas as dificuldades para quem sequer conhecia o carro, antes da estreia. Vinny contou que vinha da disputa de outra categoria, mas que não podia recusar o convite para a Challenge C300.

Foto: Divulgação

Ele comentou sobre sua infância, os bastidores da corrida, seus sonhos, e a próxima corrida que pretende disputar. Confira a entrevista abaixo:

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CORREIO: Vamos começar com uma pergunta leve: você já era competitivo desde criança? Andava de velocípede?

VINNY: Hahaha, olha, não exatamente, mas na década de 1980 lançaram um carrinho do Ayrton Senna, no formato dos carros de corrida mesmo, você conduzia ele pedalando, e o volantinho, então? Nossa, tenho muitas fotos com ele. Cheguei até mandar e-mail para Bandeirantes perguntando se eles ainda o teriam em estoque para vender, queria muito poder colocá-lo na parede de casa, pois desde criança tenho essa paixão pelo automobilismo.

CORREIO: Você tem uma história recente na carreira automobilística, tendo completado três meses agora em setembro, com 36 anos. Como começou tudo isso?

VINNY: Então, eu cresci em Parauapebas e aqui no Pará não temos essa cultura do automobilismo. Um dia, quando fui a São Paulo, um amigo me convidou para andar em Interlagos, lá eu fiz um teste em uma categoria chamada Fórmula Inter e passei. Com isso, comecei a correr e fui atrás de patrocínio, pois é um esporte caro que exige o apoio financeiro de empresas, eu por exemplo, tenho hoje a Potência Truck, RV Imola, e BAC Empreendimentos. Passei para a categoria Sprint Race, que é maior, onde fiquei por dois anos, sendo que ano passado eu liderei o campeonato durante todo 2019. Esse ano, decidi ir para a Mercedes-Benz Challenge e a estreia já veio com a vitória, foram ótimos frutos que colhi.

CORREIO: Sendo profissional, você deve treinar bastante. Como é a rotina de treinos?

VINNY: Eu procuro treinar de 4 a 6 horas, todos os dias, no meu simulador, que me dá 90% da realidade das pistas, com exceção de algumas coisas como temperatura, por exemplo, o restante tem tudo: preparo do carro, cambagem, calibragem, alinhamento, etc. Além disso, treino em uma academia especial para pilotos em São Paulo, três vezes na semana, com um preparo psicofísico, onde treinamos reflexo, concentração, etc. Tudo é muito rápido, atingimos até 250 quilômetros por hora, então, precisamos desse treinamento especializado para não corrermos o risco de perder o controle e o carro rodopiar pela pista, por exemplo.

CORREIO: Essa preparação tem como foco a próxima corrida? Quando serão as próximas etapas da categoria?

VINNY: A próxima corrida será dia 25 de outubro, que também será em Interlagos, e depois teremos mais duas por lá, e uma última em Curitiba (PR), encerrando 2020. Além disso, há outros circuitos em Londrina, Cascavel, Cristais, Goiânia, e vai ter um novo em Juiz de Fora, pois o sul e sudeste é bem forte nesse esporte.

CORREIO: Você considera que já está estabilizado por ter ascendido tão rápido ou ainda pretende evoluir mais, chegar a outras categorias?

VINNY: Com certeza queremos crescer mais, apesar de ter realizado meu sonho de me tornar piloto de corrida em três anos de categoria, ainda quero chegar na Stock Car, que é a principal categoria do Brasil atualmente. Quase chegamos lá esse ano, mas, por conta da pandemia do novo coronavírus, todas as negociações que tínhamos para essa categoria tiveram que ser adiadas, devido as verbas de incentivo ao esporte terem sido revertidas para o combate ao vírus. Então, resolvi segurar essa vontade e me preparar melhor para chegar lá já fazendo bonito.

CORREIO: Que recado você deixa para os jovens que alimentam esse sonho de seguir essa carreira?

VINNY: Nunca desistam, pois hoje temos mais estrutura nas maiores cidades do Pará para começar o processo de aprendizagem. Além disso, o principal no automobilismo é termos bons relacionamentos comerciais para dar apoio, pois sem eles não conseguimos correr. Há também uma questão complicada que é a falta de incentivo por parte dos governos paraenses, pois é uma novidade existir um piloto do nosso estado representando, então, sempre é destacado na imprensa e nas narrações a bandeira do Pará, logo, seria interessante existir o incentivo. (Zeus Bandeira)

O piloto com o carro que tem pilotado nas disputas do Challenge/ Foto: Divulgação
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