Correio de Carajás

Mundial da Rússia: Álbum e figurinhas viram febre

Milhares de pessoas em todo o país tem se reunido em pontos estratégicos para comprar, trocar e negociar as quase 700 figurinhas de jogadores, estádios e seleções que compõe o álbum oficial da Copa da Rússia. Em Marabá, a prática virou febre entre famílias de todos os tamanhos que ocupam os espaços públicos da cidade para interagir trocando entre elas as figurinhas dos craques das 32 seleções que disputam o Mundial na Rússia este ano. Nem mesmo o empate de 1 a 1 com a Suíça foi capaz de desanimar os aficionados.

A fonoaudióloga Camila Castello não sabe mais o que é passar o domingo em casa. Desde que comprou o álbum da Copa ela tira o dia de descanso para acompanhar o filho de 12 anos, Robinson Castello, nos pontos de troca de figurinhas localizados na Praça Duque de Caxias, Marabá Pioneira e no Shopping Pátio Marabá.

Camila e Robinson dividem o mesmo álbum que já está quase completo

“Na verdade, foi ele que começou a colecionar e acaba que, como sou eu que dou o dinheiro para ele, me empolgo junto, então sempre o levo. Já fica no subconsciente da criança, acho que não só do meu filho, mas das outras também. Acaba que vira uma diversão tanto para mim quanto para ele”, afirma.

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No dia em que conversou com a Reportagem, Camila contou que faltavam apenas quatro figurinhas para completar o álbum e que a ansiedade do filho era tamanha a cada pacote de figurinhas aberto. “E já me fizeram a pergunta: mas só falta quatro, por que você não pede logo pelo site? A minha resposta e a dele, por coincidência, é sempre a mesma: porque não tem graça. O gostoso é aquela ansiedade de abrir o pacotinho, de ver se veio àquela figurinha que ele estava esperando”, acrescentou.

Cumplicidade

O jovem “Robinho”, diz a mãe, é apaixonado por futebol e acompanha o time de coração, Flamengo, em todas as disputas. “E não é diferente quando é jogo do Brasil, porque ele torce junto e sofre também. Então, na hora que lançou o álbum, ele ficou doido, querendo o livro, e não tinha em Marabá ainda. Eu fui a um congresso em Teresina e comprei para ele como um presente de viagem”, informou.

Camila revelou ainda que, no começo, não deu muita importância para a compra de figurinhas para preencher o livro ilustrado, mas que sempre o filho pedia que ela comprasse mais e mais pacotes. Ao saber dos pontos de troca, resolveu leva-lo.

“Fui o primeiro domingo, o segundo e quando percebi, já tinha me envolvido. Adorei aquilo ali, estar com ele, trocar as figurinhas. Tanto que eu já ficava brincando com e falava: Robinho, traz aqui o nosso álbum”. A família da fonoaudióloga não é a única que se diverte com a atividade lúdica. Dezenas de pessoas também fizeram dos pontos de troca e venda de figurinhas destino obrigatório todos os dias.

Cleucionne Aragão e o filho Enzo Willian, de 6 anos, são inseparáveis quando a missão é completar o álbum da Copa. A cumplicidade entre mãe e filho ficou ainda mais forte depois que ela começou a acompanha-lo.

Cleucionne e Enzo vão aos pontos de troca todos os fins de semana

“Tudo começou quando eu e meu filho estávamos na Praça Duque de Caxias aguardando a minha filha sair da aula de inglês. Foi quando o Enzo conversou com umas crianças sobre as figurinhas. Logo, ele me deixou doidinha, dizendo: mamãe, mamãe eu quero o álbum”, detalhou.

Ela conta que, a partir do momento em que comprou o produto, não deixou de ir um fim de semana sequer aos pontos de troca. “Agora estamos mais tempo juntos e o papo é só esse. Ele não que saber de outra coisa e claro que toda a família se diverte”.

Pontos de troca foram organizados para receber colecionadores

Vários shoppings em todo o país abriram as portas para receber crianças, jovens e adultos que buscam completar o livro ilustrado da Copa 2018. Um espaço gerenciado por um livraria e papelaria foi montado no 3º piso do Pátio Marabá com o intuito de promover a interação dos colecionadores, que costumam se reunir a partir da 19h30 no local. O espaço funciona todos os dias, diferente dos pontos montados nas principais praças da cidade, frequentados mais aos finais de semana.

Na Duque de Caxias, Marabá Pioneira, a reunião acontece aos sábados e domingos, geralmente pela manhã. O proprietário da banca, que leva o mesmo nome da praça, Herbert Paixão, revelou à Reportagem que montou uma estrutura especial para promover a interação entre os marabaenses e aumentar as vendas. “A venda de figurinhas está muito boa, mas para que isso acontecesse eu criei toda uma estrutura para potencializar essas vendas. Aluguei mesas e criei esse espaço para os clientes virem e se acomodar”, explica.

Dezenas de pessoas se reúnem na Praça Duque de Caxias para trocar figurinhas nos finais de semana/ Foto: Josseli Carvalho

No início, ofereceu lanche e acabou conquistando muitos clientes. Neste embalo, o comerciante chegou a vender até dois mil envelopes de figurinhas em um só fim de semana. “A emoção é grande, tanto para a criança quanto para o adulto. Quando ele encontra a figura que ele quer ele grita, fica em uma felicidade sem tamanho”, revelou. Ele comercializa os pacotes a R$2 e o álbum a R$7, porém destaca que as pessoas não costumam comprar uma infinidade de figurinhas, por terem a opção de trocar com outros colecionadores.

É o que faz a funcionária pública Sinilma Augusto. Ela costuma visitar o local para garantir as figurinhas que faltam aos filhos para completar o álbum. “Eu acho que hoje a emoção nem é tanto das crianças, mas dos pais, avós, os adultos mesmo”, diz, lembrando que quando era criança, as pessoas costumavam completar os livros ilustrativos para ganhar brindes, diferente do que acontece nos dias de hoje, quando as pessoas “completam o álbum por prazer”.

O aposentado Edmar Duarte, que também tem participado da brincadeira, observou que no mundial deste ano, a prática de trocar figurinhas está muito mais forte. “Agora parece que o povo está praticando a troca por lazer, a gente vê várias pessoas, pais de famílias por aqui”. Há três meses preenchendo o álbum, ele revelou que lhe resta apenas conseguir os adesivos dourados.

Gerações

Adriano Lopes conseguiu completar o álbum de figurinhas recentemente e ressaltou que está ajudando o sobrinho a finalizar outro. “Foi uma lutazinha boa atrás da Inglaterra e vou finalizar o segundo, que é do meu sobrinho”, faltam 39 figurinhas. Ele disse que demorou uma semana para achar a última figurinha, mas que a atividade é bem dinâmica e satisfatória. Adriano deixou claro que não pretende preencher o álbum só para guardar na estante, mas também para repassar aos futuros netos.

Já Ricardo Rosa, levou os dois filhos, Daniel e Ricardo, para o local a fim de promover maior interação familiar e se divertir ao lado dos filhos. Há dois meses tentando finalizar o álbum, Daniel e Ricardo se encontram com amigos e negociam as figurinhas mais valiosas. (Nathália Viegas com informações do Josseli Carvalho)