Correio de Carajás

Mulher tem intestino perfurado após parto no HMI

Agora, o Conselho de Saúde quer o afastamento da secretária de Saúde e do médico que fez o parto

Foto: Evangelista Rocha

No final do ano passado, a jovem Tereza Bianca Nunes de Castro, de 23 anos, foi dar à luz no Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá. Começava ali um verdadeiro pesadelo para ela e seus familiares. Seu filhinho teve o braço direito fraturado durante o parto cesáreo. Mas isso não foi “nada” comparado ao que aconteceu com Tereza. Ela teve o intestino perfurado (não se sabe ainda como) e agora está desenganada, em coma induzido, com as vísceras expostas, no Hospital Regional de Marabá.

A situação foi exposta no Conselho Municipal de Saúde (CMS) e a entidade já solicitou, de imediato, o afastamento da secretária municipal de Saúde, Mônica Borchart Nicolau, do médico que fez o parto e também a direção do HMI.

Durante a reunião do CMS, foram apresentadas imagens da paciente com as vísceras expostas, uma imagem de embrulhar o estômago e causar indignação em qualquer ser humano.
A mãe de Tereza, Rejane Nunes de Castro, também esteve presente na reunião e relatou que a filha estava em uma situação deplorável no Materno Infantil, depois de dar à luz. “Ela foi pra ter um bebê e aconteceu tudo isso. No HMI ela me contou que foi muito maltratada; jogaram ela numa sala sem medicação”, relata.

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Ao ver a filha naquele estado, Rejane exigiu que ela fosse transferida para o Hospital Municipal de Marabá (HMM), mas a informação que foi repassada a ela é de que a paciente só poderia ser levada para outra casa de saúde depois que se passasse o período de 30 dias.

Foi aí que Rejane tomou providências mais severas e registrou um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil. Somente depois disso ela foi transferida. Mas lá no HMM os recursos não foram capazes de salvá-la e ela teve de ser transferida para o Hospital Regional, onde ela já passou por 11 cirurgias.

“Ela necrosou a barriga toda. O intestino dela, desde o começo, eu falei que perfuraram o intestino dela, desde o começo foi perfurado”, repete, para deixar clara sua indignação.

O conselheiro Francisco Lima, que acompanha o caso de perto informou durante a reunião que o Regional já informou à família que Tereza Bianca tem poucas chances de vida. “Essa jovem hoje praticamente foi desenganada. Ou seja, o médico falou com a gente junto com a mãe, junto com a psicóloga e a assistente social, o médico desenganou essa jovem. Ou seja, só está esperando a hora de morrer”, relatou.

Diorgio, presidente do CMS, diz que o médico precisa ser responsabilizado

Para o presidente do Conselho, Diorgio Santos, é fundamental descobrir quem foi o médico que fez a cirurgia no HMI, para que ele responda na instância devida, pois, segundo o conselheiro, outros casos parecidos já se registraram. “Não é de hoje que a gente recebe relatos aqui de médicos no HMI fazendo cirurgias, perfurando bexiga, perfurando intestino de pacientes lá. Não é um acidente aqui ou acolá. É uma coisa que está sendo bem rotineira”, afirma.

Falando em nome da administração municipal, a enfermeira Sheila Macêdo informou apenas que a prefeitura vai apurar a situação para tomar as medidas necessárias.

HMI emite nota
Sobre o caso em questão, ocorrido em outubro de 2023, o Hospital Materno Infantil (HMI) abriu, imediatamente, sindicância interna, afastou o profissional responsável pela ação e comunicou ao Ministério Público que o caso estava sendo investigado pelo HMI.
A paciente foi internada no Hospital Municipal de Marabá (HMM), tendo sido prestada toda assistência necessária à família. Posteriormente, ela foi transferida ao Hospital Regional do Sudeste do Pará.
Vale ressaltar que no HMI são realizados mais de 600 partos bem sucedidos por mês, destes, mais de 50% encaminhados por municípios vizinhos, que não prestam o mínimo suporte de Atenção Básica de Saúde às gestantes, como o pré-natal.

(Chagas Filho)