Correio de Carajás

MP não quer saber de reconhecimento por foto na Delegacia de Parauapebas

Apontando uma série de fatores observados durante visita ao prédio da 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil, os promotores Magdalena Torres Teixeira e José Alberto Grisi Dantas, das 1ª e 2ª Promotorias de Justiça Criminal de Parauapebas, respectivamente, assinaram recomendação conjunta para que sejam realizadas melhorias na forma de reconhecimento dos presos por vítimas e testemunhas de crimes.

Segundo o documento, em 28 de abril a promotora Magdalena Torres constatou que a sala de reconhecimento da unidade estava sendo utilizada para guardar materiais de limpeza do prédio e não para a finalidade à qual foi construída.

Além disso, foram constatadas pelo Ministério Público inúmeras informações, durante oitivas de vítimas e testemunhas e interrogatório de detentos, que o reconhecimento não foi realizado na sala especial e sim através de fotografias contidas nos arquivos dos computadores ou em celulares.

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Conforme os promotores, essa forma de reconhecimento vem ocasionando prejuízos ao regular andamento dos procedimentos criminais. Por fim, a recomendação destaca que a sala de reconhecimento apresenta mofo e baixa claridade, sem nenhum ponto de ventilação ou de circulação de ar.

Neste sentido, as promotorias aproveitaram a existência de um procedimento administrativo que acompanha e fiscaliza a adequação e eventuais reformas da 20ª Delegacia de Polícia Civil de Parauapebas para que a sala de reconhecimento seja adaptada de forma salubre.

Ao diretor da unidade, delegado Élcio de Deus, recomenda providenciar a remoção, em até 10 dias, de todos os materiais de limpeza, móveis e outros objetos que estão armazenados inadequadamente na sala de reconhecimento.

A equipe policial é orientada, ainda, a respeitar o artigo 226, II, do Código Penal, que determina a colocação da pessoa a ser reconhecida, caso possível, ao lado de outras que tenham semelhança com o suspeito, convidando a vítima ou testemunha a apontá-lo. É solicitado, ainda, que seja feito registro fotográfico ou em vídeo do momento do reconhecimento.

Por fim, os promotores advertem que a inobservância da recomendação acarretará a adoção pelo Ministério Público de todas as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis. O diretor da unidade, delegado Élcio de Deus, foi procurado pelo Correio de Carajás e informou ainda não ter sido notificado da recomendação. (Luciana Marschall)