Chateação e revolta é o que não faltou no final da tarde de ontem, dia 18, entre as mais de 200 pessoas que estavam no Terminal de Ônibus Coletivos de Marabá, na Folha 26, Nova Marabá. De um lado, parte dos motoristas das empresas TCA e Nasson, responsáveis pelo transporte público do município, que paralisaram as atividades. De outro, os passageiros que embarcaram sem saber que haveria novamente uma paralisação e simplesmente foram deixados no terminal, longe do destino final, exatamente igual às paralisações realizadas no mês passado.
Segundo um dos motoristas, que preferiu não se identificar, eles reivindicam o pagamento de três meses de salários atrasados e seis meses de vale alimentação. No local, mais de 20 carros foram parados. “A ideia foi chamar a atenção a respeito dos nossos pagamentos”, explicou o funcionário.
O CORREIO acompanhou a movimentação no terminal, que iniciou por volta das 17 horas de ontem. Diante da situação, alguns passageiros desabafavam junto aos servidores. “Eles deveriam avisar as pessoas de que iriam parar. Tem que parar porque eles não estão recebendo, mas é preciso informar a população pra gente não ficar sofrendo”, reclamou a dona de casa Maria das Graças, que havia saído da Folha 35 e tentava chegar em sua residência, na Velha Marabá.
Leia mais:Carmen Silva foi outra usuária que reclamou da falta de aviso por parte dos funcionários das empresas de ônibus. Segundo ela, que trabalha no São Félix e ia para o bairro Liberdade, os servidores deveriam ter os avisados sobre a paralisação repentina. “Eles estão certos em pararem devido à falta de pagamento dos salários, eu apoio, só que não avisaram nada de paralisação. Eu não tenho dinheiro pra ir pra minha casa, e assim tem várias pessoas. Eu saí do trabalho cinco horas e vou chegar em casa lá para as oito da noite”, desabafou.
Ouvido pela Reportagem, o advogado das empresas TCA e Nasson, Robert Silva, afirmou que entrou em contato com o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviários do Sul e Sudeste do Pará (Sintrasul) a respeito de uma audiência marcada, que ocorrerá no Tribunal Regional do Trabalho. “Ontem eu tive uma reunião com os representantes do poder público municipal para poder verificar na questão da retomada do transporte público da prefeitura de forma administrativa. Então, eles realmente pretendem iniciar uma nova licitação, e dentro disso, a prefeitura sinalizou a questão do pagamento retroativo dos colaboradores”, explicou o causídico ao Jornal.
Também ouvido pelo Correio de Carajás, o presidente do Sintrasul, Geraldo Dean Silva, disse que havia acabado de saber da paralisação. Segundo ele, o ato foi realizado para chamar a atenção da sociedade. “Não sei até que ponto impactou, sentimos muito porque a população sofre. Mas eu fiquei sabendo que estão tentando convocar os interventores para virem até a cidade resolver essa situação e fazerem uma rescisão amigável”, explicou o sindicalista. (Karine Sued)