Correio de Carajás

Morre aos 85 anos a soprano Montserrat Caballé

Atualização 6 de outubro de 2018 por

A soprano espanhola Montserrat Caballé morreu na madrugada deste sábado (6) no Hospital Sant Pau, em Barcelona. Caballé, que tinha de 85 anos, estava internada desde setembro devido a um problema na vesícula. A causa da morte não foi divulgada.

O velório será realizado a partir das 14h de domingo no Funeral de les Corts e o funeral, na segunda, segundo o jornal espanhol El País.

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Caballé vinha tendo problemas de saúde nos últimos anos. Em outubro de 2012, sofreu um acidente vascular cerebral durante uma atuação na Rússia. Ao cair inconsciente, ela fraturou o úmero. E a saúde não foi a única fonte de desgosto nos últimos anos de vida da cantora. Em dezembro de 2015, ela foi condenada a seis meses de prisão e a pagar uma multa de quase 250 mil euros por evasão fiscal.

A soprano estreou profissionalmente em 1956, fez mais de 4 mil apresentações e era uma das últimas grandes divas da ópera – homenagem que ela rejeitou, em entrevista ao El País em 2014:

“Eu não me considero uma lenda da ópera, nem a última diva, como os jornalistas às vezes escrevem. Cada época tem seus divos e, no meu caso, a única coisa que fiz foi fazer bem o meu trabalho, da melhor forma possível, no mais alto nível”.

Considerada por muitos críticos como a melhor soprano do século 20, Caballé ganhou um Grammy e o Príncipe das Astúrias das Artes, a mais alta distinção concedida na Espanha, em 1991.

Caballé dividiu o palco com todos os grandes artistas e disse na mesma entrevista ao jornal espanhol ter uma química especial com três deles: Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras.

“Quando Manon Lescaut cantou com Plácido Domingo, que foi maravilhoso, ele me disse que descobriu um novo mundo cantando comigo e aconteceu a mesma coisa comigo. Com José Carreras eu tive um relacionamento muito especial, ficamos encantados ouvindo um ao outro. E, com Luciano Pavarotti, era como um pai”, afirmou a soprano.

Outro destaque de sua trajetória foi a interpretação, ao lado de Freddie Mercury, da canção Barcelona, hit de 1987. Após a morte de Mercury, a canção foi tema da abertura dos Jogos Olímpicos de 1992.

Repercussão

Vozes do mundo da política e da cultura lamentara a morte de Caballé. O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, classificou a perda de uma “triste notícia”. “Morreu uma grande embaixadora do nosso país, uma soprano de ópera reconhecida internacionalmente. Montserrat Caballé, sua voz e sua doçura permanecerão sempre conosco”, escreveu no Twitter.

O rei da Espanha, Felipe 6º, expressou suas condolências pela morte da soprano. Caballé foi “a grande dama da ópera, uma lenda da cultura universal, a melhor entre os melhores”, disse o monarca por meio de sua conta oficial no Twitter. “Sua personalidade e sua voz inigualável vão nos acompanhar para sempre.”

O Teatro do Liceu de Barcelona, onde Caballé atuou mais de 200 vezes, também se manifestou, lamentando a morte “de uma das sopranos mais importantes da história”.

“De todas as sopranos que escutei ao vivo em teatros, nunca escutei ninguém cantar como Caballé”, disse o tenor espanhol José Carreras em entrevista radiofônica concedida neste sábado. (Fonte:G1)