O Correio de Carajás conversou com moradores de diversos bairros que integram o Núcleo São Félix, com o objetivo de compreender e entender a funcionalidade, estrutura, segurança, mobilidade e o grau de satisfação e perspectiva que se tem com a localidade para os próximos anos.
O cearense Antônio Gonçalves de Sousa, 76 anos, chegou em Marabá em março de 1993, trazendo consigo o filho mais velho que trabalha na mesma empresa que ele e um caminhão, que colocou em cima do trem.
Embarcando em Santa Inês (MA), assim que desceu em Marabá os dois foram direto para Morada Nova, onde a empresa ficava localizada.
Leia mais:O idoso relembra que a atual rodovia era ‘uma ruazinha muito estreita e escura’. “Só pensava ‘meu Deus, onde nós vamos chegar?’ Mas, chegando em Morada Nova, vimos uns barzinhos abertos, era madrugada de sábado para domingo, e nos mostraram onde ficava a empresa. Fomos pra lá esperar o dia amanhecer”, conta.
Atuando no setor de expansão do comércio da empresa em que trabalhava, Antônio e o filho acabaram conhecendo muita gente e, em um mês em Marabá, adquiriram um terreno, que ainda hoje é da família.
“Fui buscar minha família no Ceará e todos vieram para cá. A gente ficava aqui só vendo passar caminhões com toras de madeira. Aqui no São Félix o melhor mercado, o mais moderno, era o do seu João, que ainda hoje está ali, a Mercearia Sousa. Hoje, vejo como o São Félix tem crescido de uma maneira muito admirada e valorizada. Aqui na frente de casa, onde hoje é o Novo Progresso, era uma fazenda, o gado ficava aí na cerca. Por aqui, mais de 90% das casas que tinham era de madeira, e hoje é ao contrário, quase não se vê mais residências de madeira. Isso em 29 anos é um avanço muito grande”, avalia.
Para Antônio, o Núcleo é o local ideal para quem deseja investir em indústria, comércio ou setor imobiliário. “Nos mais de 70 mil habitantes que tem aqui no núcleo e mais as cidades vizinhas, dentro de suas necessidades, as pessoas fazem compras aqui mesmo. O mercado do futuro é no São Félix”, profetiza.
De acordo com o morador, o local cresceu consideravelmente nos últimos dez anos, principalmente por conta dos investimentos imobiliários que chegaram. “Não tenho medo de afirmar, o local de moradia e comércio é o São Félix”, diz Antônio.
“Aqui é como se fosse uma outra cidade”
Morador do Loteamento Novo Progresso há cerca de quatro anos, Júlio Mesquita, 55 anos, é autônomo e decidiu morar próximo do local de trabalho. “Sou empresário e decidi já ficar por aqui. Meus filhos estudam aqui, eu trabalho aqui. Temos de tudo. É como se o São Félix fosse uma outra cidade”, afirma.
Júlio conta a decisão de morar no Novo Progresso foi acertada, principalmente pela segurança. Para ele, incidentes lamentáveis ainda acontecem como em qualquer outro lugar. Mas, crê que o bairro é um bom local para se viver.
O empresário finaliza ressaltando que não tem dúvidas sobre os benefícios da nova ponte. “Todos os setores irão ganhar com a obra e, para os moradores, a mobilidade de ir para o outro lado da ponte vai ser muito melhor”.
“A moradia é muito melhor no São Félix!”
Construindo uma casa e um ponto comercial em um terreno no Residencial Tiradentes, Érica dos Santos Silva, 32 anos, e o companheiro sabem que a tendência é a valorização dos imóveis locais e decidiram aproveitar o momento.
“A tendência é só crescer, e não são só os moradores que irão ganhar. Esse é também um dos grandes motivos que não queremos investir em outros bairro, e sim aqui no São Félix. Acredito que haverá a valorização comercial e geração de empregos, porque atualmente as pessoas só saem do bairro pra ir para o outro lado se for para procurar emprego, porque pra morar, o pessoal ‘de lá’ está vindo pra cá. Aqui a moradia é muito melhor!”, diz Érica.
A comerciante, que mora há 10 anos no núcleo, acredita que o São Félix é um dos locais mais indicados para se viver. Para ela, o crescimento, principalmente dos empresários, está fazendo com que o núcleo se desenvolva mais rápido.
Apesar de ser ‘longe do centro’, como ela diz, o São Félix tem tudo. “O que falta para tornar o São Félix totalmente independente de Marabá são agências bancárias. Pra mim, tirando isso, eu consigo resolver tudo por aqui”.
“Há muitas construções para todos os lados”
Aos 58 anos, o pedreiro José Guedes de Sousa não tem do que reclamar quando o assunto é trabalho. Ele, aliás, acabou passando serviço para um outro colega, por conta da alta demanda.
Morador e trabalhador do Núcleo São Félix, José conta ao Correio que tem muito trabalho pelo local. “Pra gente aqui está muito bom. Muito difícil ficar parado. Parei uns dias aí porque minha mulher ficou doente e tive que ficar com ela, mas tem muita construção aqui”, detalha.
Trabalhando com o filho, os dois comemoram a “boa fase” do São Félix e esperam que as coisas melhorem cada vez mais para todo mundo. “Quero que essa ponte traga mais empregos para as pessoas, com restaurantes, comércio. Uns ganhando mais, outros menos, mas todo mundo trabalhando”, deseja o mestre de obras.
Para os próximos anos, José quer um São Félix com mais vida, como ele mesmo diz. Quer um local valorizado pelo poder público e independente. “Sou a favor que vire cidade, e acho que não vai demorar muito. Só falta um banco aqui. E olha, quem tiver sua casa, que segure, quem puder comprar terreno ou investir que invista no bairro. Nós vamos crescer muito”, prevê.
(Ana Mangas)