Correio de Carajás

Morada Nova: Insegurança, desemprego e falta de infraestrutura

Na noite desta sexta-feira (27), o Correio Notícias, programa jornalístico da TV Correio, repetidora do SBT em Marabá, foi apresentado direto de Morada Nova, mostrando um pouco da realidade daquele núcleo habitacional que dista cerca de 20 km do centro de Marabá. Uma equipe do Jornal Correio também integrou a frente jornalística que atuou naquela parte da cidade e conversou com os moradores. O que se vê é um certo desânimo e até mesmo resignação da população que se sente historicamente excluída.

Estabelecida como vilarejo em 1973, Morada Nova nasceu a partir da abertura da Rodovia PA-70 (hoje BR-222), pelo governo do Estado, em 1969. Atualmente dividido em seis bairros, o núcleo enfrenta problemas de ordem estrutural, tanto pela distância física do restante da cidade quanto pela ausência de políticas públicas.

Leia mais:

Os problemas apontados pela população estão localizados na infraestrutura das ruas, na segurança, na saúde e também o desemprego. Isso mesmo, o problema do desemprego em Morada Nova é mobilizado por um dispositivo muito particular: a distância.

#ANUNCIO

Quem não mora no núcleo talvez nunca tenha parado para pensar nisso, mas quando alguém envia currículo para empresas de Marabá e põe o endereço de Morada Nova, as chances de ser admitido já diminuem. Quem afirma é Raimundo Nonato de Souza, que mora há quase 30 anos no complexo habitacional.

Ele observa que a maioria das empresas quer ter o funcionário trabalhando logo cedo, geralmente a partir das 7h30 da manhã, e quando a pessoa mora distante, o empregador não tem a segurança necessária de que aquele funcionário vai chegar cedo. Além disso, no horário do almoço, o trabalhador dificilmente pode descansar em casa e, para a empresa, isso pode prejudicar no rendimento.

Por tudo isso, Raimundo Nonato acredita que os moradores de Morada Nova enfrentam uma dificuldade a mais no mercado de trabalho, cujo cenário é preocupante de maneira geral no País. Segundo ele, o que tem salvado muita gente do desemprego são os poucos postos de trabalho no comércio do bairro, geralmente com salários baixos e sem Carteira assinada.

Aelson Nascimento da Silva, que é pedreiro, diz que está trabalhando no comércio de um parente dele para não ficar parado, porque não tem conseguido encontrar oferta para trabalhar. “Tenho minha família pra sustentar”, justifica, ao reclamar também por melhoria nas ruas do bairro e na segurança pública.

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O que era para ser solução, acabou se tornando problema

O oposto do ditado popular “Há males que vêm para bem” é uma realidade. Dois males existentes em Morada Nova foram causados por ações que vieram para o bem da comunidade. Os casos estão relacionados a infraestrutura e segurança pública.

Dono de uma barbearia, José de Arimatéia Gomes da Silva mora há 46 anos em Morada Nova. Ele diz que os furtos, arrombamentos, assaltos e tráfico de drogas aumentaram muito depois da criação dos residenciais Jardim do Éden, que fica em Morada Nova, e Tiradentes, que fica a 3,5 km de lá, ambos construídos pelo programa Minha Casa Minha Vida, durante o governo da presidenta Dilma Rousseff.

“A criminalidade deu um salto muito alto”, afirma José de Arimatéia, ao explicar que o problema não foi exatamente a criação dos novos bairros, mas a falta de estrutura do poder público de acompanhar o rápido crescimento populacional o que, segundo ele, causou impacto em vários setores da comunidade local. “O problema aqui é quase tudo”, resume.

Outro paradoxo é apontado pelo comerciante Astro Pereira Oliveira. Segundo ele, depois que a Rua Murumuru e outras que ficam no pequeno centro comercial de Morada Nova foram asfaltadas na gestão passada, os alagamentos aumentaram bastante, problema que não existia antes da chegada do asfalto.

“Eu queria que vocês viessem aqui depois de umas duas horas de chuva, para vocês verem as pessoas tirando água de dentro de casa no balde; alaga tudo aqui”, relata Astro Oliveira, acrescentando que o problema é provocado porque o asfaltamento não foi acompanhado de um sistema eficaz de esgotamento. 

(Chagas Filho)

Na noite desta sexta-feira (27), o Correio Notícias, programa jornalístico da TV Correio, repetidora do SBT em Marabá, foi apresentado direto de Morada Nova, mostrando um pouco da realidade daquele núcleo habitacional que dista cerca de 20 km do centro de Marabá. Uma equipe do Jornal Correio também integrou a frente jornalística que atuou naquela parte da cidade e conversou com os moradores. O que se vê é um certo desânimo e até mesmo resignação da população que se sente historicamente excluída.

Estabelecida como vilarejo em 1973, Morada Nova nasceu a partir da abertura da Rodovia PA-70 (hoje BR-222), pelo governo do Estado, em 1969. Atualmente dividido em seis bairros, o núcleo enfrenta problemas de ordem estrutural, tanto pela distância física do restante da cidade quanto pela ausência de políticas públicas.

Os problemas apontados pela população estão localizados na infraestrutura das ruas, na segurança, na saúde e também o desemprego. Isso mesmo, o problema do desemprego em Morada Nova é mobilizado por um dispositivo muito particular: a distância.

#ANUNCIO

Quem não mora no núcleo talvez nunca tenha parado para pensar nisso, mas quando alguém envia currículo para empresas de Marabá e põe o endereço de Morada Nova, as chances de ser admitido já diminuem. Quem afirma é Raimundo Nonato de Souza, que mora há quase 30 anos no complexo habitacional.

Ele observa que a maioria das empresas quer ter o funcionário trabalhando logo cedo, geralmente a partir das 7h30 da manhã, e quando a pessoa mora distante, o empregador não tem a segurança necessária de que aquele funcionário vai chegar cedo. Além disso, no horário do almoço, o trabalhador dificilmente pode descansar em casa e, para a empresa, isso pode prejudicar no rendimento.

Por tudo isso, Raimundo Nonato acredita que os moradores de Morada Nova enfrentam uma dificuldade a mais no mercado de trabalho, cujo cenário é preocupante de maneira geral no País. Segundo ele, o que tem salvado muita gente do desemprego são os poucos postos de trabalho no comércio do bairro, geralmente com salários baixos e sem Carteira assinada.

Aelson Nascimento da Silva, que é pedreiro, diz que está trabalhando no comércio de um parente dele para não ficar parado, porque não tem conseguido encontrar oferta para trabalhar. “Tenho minha família pra sustentar”, justifica, ao reclamar também por melhoria nas ruas do bairro e na segurança pública.

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O que era para ser solução, acabou se tornando problema

O oposto do ditado popular “Há males que vêm para bem” é uma realidade. Dois males existentes em Morada Nova foram causados por ações que vieram para o bem da comunidade. Os casos estão relacionados a infraestrutura e segurança pública.

Dono de uma barbearia, José de Arimatéia Gomes da Silva mora há 46 anos em Morada Nova. Ele diz que os furtos, arrombamentos, assaltos e tráfico de drogas aumentaram muito depois da criação dos residenciais Jardim do Éden, que fica em Morada Nova, e Tiradentes, que fica a 3,5 km de lá, ambos construídos pelo programa Minha Casa Minha Vida, durante o governo da presidenta Dilma Rousseff.

“A criminalidade deu um salto muito alto”, afirma José de Arimatéia, ao explicar que o problema não foi exatamente a criação dos novos bairros, mas a falta de estrutura do poder público de acompanhar o rápido crescimento populacional o que, segundo ele, causou impacto em vários setores da comunidade local. “O problema aqui é quase tudo”, resume.

Outro paradoxo é apontado pelo comerciante Astro Pereira Oliveira. Segundo ele, depois que a Rua Murumuru e outras que ficam no pequeno centro comercial de Morada Nova foram asfaltadas na gestão passada, os alagamentos aumentaram bastante, problema que não existia antes da chegada do asfalto.

“Eu queria que vocês viessem aqui depois de umas duas horas de chuva, para vocês verem as pessoas tirando água de dentro de casa no balde; alaga tudo aqui”, relata Astro Oliveira, acrescentando que o problema é provocado porque o asfaltamento não foi acompanhado de um sistema eficaz de esgotamento. 

(Chagas Filho)