A MPOX é um novo nome adotado pela Organização Mundial da Saúde para a antiga varíola dos macacos (ou monkeypox, em inglês). O atual surto de MPOX é mais preocupante do que os anteriores porque envolve uma nova variante do vírus, que os especialistas dizem ser a versão mais perigosa que já se viu.
No Brasil, 709 casos e 16 mortes por MPOX foram notificados em 2024, e, com os temores de um novo problema de saúde pública, o Ministério da Saúde convocou uma reunião para discutir a questão. Sobre o MPOX em nossa região existe uma nota informativa conjunta Nº1/2025 – CDT/CIEVS/LACEN/DVS/SESPA.
Em dezembro de 2022, a República Democrática do Congo declarou um surto nacional de MPOX devido a uma variante do clado I do vírus de MPOX, caracterizando, atualmente, uma transmissão comunitária sustentada difundida principalmente através da transmissão sexual.
Leia mais:Em maio de 2023, a OMS declarou encerramento da situação de emergência mundial de MPOX. No Brasil, as ações de vigilância e controle da MPOX migraram do Comitê de Operações Especiais (COE) para o Departamento de Doenças Transmissíveis (DEDT/SVSA/MS).
A transmissão entre humanos ocorre principalmente por meio de contato pessoal próximo, incluindo: contato íntimo ou sexual; contato direto com lesões de pele, erupções cutâneas, crostas ou fluidos corporais de uma pessoa infectada; contato com objetos e superfícies contaminadas; e contato com secreções respiratórias.
A transmissão ocorre desde o aparecimento dos sinais e sintomas até a erupção de pele ter cicatrizado completamente, com a formação de uma nova camada de pele. Ressalta-se que a persistência da ocorrência de novos casos, ainda que com magnitude inferior se comparado aos períodos de junho a setembro/2022; é compatível com manutenção da circulação viral na população.
Deste modo, deve-se investir em ações educativas para a percepção e redução de risco, além de reforçar a MPOX entre o diagnóstico diferencial nas formas clínicas compatíveis com a doença.
Na suspeição diagnóstica para os casos que preencham critérios, deve-se realizar a coleta de exame diagnóstico e a notificação dos casos suspeitos (conforme recomendações vigentes do Ministério da Saúde).
Frente ao aumento de MPOX na República Democrática do Congo (RDC) e em um número crescente de países na África, em 14/08/2024 a Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou novamente a MPOX como uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional (ESPII) sob o Regulamento Sanitário Internacional (RSI- 2005).
Embora a nova variante atualmente esteja, principalmente, restrita ao território africano, a flutuação no número de casos evidencia a importância da vigilância contínua e da resposta oportuna. Nesse contexto, é fundamental manter as ações de prevenção e vigilância e conscientizar os profissionais de saúde para aprimorar a identificação oportuna de novos casos.
Dessa forma, recomenda-se o fortalecimento das ações de monitoramento, detecção precoce, investigação em tempo hábil e comunicação de casos suspeitos para que seja possível interromper a cadeia de transmissão por meio de orientação adequada após a suspeita de MPOX.
As principais estratégias para controle da propagação da doença, especialmente a transmissão pessoa a pessoa, deve incluir o estabelecimento de medidas em termos de saúde pública que envolvam uma vigilância robusta, acompanhamento de contatos, isolamento de casos e assistência médica e de diagnóstico clínico e laboratorial, além de medidas de prevenção por meio da vacinação.
No que diz respeito as intervenções farmacêuticas disponíveis para tratamento e a prevenção da doença, existem antivirais, restritos a casos clínicos especiais, e vacinas, indicadas para uso pré e pós-exposição.
Embora a vacina não seja registrada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há dados suficientes relacionados à segurança e imunogenicidade para subsidiar a aprovação para uso emergencial, não sendo recomendada a vacinação em massa. Em nível individual, a vacinação não deve substituir as demais medidas de proteção conhecidas. Continua na próxima edição de terça-feira.
* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.
Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.