Correio de Carajás

Marabaense de 114 anos é uma das mais velhas do País

Benjamin Franklin afirmou certa vez: “Aquele que tiver paciência terá o que deseja”. E o maior desejo de dona Maria Filomena foi cumprido. Viver a vida plenamente, sem desesperar-se. Neste sábado, dia 1º de julho, ela completa exatos 114 anos de vida. Quem duvidar, recorra ao Tabelionato Elvina Santis, aqui em Marabá, e peça para ter acesso ao livro que registrou seu casamento às 17 horas do dia 9 de outubro de 1937.

Nesta data, Filomena estava com 33 anos, como confirma o cartório e teve como padrinho de casamento nada menos que o renomado prefeito Antônio Vilhena de Souza e o matrimônio foi presidido pelo juiz suplente Manoel Domingues. Assim, uma conta matemática simples nos leva ao ano de 1904, data de seu nascimento.

Nesta sexta-feira, 30, às 7h30 horas, ela recebeu a reportagem do Portal Correio de Carajás no sítio Recanto Feliz, onde reside com uma neta e alguns tataranetos. O lugar, bastante aprazível, fica localizado às proximidades da vila Sarandi, a 6 km de Morada Nova e parece um oásis próximo à selva de concreto que se tornou Marabá.

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Embora fale com dificuldades, ela explicou à reportagem durante um delicioso café da manhã, que é filha de Ana da Silva e Osório Aires Medeiros. Com menos de um ano de idade veio com a mãe para Marabá, porque o pai não queria assumir a filha. Aqui, Ana da Silva trabalhou como cozinheiro para peões que atuavam nos seringais. Seu pai era tio do saudoso médico Demóstenes Ayres de Azevedo, que também era de Carolina e que veio exercer a medicina em Marabá.

Com pele bastante enrugada e estatura diminuída por mais de um século de existência, Filomena disse que estudou até a terceira série primária, tendo sido aluna da celebrada professora Judith Gomes Leitão, que dá nome a uma das escolas mais tradicionais da cidadeO primeiro prefeito de que tem lembrança é João Anastácio de Queiroz, que administrou Marabá por mais de 20 anos.

Seu casamento em 1937 foi com Ismael da Costa, que trabalhava como carpinteiro. Ele faleceu ainda na primeira metade do século passado e Filomena, então, casou-se novamente, agora com José Rodrigues Neto. A árvore genealógica do casal não é tão difícil de elaborar: são duas filhas (Tereza e Justinete), cinco netos e 13 tataranetos. No café da manhã desta sexta-feira, ela estava acompanhada da neta Josefina, além dos tataranetos Beatriz, Bárbara e Alexandre.

O casal morou por vários anos na Rua Barão do Rio Branco, Marabá Pioneira, onde ela também deu aulas até o terceiro ano do colegial. Diz que gosta de comer de tudo, mas a neta Josefina revela que o que mais aprecia é camarão.

Quem pensa que o peso dos 114 anos de idade lhe aprisiona em casa, está enganado. Maria Filomena (ela corrige se não falar Maria) gosta de comer fora de casa e o restaurante favorito é o Quero Mais. E diz isso com muito orgulho e os netos e tataranetos afirmam que o desejo da centenária é cumprido com certa periodicidade.

Ao ser indagada sobre o segredo de ter rompido a barreira de um século e viver com boa qualidade de vida, ela respondeu com parcimônia: Sou paciente, não me aborreço com nada. A idade, meu filho, modifica a pessoa”.

Mas, além da paciência, é preciso dar crédito também ao estilo de vida que ela adotou por muitas décadas. Em 1968, Maria Filomena abandonou a cidade junto com o marido e foi morar na chácara onde reside até hoje. Era no meio da floresta densa, depois de Morada Nova, uma comunidade que ninguém imaginava ainda que existiria. A PA-150 estava apenas no papel.

O casal viveu ali quase meio século de vida juntos. O marido faleceu há cerca de um mês, mas ela continua firme, sorridente, gosta de cantar e recitar poesias. É cardíaca, tem angina no peito, mas vive como se ignorasse o peso da idade. Ficou cega, mas anda sozinha dentro de casa, sem ajuda de ninguém.

Quando sai, os netos ou tataranetos lhe ajudam e usam até mesmo uma cadeira de rodas para o transporte mais rápido. Não reclama de nada e o convívio com os frutos de sua árvore genealógica não parece ter conflito de gerações.

Que o diga o tataraneto Alexandre, que gosta de passear na casa de Maria Filomena aos finais de semana e nas férias. “Daqui, gosto muito de tomar banho nesse riacho, mas também das árvores, que são muito bonitas”, revelou, durante uma caminhada avexada.

E por falar em árvore, ela e o marido deixaram um legado incomparável no sítio. Entre elas, uma castanheira com mais de 40 anos está plantada perto da casa. Vigorosa e com frutos, a árvore deve prestar homenagem à Filó, que viu tudo ali nascer, crescer e frutificar.

Que a paciência seja a principal lição da senhora do tempo às gerações futuras. (Ulisses Pompeu)

 

Benjamin Franklin afirmou certa vez: “Aquele que tiver paciência terá o que deseja”. E o maior desejo de dona Maria Filomena foi cumprido. Viver a vida plenamente, sem desesperar-se. Neste sábado, dia 1º de julho, ela completa exatos 114 anos de vida. Quem duvidar, recorra ao Tabelionato Elvina Santis, aqui em Marabá, e peça para ter acesso ao livro que registrou seu casamento às 17 horas do dia 9 de outubro de 1937.

Nesta data, Filomena estava com 33 anos, como confirma o cartório e teve como padrinho de casamento nada menos que o renomado prefeito Antônio Vilhena de Souza e o matrimônio foi presidido pelo juiz suplente Manoel Domingues. Assim, uma conta matemática simples nos leva ao ano de 1904, data de seu nascimento.

Nesta sexta-feira, 30, às 7h30 horas, ela recebeu a reportagem do Portal Correio de Carajás no sítio Recanto Feliz, onde reside com uma neta e alguns tataranetos. O lugar, bastante aprazível, fica localizado às proximidades da vila Sarandi, a 6 km de Morada Nova e parece um oásis próximo à selva de concreto que se tornou Marabá.

Embora fale com dificuldades, ela explicou à reportagem durante um delicioso café da manhã, que é filha de Ana da Silva e Osório Aires Medeiros. Com menos de um ano de idade veio com a mãe para Marabá, porque o pai não queria assumir a filha. Aqui, Ana da Silva trabalhou como cozinheiro para peões que atuavam nos seringais. Seu pai era tio do saudoso médico Demóstenes Ayres de Azevedo, que também era de Carolina e que veio exercer a medicina em Marabá.

Com pele bastante enrugada e estatura diminuída por mais de um século de existência, Filomena disse que estudou até a terceira série primária, tendo sido aluna da celebrada professora Judith Gomes Leitão, que dá nome a uma das escolas mais tradicionais da cidadeO primeiro prefeito de que tem lembrança é João Anastácio de Queiroz, que administrou Marabá por mais de 20 anos.

Seu casamento em 1937 foi com Ismael da Costa, que trabalhava como carpinteiro. Ele faleceu ainda na primeira metade do século passado e Filomena, então, casou-se novamente, agora com José Rodrigues Neto. A árvore genealógica do casal não é tão difícil de elaborar: são duas filhas (Tereza e Justinete), cinco netos e 13 tataranetos. No café da manhã desta sexta-feira, ela estava acompanhada da neta Josefina, além dos tataranetos Beatriz, Bárbara e Alexandre.

O casal morou por vários anos na Rua Barão do Rio Branco, Marabá Pioneira, onde ela também deu aulas até o terceiro ano do colegial. Diz que gosta de comer de tudo, mas a neta Josefina revela que o que mais aprecia é camarão.

Quem pensa que o peso dos 114 anos de idade lhe aprisiona em casa, está enganado. Maria Filomena (ela corrige se não falar Maria) gosta de comer fora de casa e o restaurante favorito é o Quero Mais. E diz isso com muito orgulho e os netos e tataranetos afirmam que o desejo da centenária é cumprido com certa periodicidade.

Ao ser indagada sobre o segredo de ter rompido a barreira de um século e viver com boa qualidade de vida, ela respondeu com parcimônia: Sou paciente, não me aborreço com nada. A idade, meu filho, modifica a pessoa”.

Mas, além da paciência, é preciso dar crédito também ao estilo de vida que ela adotou por muitas décadas. Em 1968, Maria Filomena abandonou a cidade junto com o marido e foi morar na chácara onde reside até hoje. Era no meio da floresta densa, depois de Morada Nova, uma comunidade que ninguém imaginava ainda que existiria. A PA-150 estava apenas no papel.

O casal viveu ali quase meio século de vida juntos. O marido faleceu há cerca de um mês, mas ela continua firme, sorridente, gosta de cantar e recitar poesias. É cardíaca, tem angina no peito, mas vive como se ignorasse o peso da idade. Ficou cega, mas anda sozinha dentro de casa, sem ajuda de ninguém.

Quando sai, os netos ou tataranetos lhe ajudam e usam até mesmo uma cadeira de rodas para o transporte mais rápido. Não reclama de nada e o convívio com os frutos de sua árvore genealógica não parece ter conflito de gerações.

Que o diga o tataraneto Alexandre, que gosta de passear na casa de Maria Filomena aos finais de semana e nas férias. “Daqui, gosto muito de tomar banho nesse riacho, mas também das árvores, que são muito bonitas”, revelou, durante uma caminhada avexada.

E por falar em árvore, ela e o marido deixaram um legado incomparável no sítio. Entre elas, uma castanheira com mais de 40 anos está plantada perto da casa. Vigorosa e com frutos, a árvore deve prestar homenagem à Filó, que viu tudo ali nascer, crescer e frutificar.

Que a paciência seja a principal lição da senhora do tempo às gerações futuras. (Ulisses Pompeu)