Correio de Carajás

Marabá tem risco potencial de desastre climático, aponta Governo Federal

Marabá possui um extenso histórico de inundações e enxurradas

O desastre climático que assola o estado do Rio Grande do Sul (RS) já atingiu 85% das cidades gaúchas. A enchente provocada por um elevado índice de chuvas na região já figura na lista de maiores tragédias do país.

O olhar do marabaense diante da catástrofe é, de certa forma, de identificação, embora as inundações que ocorrem de maneira recorrente no município, apesar de sérias e trágicas, ainda não tenham chegado às proporções do que está acontecendo no Sul. A exceção, talvez, é a enchente de 1979-1980, quando o Rio Tocantins atingiu 17,42 metros acima de seu leito normal e afetou diretamente uma grande parte da cidade.

Diante de tal histórico, Marabá está incluída em uma lista feita em 2023 como parte dos estudos para o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O documento relaciona que 1.942 cidades brasileiras estariam suscetíveis a desastres ocasionados por chuvas e, por isso, deveriam ser “priorizadas nas ações da União em gestão de riscos e desastres naturais”.

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O estudo foi elaborado pela Casa Civil, através do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Além de Marabá, outros 13 municípios da região de Carajás são relacionados no documento, abrangendo Parauapebas e Canaã dos Carajás. No total, 82 municípios paraenses, incluindo a capital, integram a lista considerada prioritária pela Casa Civil. O mapeamento considera as áreas de risco e pluviômetros para monitoramento das chuvas.

CRITÉRIOS

A nota técnica divulgada pela Casa Civil aplica quatro tipos de critérios, a partir de dados históricos, para classificar os municípios críticos que devem ser priorizados.

A seleção para enxurradas considera municípios que apresentam 1 mil ou mais pessoas desalojadas/desabrigadas, que tenham recorrência de nove ou mais enxurradas ou ainda que tenha registro de oito ou mais óbitos.

Para inundações os números são parecidos. O primeiro critério é mantido e, além dele, a recorrência de sete ou mais enxurradas ou ainda que tenha registro de quatro ou mais óbitos.

As seleções para deslizamentos incluem a incidência de dois ou mais eventos desse tipo e/ou registro de dois ou mais óbitos.

Há ainda o quesito “acréscimo de municípios com critérios especiais”, que lista: capitais ou cidades com problemas reconhecidos, localização estratégica na bacia, ocorrências de ventos recentes graves e gravidade do problema.

Nesse sentido, Marabá está enquadrada em três classificações: inundações, deslizamento e enxurrada.

Em cada período anual de inverno amazônico, os marabaenses que moram em áreas de risco se preparam para o momento que a água da enchente vai invadir suas casas. Em 2024, por exemplo, essa parcela da população pode respirar aliviada pois não houve registro de cheia na cidade.

Entretanto, diante da crise climática global, governo e população precisam estar atentos e preparados para situações extremas no município, seja para enchente ou estiagem.

SAIBA MAIS

O estudo de 2023 atualizou uma lista de 2012 das cidades sob risco e foi elaborado com auxílio de outros ministérios, como Integração e Desenvolvimento Regional, Cidades, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia.

Naquele momento, 821 municípios foram relacionados. Para entrar na lista, a cidade teve de registrar óbito, ter mais de 900 desalojados e ter mais de 10 registros de desastres entre os anos de 1991 e 2022. Outro critério era a alta vulnerabilidade a inundações, segundo o “Atlas de Vulnerabilidade a Inundações da ANA” (2014).

Desde 2011, quando foi criado, o Cemaden realiza o monitoramento de municípios considerados de risco. Os alertas de desastres elaborados pelo centro de monitoramento são enviados imediatamente após suas emissões para as defesas civis dos municípios alertados, concomitantemente com o envio para o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD) do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), que também os retransmite para os órgãos estaduais e municipais de Defesa Civil.

(Luciana Araújo)