Correio de Carajás

Marabá: Quadrilha pode ter desviado mais de R$ 6 milhões da Vale

A Polícia Civil prendeu na manhã de hoje, sexta-feira, 26, em Parauapebas, no sudeste do Pará, uma quadrilha acusada de ter desviado entre R$ 6 e R$ 7 milhões em minério de cobre e ouro da mineradora Vale. Ao todo, foram presas seis pessoas, entre elas um funcionário da Vale e outro de uma prestadora de serviço a mineradora.

Outras três pessoas acusadas de integrar o bando estão foragidas. Na operação, uma carreta carregada de minério também foi apreendida.

Os presos são Douglas dos Santos Borges, Mancione de Sousa Santos, José Ribamar Gomes Rocha, Michelangelo José de Albuquerque, André Luís Toneta Catuxo e Raimundo Filho Cunha. Estão foragidos Wanderson da Silva, de 30 anos, apontado pela polícia como o líder da quadrilha; José Ricardo Marques Matias; e Elenildo Rocha Silva, de 33 anos.

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O delegado Gabriel Henrique, que conduziu as investigações, já solicitou à justiça a prisão preventiva de todos os acusados. No pedido, o delegado argumenta que os integrantes da quadrilha, em liberdade, são um risco, inclusive podendo ameaçar testemunhas.

Gabriel Henrique informa que as investigações sobre o desvio de minério da Vale, no Projeto Salobo, que fica em Marabá, mas está geograficamente mais próximo de Parauapebas, começaram há 20 dias. Ele detalha que, com a colaboração da mineradora e de uma empresa terceirizada de segurança, conseguiram coletar provas, inclusive imagens feitas com uso de drone, mostrando a atuação da quadrilha.

Com base nas provas coletadas, na manhã de hoje, sexta-feira (26), foi realizada a operação para prender os integrantes do bando. No entanto, três deles, ao saberem da prisão dos outros, conseguiram fugir.  De acordo com o delegado, o minério roubado era levado de caminhão para São Paulo. O esquema criminoso vinha sendo realizado desde janeiro deste ano.

OPERAÇÃO

Cada integrante da quadrilha tinha uma função na operação de furto de minério. Gabriel Henrique detalha que o motorista contratado da empresa terceirizada da Vale responsável pelo transporte do minério da mina até onde é carregado no trem, fazia um desvio no meio do caminho de cerca de 50 metros até uma propriedade rural, onde despejava o minério com o veículo em movimento.

Depois ele voltava para o trajeto, seguia para onde é feita a descarga e lá, o funcionário da balança, que fazia parte do esquema e também foi preso, o deixava passar. O motorista então retornava para pegar nova carga de minério.

O dono da propriedade onde minério era jogado foi preso e recebia uma porcentagem por cada carga. O minério jogado era juntado por outro motorista com uma empilhadeira e depois colocado em uma carreta, na qual era levado para São Paulo. Tanto o motorista da empilhadeira como o do caminhão estão presos.

Todo esquema, informa o delegado, era gerenciado por Wanderson Silva. Era ele que fazia o pagamento de cada um dos integrantes da quadrilha. Como ele conseguiu fugir, Gabriel Henrique ressalta que espera que a Justiça decrete a prisão. “Ele solto, como é a pessoa que tem dinheiro, pode intimidar testemunhas”, observa.

AUTUAÇÕES

Todos os presos foram atuados por formação de quadrilha, furto qualificado e crime de continuação, porque teriam feito mais de 20 desvios de minério da Vale. “Para se ter uma ideia, só o motorista da empresa terceirizada recebia R$ 8 mil por cada carga desviada”, acrescenta o delegado, frisando que esquema rendeu somas expressivas em dinheiro para os envolvidos.

As investigações sobre o caso continuam e Gabriel Henrique observa que agora um dos objetivos é saber quem fornecia a nota fiscal para o transporte do minério até São Paulo. “Vamos investigar se eram notas frias e se tem participação de mais pessoas nesse esquema”, adianta.

Todos os acusados foram ouvidos em depoimento ainda pela manhã e depois encaminhados para fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (ILM). De acordo com o delegado, apenas um dos acusados se reservou ao direito de ficar calado e só falar em juízo.

Os outros confessaram participação no esquema e detalharam qual função exerciam. “Agora vamos seguir com o trabalho de investigação e esperamos prender em breve os demais integrantes da quadrilha”, finaliza o delegado, destaca que minério apreendido será devolvido à Vale e a carreta vai ficar apreendida.  (Tina Santos – com informações de Ronaldo Modesto)