Correio de Carajás

Marabá na lista das 10 piores do Brasil em saneamento

Segundo a pesquisa do Instituto Trata Brasil, a maior cidade do sul e sudeste do Pará padece com falta de água tratada e esgoto para a população

No Km 7, a Grota Criminosa recebe água das casas e se transforma em esgoto a céu aberto, cruzando toda a Nova Marabá/ Fotos: Evangelista Rocha

Com uma população média de aproximadamente 266 mil habitantes, Marabá integra a lista das dez cidades com pior saneamento básico do Brasil. A pesquisa, realizada pelo Instituto Trata Brasil, traz indicadores sobre a água, coleta, tratamento, esgoto e investimentos na área no ano de 2021.

Entre as cem cidades analisadas, Marabá está em 9º lugar, ou seja, só perde para a cidade de Macapá que é a última colocada.

Os dados informados na pesquisa mostram que um total de dez municípios que possuem 100% de coleta de esgoto no Brasil, e outros 28 que possuem índice de coleta superior ou igual a 90%.  Porém, o menor percentual de população atendida com serviço de coleta de esgoto na amostra foi de 0,73% no município de Marabá.

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Segundo a presidente executiva do Trata Brasil, Luana Pretto, o ranking mostra a necessidade de os municípios alcançarem o acesso pleno à água potável e atendimento de coleta de esgoto. “O esgoto é o principal gargalo a ser superado”.

Além de estar na última posição do serviço de coleta de esgoto, Marabá também integra a lista dos piores indicadores de tratamento de esgoto. Segundo o Trata Brasil, apenas 2,26% do volume total de esgoto é tratado.

Em relação a atendimento total de água, ou seja, dados sobre a população com acesso a água potável, Marabá também integra os piores indicadores do país. Apenas 32,89% da população possui água potável.

Atualmente, o nível da média brasileira é de 84,20%.

Na Velha Marabá, o Rio Tocantins “bebe” do esgoto que vem das residências do bairro

A pesquisa revela que para que o país atinja o nível de universalização, ou seja, que todos os habitantes tenham saneamento básico adequado é preciso que haja um investimento de R$ 203,51 por habitante. No entanto, o investimento médio per capita de Marabá está na média de R$ 18,84.

A situação dos municípios com indicadores negativos se torna ainda mais preocupante já que os habitantes dessas localidades continuam em uma realidade precária em relação aos serviços básicos, sendo impactados negativamente pela falta do acesso à água potável e, principalmente, por não terem atendimento digno de coleta e tratamento de esgoto.

De acordo com o ranking, nenhum município dentre os 20 piores possui mais de 90% de esgotamento sanitário e a média de tratamento de esgoto foi de 18,21%, menos da metade da média nacional de 51,17%.

O Brasil tem como propósito fornecer água para 99% da população e coleta e tratamento de esgoto para 90%, até o ano de 2033. O resultado acende um alerta pra que as capitais e os municípios que integram as últimas posições para que possam atuar pela melhoria dos serviços.

A Prefeitura de Marabá afirma que cabe ao município a promoção de obras de drenagem e limpeza das águas pluviais, e que nos últimos anos tem realizado o maior programa de drenagem de águas pluviais do estado. Contudo enfrenta um problema crônico, que são as habitações em áreas de alagamento abaixo da cota 82, onde as moradias são proibidas por lei.

Já a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), disse que contratou uma operação de crédito para a viabilização do projeto de Desenvolvimento do Saneamento no Pará, e que os investimentos serão feitos para melhorar a qualidade de vida da população em todos os municípios do Estado do Pará.