Correio de Carajás

Marabá: após três cirurgias na cabeça, beneficiária perde aposentadoria por invalidez

“Um caso desse precisa ser olhado com delicadeza”, diz advogada previdenciária

Aos 42 anos, Anilda Alves já passou por três cirurgias na cabeça e outras no ouvido por conta de um tumor que foi descoberto no final de 2010. A trabalhadora rural conseguiu, em 2012, ser aposentada por invalidez por não ter condições para trabalhar. Contudo, em 2018 após outras cirurgias e análises dos peritos médicos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a aposentadoria de Anilda foi cessada e em 2019 foi indeferido o pedido para reaver o benefício.

“Minha cabeça foi aberta três vezes, fora meu ouvido. Não consigo sair de casa sozinha, sempre tenho que andar com alguém. Tenho pavor de passar mal no meio das pessoas. Não é fácil. Se eu pudesse, nem estaria aqui. Estaria trabalhando como sempre fiz. Faço um apelo para a Justiça reaver, dar uma olhada no meu processo e me dar um pouco de atenção. Isso não vai me enriquecer, mas vai ajudar a manter meu aluguel”, clama Anilda.

Sem poder trabalhar, ela conta que passou nove meses seguidos dependendo de ajuda do ‘pix solidário’, uma forma que encontrou para que não passasse necessidade.

Leia mais:

Ela conta que recebeu ajuda de amigos e de desconhecidos, que nunca a viram, só souberam da sua história.

“Até hoje tem gente que me ajuda. Mas, não tenho mais coragem de ficar pedindo. Hoje, graças ao meu bom Jesus já estou andando”.

Desde a primeira cirurgia, há mais de 10 anos, Anilda faz acompanhamento médico com neurocirurgião, otorrinolaringologista, entre outros. Além disso, precisa tomar medicações, pois ainda passa por crises convulsivas.

Nesse período, Anilda desencadeou crise de ansiedade, crise do pânico e depressão e precisa de ajuda constante.

Durante entrevista ao repórter Chagas Filho, advogada afirma que está pleiteando dignidade humana – Imagem TV Correio

Atualmente, mora com dois filhos e uma neta em uma casa alugada. “Minha vida é conturbada. Não precisaria estar aqui se o INSS estivesse me ajudando. Estou viva por um milagre do Senhor. Estou aqui fazendo um apelo para o INSS, que é quem comanda tudo. Sempre que vou lá com meus laudos, que constam que não tenho condições, o INSS recusa. Não tenho condições de manter uma casa, manter a minha família e manter minhas medicações”, diz com lágrimas nos olhos.

Larisse Costa, advogada previdenciária que acompanha Anilda, afirma que tem tentado reestabelecer a aposentadoria por invalidez da cliente junto a Justiça Federal. “Ela era aposentada. E, anualmente acontece a revisão ‘do pente fino’ dentro da autarquia, e em uma dessas ela perdeu o benefício. A nossa esperança é com os peritos médicos, que eles tenham um pouco mais de humanidade e dignidade na hora de analisar cada caso que eles pegam junto à Previdência. Não só como advogada, mas como ser humano, vejo que há muitas injustiças nesse caso”, diz Larisse.

Ela conta que para a autarquia (INSS) Anilda está ‘apta ao labor campesino’. “É um trabalho que exige esforço físico, pega sol na cabeça que foi aberta três vezes. A incapacidade dela, que foi analisada em 2012, é a mesma em 2023. Como que houve melhora se ela teve que fazer outras cirurgias? Nós estamos pleiteando o direito da dignidade humana”, finaliza a advogada.

A reportagem do CORREIO entrou em contato com a Justiça Federal e com o INSS, mas até a publicação desta matéria não recebeu retorno.

(Ana Mangas e Chagas Filho)

 

CONTRIBUIÇÃO

Caso alguém queira ajudar Anilda Alves Oliveira o pix dela é: na926081@gmail.com