Correio de Carajás

Manhã tímida de visitas aos cemitérios de Marabá

Foi a chuva? Foi o coronavírus? Não se sabe ao certo, mas a quantidade de visitantes aos cemitérios de Marabá na manhã desta segunda-feira, 2 de novembro, não foi a costumeira e nem a esperada por vendedores de flores, coroas e velas nas entradas dos campos santos. E nem mesmo para os administradores de cada um deles.

Lina Paiva, artesã, instalou uma tenda para vender jarros e coroas de flores na entrada do Cemitério Jardim da Saudade, o segundo maior e mais movimentado, no Núcleo Cidade Nova. Ela disse que conseguiu vender as coras que havia levado, mas reconhece que o movimento na manhã do Dia de Finados não era o esperado. “Acho que a chuva e o medo que as pessoas estão da covid-19 afastaram muita gente, mas espero que à tarde seja melhor”.

Faixas alertando a importância do uso de máscara foram colocadas, mas muitas pessoas ignoraram o alerta de saúde.

Gabriel Domingos, no mesmo cemitério, vende coroas entre R$ 25,00 a R$ 30,00. Ele disse que este é o quarto ano que atua neste segmento e destacou a movimentação abaixo do esperado, mesmo em tempo de pandemia. “A tendência é melhorar mais tarde, no final do dia. Espero que não sobre nada”, disse ele, reconhecendo que o preço das coroas aumentou por conta do reajuste no valor dos insumos.

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Vendedor de velas, Rafael Lima da Silva chamou atenção para o fato de que ano passado havia mais vendedores nos arredores do cemitério da Cidade Nova e, mesmo assim, conseguia vender muito mais que agora. “Hoje está mais devagar, menos pessoas vindo ao cemitério, mas espero vender umas doze caixas durante o dia para dar um lucro pra gente”, disse ele.

Antônio Maria Ferreira, coordenador do Cemitério da Folha 29, disse que desde o dia 10 de outubro iniciaram a limpeza com pintura e lavagem dos espaços daquele campo santo. “A gente aguardava muita gente, mas por conta da covid-19 foi reduzido. A visitação começou no domingo ainda e termina na tarde desta segunda-feira. “A chuva foi forte e não danificou nada por aqui. Creio que de ontem até o final desta segunda-feira cerca de 50 mil pessoas podem passar por aqui”.

Fábio César Carneiro é um dos vendedores mais antigos em porta de cemitério de Marabá, onde atua há cerca de 15 anos. Nesta segunda-feira, ele instalou uma barraca na entrada no Cemitério da Saudade, na Folha 29. Para Fábio, a manhã também foi mais fraca do que a previsão, mas mesmo assim disse que está vendendo relativamente bem. “O brasileiro deixa para última hora, mas a parte boa é que os concorrentes diminuíram por causa da alta dos preços dos insumos”.

A dona de casa Lúcia Cavalcante Dias, 47, disse que foi ao cemitério da Saudade visitar o túmulo da mãe e do pai, enterrados juntos há oito anos. Afirmou que, temendo o coronavírus, preparou a própria coroa em casa com ajuda dos filhos e de uma sobrinha. “A gente pode tocar num plástico que passou por várias mãos e pegar a doença. Além do mais, tá tudo muito caro, moço. Eu gastei a metade do que pagaria se fosse comprar na porta do cemitério”, garante, avisando que também comprou velas em um supermercado da cidade.

A Reportagem notou em passagem pelos dois maiores cemitérios de Marabá – Cidade Nova e Nova Marabá – que uma parte significativa dos visitantes não estava usando máscara, embora a Prefeitura tenha colocado faixas nas entradas alertando sobre a obrigatoriedade do item e com limite de 10 pessoas por família no cemitério.

Há cemitérios também na Marabá Pioneira, São Félix e Murumuru. (Ulisses Pompeu, Evangelista Rocha e Josseli Carvalho)