Açaizal bem manejado garante mais renda para o produtor e preserva a diversidade da floresta. O duplo benefício é obtido quando se aplica a técnica conhecida como Manejo de mínimo impacto de açaizais nativos, desenvolvida pela Embrapa a partir do saber local e aplicada por produtores das florestas de várzeas do estuário amazônico.
De acordo com o professor e pesquisador da Embrapa, José Antônio Leite de Queiroz, por meio da técnica, agricultores são capazes de passar de um patamar de produção de 20 a 30 sacas em média por hectare para até 100 sacas. O impacto positivo mais relevante dessa tecnologia talvez não seja este, mas a geração de emprego local. O manejo ocupa a força de trabalho familiar e, em alguns casos, a contratação de mão de obra disponível na própria comunidade, assim podendo atender a demanda de aumento da produtividade do açaizal.
“A tecnologia consiste em atingir uma combinação adequada de árvores, açaizeiros e outras palmeiras, de forma bem distribuídas em uma área”, afirma Leite. Segundo ele, onde o ribeirinho retirou as outras espécies e deixou somente o açaí, a produção é muito baixa. Uma das razões se deve ao fato de as raízes das palmeiras serem pouco profundas. “Os açaizeiros precisam que outras árvores com raízes mais profundas tragam os nutrientes das camadas que estão mais abaixo no solo. Por isso manter a biodiversidade é fundamental”, explica o pesquisador.
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O manejo de mínimo impacto foi desenvolvido com base em levantamentos realizados por pesquisadores em açaizais nativos manejados pelos produtores e em experimentos e módulos de manejo estabelecidos em diversos tipos de açaizais. É utilizado desde 2002 por produtores de açaí do estuário amazônico.
O manejo de açaizais nativos busca aumentar a população de açaizeiros que ocorrem naturalmente na floresta de várzea garantido mais alimento e renda às famílias ribeirinhas. Com essa técnica que não exige investimento em infraestrutura, a produtividade do açaizeiro pode dobrar de 4,2 t/ha para 8,4 t/ha de frutos.
Ela se baseia na eliminação das plantas de espécies arbustivas e arbóreas de baixo valor comercial, cujos espaços livres são ocupados por plantas de açaizeiros oriundas de sementes que germinam espontaneamente, de mudas preparadas ou transplantadas das proximidades e por outras espécies de valor econômico, como fruteiras e florestais. O segredo está na relação e no equilíbrio entre as plantas de açaí e outras espécies na mesma área. (Karine Sued)