Correio de Carajás

Mãe afirma que a demora no atendimento médico da filha pode ter contribuído para sua morte

Mãe enlutada, Larissa Vilar não se conforma com a morte prematura da filha. Nesta sexta-feira (5), completa um mês do falecimento da pequena Júlia, de apenas um mês e dezesseis dias de vida. A certidão de óbito consta insuficiência respiratória aguda grave e bronquiolite. Larissa afirma que a demora no atendimento adequado à filha no Hospital Geral de Parauapebas (HGP) contribuiu para o agravamento do quadro de saúde.

Larissa conta que deu entrada no HGP no dia 2 de março deste ano, por volta da meia noite, depois da filha apresentar sintomas gripais e dificuldade para respirar. Ela afirma ainda que só foi atendida às 3 horas da madrugada pelo médico plantonista, depois de entrar na sala dele e pedir para que ele consultasse sua filha.

Às 5 horas da madrugada, Larissa retornou à sala do médico e perguntou se o raio-x que ele havia solicitado tinha ficado pronto. “Ele me falou que o raio-x da Júlia não tinha dado nada, que o pulmão dela estava limpo. Eu peguei o raio -x que havia feito no particular e mostrei para ele, aí ele disse que o pulmão dela estava infiltrado”, recorda-se.

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De acordo com a mãe, mesmo após constatar o estado delicado de saúde da menina, o médico teria dito que apenas a pediatra poderia solicitar a internação da bebê. “Eu perguntei a que horas o especialista chegaria, e ele disse que não sabia, que poderia chegar na parte da manhã ou da tarde”, detalha.

Por volta das 8 horas, houve a troca de plantão e outro médico ficou responsável pelo atendimento. O profissional comunicou a Larissa que a filha precisava ser internada naquele momento e internou a menina.

A mãe pontua que Júlia estava no oxigênio, mas ainda não havia recebido medicação. Ao questionar o médico a que horas a filha receberia remédio, o médico teria dito que a medicação seria aplicada no horário que a farmácia liberasse, que seria em torno das 20 horas.

“Entrei em desespero, e perguntei como a minha filha iria aguentar esperar tanto tempo se ainda eram 16 horas. A minha filha chorando, todo mundo vendo e ninguém fazia nada”, emociona-se, Larissa.

A mãe relata que conforme as horas iam passando, a pequena Júlia ficava mais cansada e com dificuldades para respirar. “Ela tentava dormir e não conseguia por estar muito congestionada”, justifica.

Às 18 horas, teve outra troca de plantonistas, e dessa vez, uma médica disse a Larissa que a menina precisava ser encaminhada para a (UCI). O que foi feito a meia-noite do dia 3 de março, vinte e quatro horas depois de Larissa procurar ajuda médica para a filha no HGP.

Júlia ficou internada durante três dias no HGP, o estado de saúde da menina agravou-se a ponto de ela ter uma parada cardíaca e precisar ser entubada. A especialista orientou que Larissa tentasse uma vaga na UTI pelo plano de saúde, e que eles tentariam por lá também.

Por meio de ação protocolada no Ministério Público, ela conseguiu uma vaga na UTI de Marabá. Mas, no momento da transferência o pior aconteceu, Júlia teve outra parada cardíaca e não sobreviveu.

“Entrei em desespero na hora e perdi o sentido, fui sedada e não lembro de mais nada, só acordei quando era o velório da minha filha. Eu quero justiça. Sei que ela eu não vou ter mais, mas eu quero justiça”, pede Larissa.

Sintomas
Larissa conta que tudo começou no dia 1° de março, quando a sua filha começou a apresentar sintomas gripais. No mesmo dia ela levou a pequena Júlia em uma unidade de saúde privada, em Parauapebas, para realizar exames, que foram custeados pelo plano de saúde.

De acordo com Larissa, a médica informou que não havia nada de grave nos exames, no entanto, no dia seguinte, devido os sintomas continuarem, ela procurou outra unidade de saúde, também particular, e refez os exames da filha. E, este, constatou bronquiolite. Porém, como tinha um mês que a Júlia havia entrado no plano, foi negado que a menina fosse internada em um hospital particular.

Ela procurou outro hospital privado, no qual ela tinha aderido ao plano na própria unidade de saúde, mas ainda constava como inativo e a internação também foi negada.

Ela e o marido já protocolaram uma queixa no Ministério Público, e contrataram uma advogada, que está reunindo a documentação para entrar com uma ação contra as unidades de saúde tanto a pública quanto a privada pela negligência médica à filha. “Eu estaria mais conformada se ela tivesse tido um tratamento adequado. É uma dor sem fim saber que algo poderia ter sido feito e não foi”.

Júlia é a segunda filha do casal. Ela é mãe de um menino de um ano de idade.

Voto de Silêncio
O Correio de Carajás solicitou uma nota de esclarecimento a Assessoria de Comunicação da Prefeitura, mas nenhuma resposta foi dada até o momento.
(Theíza Cristhine)