Correio de Carajás

Justiça determina mínimo de 60% dos ônibus rodando

Em decisão liminar proferida ainda no dia 27 de junho, mas apenas ontem divulgada, o magistrado Georgenor de Sousa Franco Filho, do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, determinou que o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários (Sintrarsul) garanta no mínimo 60% da frota de coletivos de Marabá rodando durante a atual greve deflagrada. O movimento teve início na madrugada do dia 25 e os usuários têm ficado prejudicados. Por outro lado, a categoria diz que não tem mais como aguardar pelo pagamento dos salários atrasados. Não foi discutida na Justiça, qualquer possibilidade de abusividade da greve.

De outro lado, o juiz é claro ao determinar que o sindicado não impeça o cumprimento da decisão, sob pena de multa de 10 mil reais ao dia. Deixou, ainda, em aberto, a possibilidade de requisição de força policial para cumprir a ordem.

A cópia da decisão chegou à Redação do CORREIO na noite de ontem pelas mãos do advogado das empresas, Robert Alisson Rodrigues Silva. Questionado se o sindicato dos empregados já havia sido notificado, ele disse achar que não e que seria difícil isso acontecer hoje, pois o TRT não funciona em regime de plantão como a Justiça comum. De outro lado, ele disse entender que a decisão já tem validade hoje, diante da publicação da notícia pelo Jornal, por ser órgão de comunicação de grande circulação e que deixa público e notório o que determina o Judiciário.

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Para conseguir a decisão, as empresas argumentaram que estão em recuperação judicial e que estariam cumprindo os tramites dessa intervenção. Ainda, que estão trabalhando para arcar com os salários atrasados, mas que a paralisação, além de atingir diretamente o usuário, derruba ainda mais a condição financeira de arcar com o pagamento dos colaboradores.

João Martins: “Mesmo com a paralisação, não deixamos de pagar os trabalhadores”

GREVE

A greve entra hoje no seu quinto dia. A paralisação afeta toda a cidade, pois apenas 30% da frota vem circulando desde o dia 25, o que significam apenas 13 veículos. Os motoristas e os cobradores grevistas reivindicam o pagamento do salário de maio, do adiantamento de junho e a remuneração do auxílio-alimentação atrasado há três meses. Diariamente os trabalhadores têm ido para a empresa, mas permanecem de braços cruzados.

A Equipe de Reportagem do CORREIO entrou em contato por telefone na tarde desta sexta-feira, dia 28, com Geraldo Dean Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Sul e Sudeste do Pará (Sintrarsul) para questioná-lo se existia alguma nova negociação a ser feita com as empresas de ônibus.

Segundo ele, até o momento da ligação não existia nenhuma novidade. “Estamos aguardando alguma proposta para ver se podemos avançar em algo”, afirmou. Questionado da existência de uma reunião para decidir o destino dos rodoviários, Geraldo explicou que alguns vereados estiveram com o prefeito Tião Miranda a fim de tentar resolver a situação. “Eles tentaram entrar em contato com um interventor em Goiânia para que ele viesse na segunda ou na terça para ver se avança alguma coisa, mas ainda não tem nada confirmado”, justificou.

Na manhã de ontem, procuramos Desidério João Martins, diretor das empresas Nasson Tur Turismo e Transporte Coletivo Anapolina (TCA), que prestam o serviço na cidade. Ao CORREIO, ele afirmou entender a greve dos funcionários e justificou que os problemas financeiros das empresas são o motivo dos atrasos. Além disso, o gestor apontou que os transportes por aplicativos e táxis-lotação são outros inimigos do transporte público de Marabá

“Essa concorrência desleal tem tirado os passageiros das empresas. E às vezes dá uma defasagem no faturamento das empresas e na arrecadação de passageiros. Apesar do reajuste das tarifas, ainda não equilibramos as contas das empresas. O trabalhador tem razão dos atrasos, porém estamos pagando diariamente todo mundo. Não deixamos de pagar. Os atrasos são atrasos, não são tão prolongados, mas estamos pagando dia a dia”, explicou.

João conta que as empresas, junto aos interventores de Goiânia, fizeram uma proposta ao sindicato de que em 60 dias seria feito um aporte de capital para quitar os atrasos dos salários. Na oportunidade, o sindicato não aceitou a sugestão “Mesmo com a paralisação, não deixamos de pagar os trabalhadores”, afirmou. (Karine Sued)