“Nesse momento tenho que parar de escrever, porque meu filho de 4 anos veio gritando que o irmão mais velho, de 12 anos, estava esfregando a camiseta em suas costas, e, se não bastasse, o do meio, de 10 anos, entrou na discussão. Tenho que encerrar a última tarefa de mãe do dia: impor a paz, rezar e colocá-los para dormir. Afinal, ser mãe de meninos não é só maravilhas. Quem, efetivamente, é mãe, vai me entender.”
O trecho acima faz parte da união do amor materno e da paixão pela literatura, que fez com que Adriana Divina da Costa Tristão, juíza titular da 1ª Vara do Juizado Especial de Marabá, realizasse um grande sonho: escrever um livro. Intitulado “Os três meninos da minha alma”, o lançamento está marcado para o dia 19 de março, às 10 horas, no Salão Nobre do Fórum de Marabá e será vendido no valor promocional de R$ 20,00. A obra é uma homenagem aos três filhos: Felipe, Alexandre e Bruno e, traz registros de histórias vividas pela família com elementos educativos e religiosos.
“É um livro de memórias, onde eu narro situações vivenciadas por nós, as gestações e o nascimento de cada um deles, as formas de criação, as músicas que eu cantava, a relação com as babás – que carinhosamente chamo de “mães do coração” – do papel do pai e das orações que eu rezava para cada um”, conta a magistrada e, agora, escritora, que aproveitou o período da pandemia para concretizar o sonho do livro.
Leia mais:Adriana, que é casada há 16 anos, explica que, mesmo seus filhos sendo todos meninos, criados por ela e pelo marido da mesma forma, as crianças são totalmente diferentes e, cada um, possui sua peculiaridade e tratá-los de forma diferente foi extremamente necessário. “Outros pais e mães que porventura passem por momentos semelhantes aos que conto, poderão tirar alguma lição útil ao ler o livro. Meus filhos merecem tratamento desigual, e isso não é discriminação e nem privilégio, é compreender o fundamento da equiparação e do amor ao próximo”.
Atuando como juíza há 14 anos, Adriana já foi responsável pela Vara da Infância e Juventude e afirma que, nesse período, teve de ler muitos livros para entender um pouco mais sobre o estado psicológico das crianças. Essa experiência acabou servindo de inspiração para escrever algo que misturasse um pouco das suas duas funções, mãe e juíza. “Elas estão totalmente vinculadas uma a outra e tornaram-me uma mulher muito melhor, pois eu consegui entender os conflitos existentes em ambas as situações. Vejo os jurisdicionados com outros olhos e passo a entender que aquele conflito posto, pode ter origem na criação que tiveram. Isso molda a minha postura na audiência, a tratar cada um segundo a sua desigualdade para melhor aplicar os princípios basilares do direito e da justiça”, destaca a magistrada.
Diante do atual momento que o mundo vive por conta da pandemia do novo coronavírus, o pré-lançamento do livro aconteceu em janeiro, na sua cidade natal, Mossâmedes (GO), com a presença apenas dos familiares da autora. “Meus pais são do grupo de risco e eu não poderia deixar de compartilhar com eles esse primeiro momento, essa realização de um sonho”.
Adriana Tristão é graduada em Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e pós-graduada em Direito Civil e Processual Civil pela Fundação do Ensino Superior de Rio Verde (Fesurv). Juíza de direito desde 2007, ela passou por aproximadamente 10 cidades antes de “titularizar” em Santana do Araguaia (PA), onde atuou por dois anos.
Em seguida, foi transferida para Redenção e, há cinco anos, está como juíza da 1ª Vara do Juizado Especial de Marabá e como coordenadora do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc). “Escolhi Marabá em razão da infraestrutura da cidade e, principalmente, por ter aeroporto com voos diários”, finaliza a magistrada.
“Os três meninos da minha alma” possui 76 páginas, foi publicada pela editora Kelps, de Goiânia (GO) e pode ser adquirido na versão e-book, que está disponível nas principais livrarias virtuais, no valor aproximado de R$13,90. (Ana Mangas)