Os jovens do projeto Rios de Encontro, de Marabá, já estão na Áustria, participando da Caravana Amazônia Bem Viver. Antes de saírem do Cabelo Seco, no início desta semana, eles encerraram uma série de ações estratégica com as convidadas internacionais Gabriela Saab, advogada em direito internacional, e Evelin Lindner, psicóloga em dignidade, da Rede Mundial de Estudos em Humanidade, com 7.000 lideranças institucionais.
Após sua participação na Câmara Municipal de Marabá, Evelin Lindner acompanhou ensaios do espetáculo Rio Voador, que as dançarinas e percussionistas de AfroRaiz levaram para sua turnê europeia de dois meses. “Inacreditável como avançaram essas jovens que encontrei em 2012. Cada uma tem sua própria autoridade, dignidade e sonho próprio. Rios de Encontro forma a nova humanidade através de todas as artes, capazes de defender a Amazônia. O projeto inspira toda nossa rede”, disse a psicóloga.
A paulistana Gabriela Saab, moradora de Bruxelas durante 10 anos, e Evelin, participaram na roda de Amazônia Bem Viver na Casa dos Rios, junto com a estudante de Direito Claudelice Ribeiro, irmã do extrativista Zé Cláudio, assassinado em maio de 2011; Claudia Chini, da OAB-Marabá, e AfroRaiz. “É minha primeira visita aqui, mas coincide com a devastação do bioma principal do planeta. Fiquei tocada pela vida dos jovens do AfroRaiz. Só quando São Paulo virou noite, às 15h da tarde, começamos respirar as cinzas do futuro que esses jovens vêm alertando o mundo nesses últimos dez anos. Que inspiração, transformando necessidades violentas na sua comunidade em projetos visionários”, “, disse Gabi.
Leia mais:Na Escola Irmã Theodora, as convidadas encontraram o projeto Conexão Afro, cujo grupo de dança foi formado pelo AfroRaiz. “Percebe-se como o resgate da identidade e de saberes afroindígenas transformam séculos de humilhação em coragem para criar uma comunidade escolar de bem viver”.
Enquanto a escola assistiu à estreia do Rio Voador, Evelin e Gabriela trocaram conhecimentos com a turma de Direito da Terra da Unifesspa. Claudelice Santos, integrante da turma, avaliou que: “precisávamos de informação sobre a Nova Zelândia, cujo governo atribui direitos jurídicos aos rios, montanhas e florestas para os proteger, e sobre como denunciar o Estado do Brasil na ONU, por ‘ecocídio’, crime contra a humanidade, planejada com a extinção de instituições, pautas e orçamentos. Mas a honestidade de Gabi encantou, admitindo que com a conjuntura necessita largar sua neutralidade e se posicionar na USP”.
As visitantes passaram um dia na comunidade Tauri, em frente ao Pedral do Lourenção, para responder às angústias mundiais sobre o a industrialização e comercialização da Amazônia. No dia seguinte, foram ao assentamento Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna, para conhecer o projeto extrativista. “As visitas mudaram nossas vidas. Vamos amplificar a defesa de uma Amazônia digna e sustentável”, afirmou Gabriela.
Daqui, elas foram a Belém para visitar projetos do Museu Emilio Goeldi e da UFPA, dedicados à pesquisa sobre a preservação do bioma e sobre o colapso climático mundial, causado pelos incêndios atuais na Amazônia.