Mensalmente o Lainc (Laboratório de Inflação e Custo de Vida de Marabá) faz uma pesquisa com o objetivo de produzir e divulgar o Índice de Preço ao Consumidor (IPC) que é um indicador do custo de vida das famílias marabaenses. O Lainc é o laboratório da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Face/Ubifesspa) que trabalha em parceria com a Fundação Amazônica de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e tem como alvo medir o comportamento dos preços em vários setores da economia na cidade e quais os efeitos no orçamento das famílias que recebem de um a cinco salário mínimos.
Marabá é a única cidade do interior paraense que tem o índice de preço medido mês a mês. A pesquisa calcula o comportamento dos grupos de despesas das famílias marabaenses para obter a inflação ou deflação de produtos e serviços consumidos, de acordo com os grupos de cada segmento da economia.
Na edição anterior, o jornal Correio iniciou uma série de matérias para esclarecer quais as influências do IPC Marabá no dia a dia do consumidor local, relacionando esses valores com o custo de vida das pessoas que mais sentem esse impacto.
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Os grupos Vestuário e Transportes apresentaram, entre agosto e setembro deste ano, comportamentos opostos na pesquisa, segundo o levantamento do Lainc. Enquanto o grupo Vestuário sofreu deflação, o grupo Transportes teve inflação considerável. Os dois juntos tiveram 18% e 41% de participação no orçamento, respectivamente.
Nos meses de agosto e setembro, o grupo Vestuário sofreu deflação de -2,52 e -1,27 respectivamente. Isso significa que itens como blusa, lingerie e bolsa pesaram para que houvesse deflação em agosto. Já em setembro, os itens roupa masculina, roupa feminina e tênis influenciaram consideravelmente na deflação.
A dona de casa Elisangela Lima, de 38 anos, diz ter percebido que não houve grandes diferenças nos preços das roupas do início do ano até aqui. “Os preços estão praticamente os mesmos de dois anos pra cá”. Elisangela é mãe de duas filhas de 10 e 14 anos e compra roupa sempre que precisa. “roupas para as meninas, eu não vi tanta diferença do ano passado pra esse ano.”
Vilões
Enquanto o grupo Vestuário sofreu deflação, a pesquisa aponta resultado oposto para o grupo Transporte que foi o que mais contribuiu para a inflação no índice geral. No mês de agosto, o Lainc constatou 1,94 positivo para o grupo Transportes. Os vilões foram a gasolina, o diesel e o pneu. Em setembro a inflação desse grupo, de 4,30, foi consideravelmente maior; a mais alta entre os grupos nos dois meses. Os itens de maior peso para essa variação positiva foram novamente a gasolina e o diesel. Além desses, o preço da motocicleta também contribuiu para que houvesse a inflação.
Entre os consumidores, o combustível é um dos itens que mais afeta no orçamento da família marabaense. Alex Santos é motorista de um aplicativo de transporte há 10 meses e diz sentir no bolso a variação no preço da gasolina. “Se eu ganhar uma receita de dois mil reais, metade é pra gasolina”, disse, ressaltando que o combustível no Pará é mais caro que nos demais estados. “Mesmo que a inflação seja a mesma”.
Segundo o Lainc a variação positiva para o grupo Transporte em agosto se deve à elevação no preço do diesel e da gasolina na região. Além disso, a alta da inflação no mês de setembro foi precipitada pelo reajuste anunciado pela Petrobras para a gasolina. (Adriana Oliveira)