Agricultores de baixa renda da Vila Projeto de Assentamento (PA) 17 de Abril, zona rural de Eldorado dos Carajás, foram beneficiados com um intercâmbio de informações sobre Sistema de Produção Integrada de Alimentos (também chamado de ‘Sisteminha’), realizado na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Campus Parauapebas.
O momento de troca de conhecimento aconteceu no sábado, 16, e foi encabeçado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater-Pará), em conjunto com o escritório local do município e parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Pesca (SEMAPP).
Inicialmente desenvolvido como tese de doutorado de Luiz Carlos Guilherme, zootecnista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o projeto é uma solução tecnológica social, que gera segurança alimentar para pessoas do campo ou regiões periféricas. Ele funciona em pequenos espaços tanto em áreas urbanas, quanto rurais.
Leia mais:Quem conduziu o intercâmbio foi Leonardo Vaz Pereira, médico veterinário e professor de aquicultura (cultivo de organismos cujo ciclo de vida em condições naturais se dá total ou parcialmente em meio aquático) da UFRA, onde é coordenador do projeto de extensão “Multiplicadores do ‘Sisteminha’ Embrapa na Região de Carajás”.
“O objetivo é desenvolver o ‘Sisteminha’ da Embrapa em parcerias”, adianta Leonardo. Ele cita prefeituras, empresas privadas e a própria Emater como parceiras, dessa maneira é possível elaborar um programa de difusão coletiva dessa tecnologia.
“É preciso adaptar às condições edafoclimáticas locais, como é feito desde 2019 na Unidade Demonstrativa (UD) da UFRA. Nela é possível, além de capacitar, treinar discentes, envolver mais professores e agricultores para moldar e evoluir o desenvolvimento da tecnologia na região do Pará”, explica.
O ‘SISTEMINHA’
A tecnologia é fundamentada em quatro princípios: miniaturização, replicabilidade, escalonamento da produção, segurança alimentar e nutricional. Com uma configuração integrada, o ‘Sisteminha’ produz alimentos para consumo próprio de pequenas famílias, possibilitando que a produção excedente seja comercializada, uma alternativa para aumento da renda.
Ele é composto por oito módulos: tanque de peixes, galinheiro, criação de codorna, criação de coelhos, compostagem, minhocário, horta e tabela de plantio. Com um funcionamento que gira em torno do tanque de peixes, a água é utilizada para irrigar a horta e os demais elementos são interligados entre si. Com isso, é possível adicionar ou retirar elementos do projeto original, adaptação realizada para melhor adequação à realidade do agricultor.
Entre as vantagens do projeto, está o baixo custo de investimento – que pode ser iniciado com R$ 500 –, o módulo integrado e a adaptabilidade às necessidades do produtor.
COLABORAÇÃO
O coordenador local Emater-Pará em Eldorado dos Carajás Claudenízio Rodrigues Mota agradece a parceria com Iara Braga, prefeita do município e com Luzenilson Nunes da Costa, secretário da SEMAPP.
“O projeto ‘Sisteminha’, envolvendo a criação de aves, peixes e hortaliças, será implantado na Vila 17 de Abril e nos bairros com maior vulnerabilidade do município, o financiamento virá do PRONAF “B” via Banco da Amazônia”, detalha.
Já Fernando Araújo, supervisor da Emater, Regional Marabá, afirma que encontrar e implementar tecnologias de baixo custo e rentáveis é o caminho buscado pela entidade, em parceria com a Embrapa e as universidades. “Neste caso específico com a UFRA com expertise na formação superior voltada para os profissionais que atuam no meio rural”, conclui.