Correio de Carajás

Hospital Municipal de Marabá lotado de crianças

Aproximadamente 50 crianças estão passando diariamente pelo Hospital Municipal de Marabá com infecções nas vias aéreas superiores, além de uma média de 30 estar internada. Segundo a médica pediatra Divina Rosa, que atende no local, apesar de ser uma época comum de se manifestarem doenças desta natureza, neste ano os números bateram os recordes.

“A demanda está muito grande no hospital e estamos ligando isso ao fator ambiental. A umidade está baixa e o pessoal começa a queimar lixo. Essas crianças começam a inalar essas impurezas”, comenta, afirmando estar alto o nível de pacientes com pneumonia, bronquite ou asma. “Nesse período é comum, não apenas em Marabá, mas neste ano está batendo recordes de tantas crianças”.

Ela orienta que os pais tentem manter as crianças sempre bem hidratadas. “A gente está orientando a comunidade a oferecer soro oral. As pessoas não possuem a cultura de hidratar as crianças. Pode ser usado também nebulizador com soro, oferecer bastante suco de laranja e acere, colocar vasilha com água na casa. São algumas das medidas e ainda assim pode acontecer de haver essa infecção de vias aéreas superiores”, acrescentou.

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As crianças que chegam apresentando sintomas de infecção respiratória passam por avaliação, exames e aquelas que necessitam de internação são internadas, explicou a médica. “Algumas poderiam até serem tratadas em casa, mas às vezes os pais não têm condições ou não são muito cuidadosos com os horários de remédio então internamos”.

Ela afirma que eventualmente ocorrem reclamações dos usuários em relação à falta de espaço no centro de internação, porém isso se dá pelo aumento de pacientes. “Esses números são atípicos e é gente demais”. A enfermeira Juliana Aparecida dos Santos, que também trabalha no HMM, informou que na última quarta-feira havia 28 crianças internadas. “Além disso, há as que vem para medicação e pequenos procedimentos, o que gira em torno de pelo menos 50 crianças”.

Sobre esse cenário, o pneumologista Wladimir Monteiro afirmou que as crianças podem ter sido contaminadas por algum quadro de gripe que se complicou. “Para acontecerem vários casos de pneumonia, por exemplo, em um mesmo período há algum fatores por trás. A gripe seria um deles, uma vez que a vacina não protege 100%, embora diminua as chances de complicações graves”, comentou.

Disse, ainda, que se o grupo de crianças frequenta o mesmo local, como escola, por exemplo, também pode ocorrer um surto por uma bactéria chamada Legionella. “Isso, caso exista no local algum sistema de ar condicionado central e elas tenham sido expostas às gotículas de água contaminada”, afirma. (Luciana Marschall com informações de Josseli Carvalho)