Nunca passamos tanto tempo dentro de casa como do ano passado até agora. Fosse por opção ou por obrigação, a pandemia da covid-19 nos levou a conviver mais com nossos próprios espaços e, graças a essas experiências, muitas empresas e profissionais liberais sequer pretendem voltar ao trabalho presencial. Por consequência, esse período também chamou atenção para a importância de harmonizar os ambientes e fazê-los atender melhor as necessidades, especialmente de quem trabalha em home office.
Para o arquiteto e urbanista Adlesman Castro, que comanda um escritório de arquitetura e dá consultorias em Marabá e região, essa fusão do local de descanso a uma extensão do ambiente de trabalho requer atenção ao planejamento dos espaços. “Seja um projeto novo ou de adaptação, a ideia agora é ter ambientes que propiciem uma vida mais saudável, tanto no aspecto físico quanto psicológico. E, nesse sentido, a arquitetura vive um novo momento e os profissionais precisam estar atentos a isso”, explica.
Não importa quanto tempo dure a questão sanitária que envolve uma pandemia, a covid-19 mudou também o modo como nos relacionamos com nossas casas. A necessidade do distanciamento social sem que a produção entrasse em colapso exigiu uma rápida capacidade de adaptação das corporações.
Leia mais:Passados quase dois anos das medidas de isolamento, não há mais espaço para gambiarras. “No primeiro momento, era evidente a organização de espaços feita de ‘qualquer jeito’, com mesas improvisadas, bancadas altas ou baixas demais, iluminação ineficiente e uma total falta de preocupação com a postura”, comenta o arquiteto sobre essas que deveriam ser as primeiras providências de um home officer, destacando, contudo, que a longo prazo esses espaços providenciados às pressas não são eficientes.
Para o arquiteto, alguns pilares devem nortear a concepção de um projeto que atenda a essas necessidades. “Todo e qualquer projeto nesse sentido deve partir de soluções em conforto, ergonomia, iluminação, ventilação natural e privacidade, levando em conta o tipo de atividade exercida. Aí, dentro desses conceitos, entram elementos como cortinas, mobília, luminárias, biombos… as possibilidades são infinitas”, afirma.
NATUREZA PARTICULAR
Passar tanto tempo em atividades laborais e em isolamento em casa também aflorou em muitas pessoas a necessidade de ter vivências mais próximas da natureza. Com isso, além do mobiliário, outro item que tem ganhado cada vez mais importância nos projetos de espaços otimizados para habitação com home office é o verde. “Ter plantas em casa dá sensação de leveza e aconchego. Saber escolher a espécie mais adequada é fundamental”, explica Adlesman, que também tem experiência em paisagismo. “Existem plantas que precisam de mais água, mais luz e que podem não ser tão interessantes para quem vive em apartamento, por exemplo”.
Além de deixar os ambientes mais alegres, elas devolveram às pessoas o hábito de parar alguns minutos no dia para cuidar da terra e das folhas, outra atividade que pode contribuir para a saúde mental. “Outro aspecto importante é a importância que as pessoas vêm dando para a procedência dos produtos que consomem. Nesse sentido, as hortas domésticas deixaram de ser uma tendência e estão virando regra. Não importa se você vive em casa ou apartamento, é possível cultivar hortelã, manjericão, alecrim em pequenos espaços e atendendo às demandas domésticas sem precisar recorrer ao mercado”, conclui Adlesman.