Correio de Carajás

Hiperplasia e carcinoma da próstata

O aumento da próstata é quase universal nos idosos. A hiperplasia em geral se inicia por volta dos 45 anos, ocorre na região da próstata que circunda a uretra e produz obstrução da via de saída urinária. Medicamentos comumente usados, como tranquilizantes e descongestionantes, infecções ou bebidas alcoólicas podem desencadear retenção urinária.

Os sintomas se desenvolvem em média com 65 anos de idade em brancos e aos 60 anos nos negros. Os sintomas se desenvolvem tardiamente porque a hipertrofia do detrusor da bexiga compensa a compressão uretral. À medida que a obstrução aumenta, reduzem-se o calibre e a força do jato urinário, e surgem hesitância (indecisão) para iniciar a micção bem como gotejamento pós-miccional.

A disúria (desconforto urinário) e a urgência (vontade incontrolável de urinar) são sinais de irritação vesical (talvez causada por inflamação ou tumor), não sendo geralmente encontradas nos casos com hiperplasia prostática. À medida que aumenta o resíduo pós-miccional, podem ocorrer noctúria (micção noturna) e incontinência de transbordamento.

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Ao exame de toque retal (TR), a próstata hiperplásica mostra-se lisa, firme e de consistência elástica; o sulco mediano pode não ser mais percebido. Os níveis de antígeno prostático específico (PSA) podem estar elevados, mas são ≤10 ng/mL a não ser que também haja câncer. Também é possível ocorrer câncer com níveis mais baixos de PSA.

Os pacientes assintomáticos não necessitam de tratamento, e aqueles com complicações relacionadas com obstrução uretral, como incapacidade de urinar, insuficiência renal, infecções recorrentes do trato urinário, hematúria ou cálculos na bexiga, evidentemente têm indicação de extirpação cirúrgica, em geral realizada por ressecção transuretral da próstata (RTUP).

Entretanto, a abordagem dos demais pacientes deve ser definida com base no grau de incapacidade ou desconforto causado pelo problema e na probabilidade de haver efeitos colaterais da intervenção.

Se o paciente se apresentar apenas com sintomas leves, a conduta expectante não será prejudicial, permitindo avaliar a velocidade de progressão dos sintomas. A RTUP apresenta a maior taxa de sucesso, mas também maior risco de complicações. A termoterapia transuretral por micro-ondas (TTUM) pode ser tão efetiva quanto a RTUP.

Se a terapia for desejada pelo paciente, duas abordagens clínicas podem ser úteis: a terazosina, um bloqueador alfa adrenérgico, relaxa a musculatura lisa do colo vesical e aumenta o fluxo urinário. A finasterida ou a dutasterida, inibidores da 5 alfa-redutase, bloqueiam a conversão da testosterona em dihidrotestosterona e causam uma redução média de aproximadamente 24% no tamanho da próstata.

Em relação ao câncer de próstata, em 2015, foram diagnosticados cânceres de próstata em 220.800 homens nos EUA – uma incidência comparável ao câncer de mama, e cerca de 27.540 homens morreram de câncer de próstata. Assim como para a maioria dos cânceres, a incidência está relacionada com a idade. A doença é mais comum em negros do que em brancos.

Os sintomas costumam ser semelhantes e indistinguíveis dos observados na hiperplasia prostática, mas os pacientes com câncer apresentam disúria e dor lombar ou no quadril com mais frequência. Histologicamente, 95% são adenocarcinomas.

Diferentemente do que ocorre nos casos de hiperplasia, o câncer de próstata em geral se origina na periferia da glândula, podendo ser detectado ao TR (toque retal) como um ou mais nódulos sobre a superfície posterior da glândula, de consistência dura e formato irregular.

Aqueles com TR negativo e PSA < 4 ng/mL podem ser acompanhados anualmente. Os que têm TR anormal ou PSA > 10 ng/mL devem ser submetidos à biópsia guiada por US transretal (USTR). Há outros métodos utilizando o PSA para distinguir entre câncer em estágio inicial e hiperplasia, como dosar o PSA total e PSA livre bem como relacionar o PSA com o tamanho da próstata (densidade do PSA).

 

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.

 

 

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.