O Jornal Valor Econômico divulgou nesta segunda-feira, 13, que os governos estaduais estão fazendo peregrinações à China em busca de investidores para movimentar suas economias, principalmente com o financiamento para obras de infraestrutura. Projetos industriais e na área de mineração também têm sido apresentados aos asiáticos na tentativa de alavancar os investimentos nos Estados.
Ainda segundo o Valor Econômico, a ofensiva ocorre de forma independente das relações entre Pequim e o governo federal, que ficaram mais incertas após a chegada do presidente Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto. Para atenuar o estranhamento inicial, depois de suas declarações de que “a China não está comprando no Brasil, está comprando o Brasil”, Bolsonaro prepara uma visita oficial ao País em agosto.
Muitos governadores resolveram não esperar tanto tempo e colocaram a China no topo de suas prioridades. Um dos principais facilitadores da aproximação com os governadores tem sido o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC), Charles Tang, um chinês que iniciou sua carreira em um banco de investimentos em Wall Street e dedica-se à ponte entre os dois países desde o fim da década de 1970.
Leia mais:“Logicamente não se pode divorciar os Estados do país, mas muitos governos estaduais estão buscando uma agenda própria com a China”, afirma.
O Jornal revelou que a mesma CCIBC organiza uma visita do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), para Pequim no segundo semestre deste ano. O Estado pretende anunciar ainda neste mês de maio a construção de polo metal-mecânico, um empreendimento da Vale em parceria com empresários chineses, que envolve investimento em torno de US$ 300 milhões.
Ao Valor, Helder explicou que o projeto foca na verticalização do minério de ferro extraído de Carajás para uma laminadora a ser instalada em Marabá. Paralelamente, o Estado negocia outros projetos de portos, rodovias e ferrovias.
O projeto começou com a Alpa (Aços Laminados do Pará), anunciado pela própria Vale para produção e placas de aço. Virou fumaça e restou apenas um terreno que já foi alvo de pelo menos duas invasões. Em 2016, o governo do Estado articulou com a Vale e encontraram a argelina Cevital, que prometeu investir mais de R$ 4 bilhões para um novo projeto para produção de 2,7 milhões de toneladas de aço, em bobinas de aço, “biletts”, “blooms”, aço em pó e trilhos. Depois, a própria empresa argelina colocou panos quentes no negócio e anunciou a desistência.
Acuada com as cobranças políticas, a Vale ficou de correr atrás de um novo parceiro que tivesse interesse em implantar uma siderúrgica em Marabá para produzir cerca de 1 milhão de toneladas de aço por ano. O foco seria diferente, porque a Cevital planejava produzir 3 milhões de toneladas de aço para exportação, enquanto a nova proposta que estaria sendo articulada, toda a produção seria para abastecer o mercado interno.
A Vale teria resgatado o projeto original da Alpa – mas com valores de Alpinha) e contratou uma empresa para fazer novos estudos, com no mínimo 700 mil toneladas por ano, podendo chegar a 1 milhão de toneladas.
A Reportagem do CORREIO DE CARAJÁS entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Vale para confirmar, ou não, a informação divulgada pelo Valor Econômico. Até a publicação desta notícia ainda não havia chegado uma resposta da mineradora. Assim que isso acontecer, este texto será atualizado. (Ulisses Pompeu, com informações do Valor Econômico