Correio de Carajás

Grupamento Fluvial prende no Marajó suspeito de vender combustível irregular a embarcação que naufragou no Amapá

O Grupamento Fluvial (GFLu), vinculado à Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), prendeu na terça-feira (3), no município de Gurupá, no Marajó o homem que confessou ter comercializado anteriormente combustível clandestino para o navio Anna Karoline III o mesmo que naufragou no sul do Amapá no último sábado (29). De acordo com o Grupamento, testemunhas contaram que viram uma embarcação denominada “Albatroz” que pertencia ao suspeito, atracada ao navio Ana Karoline III fazendo transbordo ilegal de combustível.

Ainda de acordo com Grupamento Fluvial, no momento da prisão, Manoel do Carmo dos Reis confessou a venda de combustível clandestino. Durante a prisão na sua residência que fica as margens oposta do rio onde ocorreu o naufrágio, foram encontrados três tambores de 200 litros, totalizando 600 litros de diesel, além de uma motobomba usada para abastecimento.

No local, Manoel disse que vende combustível em seu barco adquirido das embarcações que passam pela região, e que já teria vendido combustível, várias vezes para o navio Ana Karoline III. Porém, ele afirmou que no último sábado não estava vendendo combustível ao referido navio, e que teria ido buscar mercadoria. Ainda segundo ele, como o mesmo afundou na hora da atracação, nem chegou a pegar a mercadoria que foi buscar porque o navio foi a pique.

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Em depoimento, acrescentou o delegado, Manoel disse ainda que prestou socorro às vítimas, pois estava ao lado no momento do acidente, e que o combustível comercializado não tem nota fiscal porque foi desviado de embarcações que navegam pela região.

O naufrágio

Mapa mostra local do naufrágio no Sul do Amapá — Foto: Aparecido Gonçalves/G1
Mapa mostra local do naufrágio no Sul do Amapá — Foto: Aparecido Gonçalves/G1

O Anna Karoline 3 saiu por volta das 18h de sexta-feira (28) de Santana, no Amapá, em direção a Santarém, no Pará. A viagem entre as duas cidades dura, em média 36, horas. A previsão de chegada em Santarém era às 6h de domingo (1º).

Mas a viagem foi interrompida na madrugada de sábado, próximo à Ilha de Aruãs e à Reserva Extrativista Rio Cajari, no Rio Jari (veja no mapa abaixo). A região fica a 130 km de Macapá, em um local de difícil acesso e comunicação – o chamado de socorro foi feito às 5h, e o helicóptero de resgate do governo do estado só chegou ao local por volta das 14h de sábado.

O Corpo de Bombeiros afirmou que não há um número oficial de vítimas, pois a embarcação não tem uma lista de passageiros para orientar as buscas, mas o que se sabe é que estavam sendo transportadas no mínimo 60 pessoas.

Sobreviventes descreveram que chovia e ventava forte na hora do naufrágio. A Capitania dos Portos ainda vai investigar o que provocou o acidente.

A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) identificou que a empresa não tem autorização para operar na rota Santana-Santarém.

A Polícia Civil do Amapá abriu um inquérito para apurar criminalmente o caso e busca identificar se a embarcação estava com excesso de carga. O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público (MP) estadual também se mobilizam para investigar criminalmente as circunstâncias que envolvem o naufrágio.

A prefeitura de Macapá decretou situação de emergência para ajudar familiares de vítimas e sobreviventes, com envio de água mineral, medicamentos, alimentação, roupas, material de higiene pessoal, combustível, e ainda disponibilizando auxílio funeral.

Veja dados da Antaq sobre o navio:

  • Nome: Anna Karoline 3
  • Linha autorizada: Santarém – Manaus
  • Comprimento: 38,25 metros
  • Largura: 7,3 metros
  • Capacidade de passageiros: 242 passageiros (sem qualquer carregamento adicional)
  • Capacidade de carga: 89 toneladas
  • Quantidade de convés: dois

(Fonte:G1)