Correio de Carajás

Grito de jovens ecoa entre adultos ‘mocos’

Rios de Encontro, o projeto eco-cultural e socioeducativo enraizado em Cabelo Seco desde 2009, a Rede Brasileira de Arteducadores (ABRA) e cidadãs da Rede “Sonho Grande”, de Nova Zelândia, lançaram um laboratório solar escolar e um debate na Câmara dos Vereadores de Moeda, Minas Gerais, na sexta-feira, 15, como contribuição à Greve Mundial Juvenil em Defesa do Planeta.

“Estamos orgulhosos que realizamos este grande sonho”, disse Dan Baron, da coordenação de Rios de Encontro e da ABRA. “inspirado pelas ações de nossos jovens artistas de AfroRaiz durante o Fórum Bem Viver, em Moeda, em novembro passado. Mas estamos em luto também, em solidariedade com as comunidades muçulmana de Christchurch, Nova Zelândia, as famílias da Escola Raul Brasil em Suzano-SP e as populações de Moçambique, Malawi e Zimbabwe na África Sudeste, vitimas de catástrofes racista,  psicoemocional e ambiental que aconteceram na mesma semana do lançamento. Essas expressões do atual modelo violento e autodestrutivo de desenvolvimento fortalecem nossa parceria de criar um modelo alternativo de bem viver”, desabafa Dan.

A secretária de Educação de Moeda, Vanda Emaculada, observa que foram colocadas seis placas solares no teto da Escola Municipal Cláudio Pinheiro Lima, as quais já inspiraram muita esperança em Moeda, no debate da última semana.

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Professora Vanda citou o impacto de Rios de Encontro nas escolas daquele município mineiro durante o Fórum de 2018. “AfroRaiz levantou a autoestima de nossos alunos afrodescendentes e mostrou a capacidade de jovens assumirem responsabilidade social. As oficinas com crianças na sexta confirmaram a sensibilidade verde de nossa cidade. Mas as placas criam um foco. As crianças voltaram para casa empolgadas, multiplicadoras da consciência ecológica que o mundo precisa”, sintetiza.

“O município de Moeda se destaca como o único que resiste à pressão das mineradoras”, destaca Gian Borba, músico-educador e morador de Moeda Velha, que colaborou com o lançamento na escola. “Temos uma lei que protege essa postura, mas para resistir à sedução da Vale, precisamos cultivar uma consciência ecológica em cada família. O laboratório solar escolar vai economizar na conta de luz, mas faz parte de um projeto bem maior: de criar uma Moeda inteiramente abastecida por energia solar”, diz.

Este projeto de paradigma bem viver motivou a Rede “Sonho Grande” em Hawks Bay (Baía do Gaivão) a doar as seis placas para Moeda. “Hoje é um dia inovador para vocês e para nós em Nova Zelândia”, disse Daniel Betty, professor e diretor de teatro juvenil, no vídeo assistido pelos vereadores na Câmara. “Mas nossa colaboração tem ainda mais urgência depois da catástrofe que aconteceu em Brumadinho, a cidade vizinha de vocês. A greve mundial inspira esperança, mas um laboratório escolar de educação pela sustentabilidade gera confiança, pertencimento e projeto social”, sintetizou.

Manoela Souza, outra gestora de Rios de Encontro, avalia que o triângulo entre Moeda, Marabá e Hawks Bay pulsa com energias de vida. “Em breve, alunos e professores viajarão por ele, como criadores de um planeta sustentável. As crianças em greve vão nos agradecer”.