As obras de recuperação da ponte sobre o Rio Moju – a terceira das 4 pontes do complexo da Alça Viária, que desabou após a batida de uma balsa num dos pilares na madrugada do último dia 6, devem durar entre 6 a 9 meses. A expectativa do Governo do Estado é que a trafegabilidade seja reestabelecida até dezembro desse ano. A obra custará R$ 113 milhões e o governador Helder Barbalho já solicitou apoio e recursos do governo federal para acelerar os trabalhos. Pádua Andrade, engenheiro civil e secretário de Estado de Transportes, garante que a previsão inicial é de um trabalho com duração de 6 meses, em 3 turnos de 8 horas com trabalho inclusive aos sábados, domingos e feriados.
Na última quinta-feira a empresa contratada começou a retirar os escombros do local do acidente. “Estamos convidando as principais empresas do país com expertise e acervo técnico em ponte estaiada, capazes de fazer uma grande mobilização para fazermos um trabalho rápido e com qualidade”, garante. A Setran está sendo assessorada por dois especialistas paraenses com capacidade reconhecida nacionalmente.
O primeiro deles é Remo Magalhães de Souza, professor titular da Universidade Federal do Pará (UFPA) e PHD em Fundações e Estruturas que atuará como projetista da obra. O outro consultor é Pedro Afonso de Oliveira Almeida, também PHD, só que da Universidade de São Paulo (USP), que está fazendo o diagnóstico da estrutura e toda a orientação da retirada dos entulhos. “São profissionais que conhecem o solo daqui da região e como funcionam as marés nos nossos rios. Isso é fundamental para o bom desenrolar dos trabalhos”. Na última quinta (11), durante agenda em Brasília, o governador reuniu com o presidente Jair Bolsonaro e solicitou que a União doe ao Estado os R$ 113 milhões necessários para as obras de reconstrução da ponte. O Estado também entrou esta semana com pedido judicial de ressarcimento dos cofres públicos e bloqueio das empresas responsáveis.
Leia mais:O secretário diz que o governo sabe da importância estratégica da ponte sobre o Rio Moju, localizada na rodovia PA-483. “É uma das principais artérias de escoamento de produção e de deslocamento de pessoas no Pará e sabemos o impacto negativo que esse acidente pode causar na economia do nosso Estado. Por isso o governo deu prioridade total a essa recuperação”, garante.
Pilares de estruturas terão mais proteção
A Secretaria de Estado de Transportes vai desencadear um grande programa de proteção das pontes de alta navegabilidade em todo o Estado, tão logo encerrem os trabalhos de reconstrução daquela sobre o Rio Moju. “O foco total da secretaria hoje é restabelecer o trânsito na ponte o mais rápido possível. Assim que acabarmos a obra, vamos instalar Dolfins em todo o complexo da Alça Viária e nas demais com grande tráfego de balsas, agindo de forma preventiva para evitar esse tipo de acidente”, coloca.
Andrado explica que os Dolfins instalados nos pilares da Alça Viária são do tipo mecânico, que não resistem a grandes impactos. Serão substituídos pela Setran por modelos em concreto armado que protegerão não apenas as fundações, mas os blocos de coroamento e os pilares. Tudo com sinalização náutica, o que não existia antes. “Se isso já tivesse sido providenciado em gestões anteriores, teríamos evitado essa catástrofe. Quando houve o incidente estávamos fazendo um trabalho justamente de reforço das fundações da ponte que caiu. Nosso foco daqui para a frente será a segurança e a prevenção total a esse tipo de acidente”, garante o secretário.
Pádua ressalta que a nova ponte a ser construída não terá 4, mas apenas um pilar. Antes, eram 268 metros de vão nos 4 pilares, cada vão com 74 metros. Após a obra, surgirá uma ponte de 264 metros compondo o total de 860 metros da estrutura. Agora será construído apenas um pilar bem no meio, com dois vãos, cada um com 134 metros. “Dessa forma aumentaremos o canal de navegabilidade, dando maior segurança e fluidez no trânsito das embarcações”, antecipa Andrade.
Pontes estaiadas garantem maior navegabilidade
Maciel, mestre em Construção Civil e Estruturas e analista em Infraestrutura de Transportes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), diz que para ser eficiente, um sistema de proteção de pontes precisa de defensas instaladas nos pilares.
“Necessita que o pilar seja dimensionado para resistir ao impacto, podendo ser de madeira, metálica, ou mesmo utilizando um flutuante a frente dos pilares, como Dolfins, que são estruturas isoladas de sacrifícios que ficam a frente dos pilares e servem para absorver o impacto”. Na avaliação do especialista, para a segurança do sistema viário do Pará deve-se, em primeiro lugar, traçar o perfil da rota de navegação com maiores demandas e importâncias de cargas.
“A partir daí estudar cada uma das pontes, já que quanto maior o vão da ponte sobre o canal de navegação melhor para a segurança. Aliado a isso precisamos intensificar a fiscalização da navegação interior e criar sistemas efetivos de segurança para essas obras como a instalação de Dolfins e sinalizações náuticas com alertas luminosos e sonoros de aproximação do acesso às pontes”. Ele ressalta que, atualmente, as pontes do complexo da Alça Viária são as maiores e importantes, pois são eixos integradores.
“Para se ter uma ideia, uma das pontes é estaiada, processo que proporciona grandes vãos no canal de acesso”, reiterou. A recuperação da ponte será feita utilizando o processo de estaio, para ampliar o vão da ponte e aumentar a segurança. Outra ponte estaiada prevista no Pará será sobre o Rio Xingu na Rodovia BR-230, próximo a Altamira.
(Diário do Pará)