Estima-se que o Governo do Estado economizará, em média, R$ 200 mil por ano de consumo de energia elétrica com o funcionamento do Centro de Controle Operacional (CCO), prédio onde concentrará a operacionalização do sistema integrado de transporte, do BRT Metropolitano. Isso porque o projeto atende aos critérios da certificação LEED, Liderança em Energia e Design Ambiental, a mais renomada certificação no quesito construção sustentável, em todo o mundo. Com essa certificação, o CCO será o primeiro edifício público sustentável na Amazônia, dentro da categoria Novas Construções, com possibilidade de atender o nível Gold, a segunda mais elevada no critério.
Para obter a certificação americana, que é a principal plataforma utilizada em projetos e construção de conquistas sustentáveis no planeta, a obra – localizada na avenida Augusto Montenegro, no Complexo da Polícia Militar, em Belém – é acompanhada por um especialista credenciado à certificadora que avalia, em campo, se cada etapa da obra, utiliza materiais e atende aos requisitos e diretrizes previstas na certificação LEED.
“O CCO teve um investimento grande em placas fotovoltaicas e no ar condicionado mais eficiente. Isso faz com que a edificação tenha uma redução de quase 50% do consumo energético, ou seja, essa porcentagem, tem grande contribuição da energia renovável gerada. Com isso, há redução e diminuição de emissão de cco. Outra questão é quanto ao consumo de água que, por meio de algumas estratégias de reaproveitamento da água da chuva e com sistema de drenagem, há uma contenção de 40%, que será advinda de fontes renováveis”, detalha Deborah Lobo, arquiteta e urbanista, especialista em sustentabilidade em edificação, Profissional Acreditada (LEED AP).
Leia mais:Com relação à obra como um todo, Lobo explica que, embora o processo de finalização esteja em andamento, a expectativa é de alcançar 75% de diminuição de resíduos gerados durante a construção, que está sendo enviado para cooperativas de reciclagem na Região Metropolitana de Belém. “Além disso, todos os materiais de acabamentos possuem conteúdo reciclado, alguns de empresas ecológicas certificadas, como tintas com menos compostos cancerígenos, e todo o revestimento de vidros e de telhado, reduzem a temperatura do ambiente interno”, afirma.
O projeto do Centro de Controle é analisado desde a concepção, com o objetivo de atender aos pré-requisitos da certificação que possui quatro categorias, Certificado, Silver, Gold e Platinum. Cada uma, aborda o sítio sustentável, redução do consumo de água, eficiência energética e qualidade do ambiente interno. São análises minuciosas para tentar adequar a edificação aos créditos e requisitos. “A gente reduziu as emissões de CO2, o consumo energético, de água, além de que, na obra, estarmos reduzindo os resíduos que são gerados durante a construção, pois nos preocupamos também, muito, com os materiais, emissões, erosão e sedimentação do solo, para que não haja poluição dos rios e córregos e de águas potáveis no entorno da edificação”, pontua Lobo.
Após o término da construção, o prédio será submetido a uma avaliação final feita pela U.S Green Building Council – organização americana sem fins lucrativos, que promove a sustentabilidade no projeto, construção e operação de edifícios. “Nesse caso, já tivemos uma prévia na plataforma do órgão certificador, através de Simulação energética realizada por software, que haverá uma redução de 50% no consumo energético e 40% de consumo de água”. Os dados foram obtidos a partir de uma simulação energética, onde estudamos todas as características da edificação e meteorológicas da cidade em que a edificação está inserida. “Isso tudo são estudos, mas eles são fidedignos à edificação construída e confiáveis”.
Segundo ela, a certificação é vitalícia, uma vez certificada, a edificação ganha o selo LEED, podendo, mais tarde, se renovar com a certificação dentro da categoria EBOM, que avalia operação e manutenção. “A certificação é aplicável a praticamente todos os tipos de projetos e edifícios, fornecendo estrutura para criar edifícios sustentáveis de forma muito organizada e com muito fundamento científico. O Brasil chegou a ser o segundo país da América Latina que mais certificou LEED. As edificações têm mais facilidade em investir em uma construção sustentável, com uma certificação ambiental no processo”.
No Estado do Pará existem duas edificações certificadas, as duas da rede privada, localizadas em Belém. Ainda de acordo com a especialista, todas as construções que visam questões sustentáveis, têm benefícios ao utilizar uma certificação, pois os critérios, ajudam a organizar a edificação com elementos sustentáveis a fim de reduzir os impactos e emissões de CO2, principalmente quando se trata de uma obra de construção civil, uma das atividades mais poluentes do meio urbano. “A tendência é que, as edificações, invistam cada vez mais em equipamentos com alto desempenho, a fim de reduzir o aquecimento global e melhorar a qualidade de vida no ambiente urbano”, completa. (Michelle Daniel NGTM/ Agência Pará)