Na terça-feira (30), crianças e adultos de Estados Unidos e México se reuniram em volta de um trecho da cerca que separa os dois países. O motivo: três gangorras rosas, montadas ali pela equipe do arquiteto Ronald Rael e da designer Virginia San Fratello.
As fotos e vídeos do evento, que durou 40 minutos, repercutiram nas redes sociais.
“No vídeo, foi bem emocionante assistir, é muito comovente. Na hora, foi só muito divertido”, contou Rael, em entrevista ao G1.“Foi da forma que pretendíamos: um jeito de juntar as pessoas”. Quando levaram a gangorra embora, “todo mundo queria que ficássemos mais tempo”, contou.
Leia mais:A equipe não chegou a pedir nenhum tipo de autorização para montar o brinquedo, mas nenhum soldado – mexicano ou americano – tentou impedi-los, relatou o arquiteto. Alguns até sorriram.
O próprio Rael ficou do lado mexicano, em Ciudad Juárez, cidade que vai até bem perto da cerca. Ali, segundo conta, há uma comunidade bastante ativa de mães e crianças brincando. Juntá-las foi fácil.
Ele explicou que a equipe trabalhava na ideia desde 2009 – três anos depois de a construção da cerca ser autorizada pela “Lei de Cerca Segura”, sancionada pelo então presidente George W. Bush.
Como parte da equipe de Rael do lado americano, perto da cidade de El Paso, no Texas, estava Kate Green, curadora sênior do museu de arte da cidade. Do lado americano, as pessoas tinham sido avisadas e convidadas com antecedência para a instalação.
Apesar da proximidade com a cerca – e da lembrança do muro que o presidente Donald Trump quer construir ali – a curadora explica que ninguém estava pensando nisso.
“Nós estávamos concentrados no momento feliz: foi muito esperançoso, principalmente para as crianças no lado mexicano. Dava para ver o quanto elas queriam se conectar”, narrou.
O próprio Rael acha bom que a discussão sobre as barreiras entre os dois países, que ele rejeita, estejam voltando à pauta. Ele lembra, entretanto, que a construção delas não foi ideia de Trump.
“A cerca vem sendo construída com autorizações de governos anteriores, e não se fala nela há 12 anos”, afirma. “A ideia [do muro] não é de Trump, vem acontecendo há um tempo”.
O rosa
O arquiteto explicou que o rosa foi escolhido por causa do contraste que simboliza com o entorno. A cor também serviu de lembrança para a época de violência em Ciudad Juárez, principalmente nos anos 90, em que várias mulheres foram mortas ou despareceram.
Rael ainda estuda a possibilidade de colocar o brinquedo em outros lugares da fronteira.
“Há bem poucos lugares onde é possível passar o material através da cerca”, disse. “Eu imagino se há oportunidade de fazer isso em outro lugar. Nós estamos conversando, nos perguntando sobre isso”.
(Fonte:G1)