Desde a madrugada desta segunda-feira, 27, que integrantes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) bloqueiam a Estrada de Ferro Carajás e os acessos ao Projeto Salobo e a Serra dos Carajás, onde ficam as minas de extração de ferro da e o Núcleo de Carajás. Os manifestantes cobram da Vale o cumprimento de acordos que teriam sido firmados com a mineradora, de investimentos na área do Alto Bonito, também chamada de Contestado, que pertence a Marabá, mas está mais próxima de Parauapebas.
Com as interdições, os ônibus de transporte dos funcionários da Vale do turno de 6 horas estão impedidos de subir a serra ou seguirem para o Salobo para troca de turno com os que estão trabalhando desde meia-noite. O acesso ao Salobo está interditado na rotatória da estrada Faruk Salmém, na entrada para as vilas Palmares I e II, o que impede também o acesso a Estação Ferroviária.
De acordo com os manifestantes, até a agora a Vale não teria cumprido nenhum item de uma pauta fechada com a mineradora e o Incra, durante a reunião que aconteceu dia 12 de setembro deste ano, em Brasília. Nesse acordo, a empresa teria se comprometido em fazer investimentos na área do Contestado.
Leia mais:Alberto Paquim, um dos líderes do movimento, diz que tem 22 anos que eles moram no Projeto de Assentamento Itacaiúnas, na área do Contestado, em Marabá, e durante todo esse tempo têm recebido apenas promessa de investimentos em infraestrutura na comunidade.
“Não temos estrada e falta concluir o projeto de Energia para Todos. Também queremos assistência técnica para preparar o solo para que possamos plantar e necessitamos que sejam construídos poços artesianos nas casas para que possamos ter água de boa qualidade. Nós estamos largados à própria sorte. Não sabemos mais a quem recorrer, se a Marabá ou Parauapebas. Ninguém assume aquela área”, diz o colono.
Ele diz que no projeto de assentamento há uma escola inacabada, obra do ex-prefeito de Marabá, João Salame, onde teria sido investido quase R$ 1 milhão. “Tem dois anos que essa escola era para ter sido concluída e inaugurada, mas está lá, inacabada e abandonada. Temos 130 alunos na comunidade estudando em salas improvisadas em casas de moradores, porque não tem escola”, denuncia o manifestante.
Ele diz que tudo isso ocorre por conta da grande corrupção que há na política. “Comparo político corrupto igual a pistoleiro. O pistoleiro quando vai matar mira na cabeça e no coração, o político corrupto faz a mesma coisa. Ele rouba dinheiro da educação, que é a cabeça, e da saúde, que é o coração, matando o povo”, compara Paquim.
Professor do assentamento, Ribamar Apinajés, justifica que se uniu à manifestação ante as dificuldades que enfrentam no local. Ele ressalta que não há estrada e quando chove os acessos ficam só lama, o que impede as crianças de irem à escola.
Outro ponto que considera grave é o abandono da obra da escola. Ele observa que a escola, orçada em R$ 930 mil, era para ter sido entregue a comunidade em 30 de março de 2015. “As crianças estão estudando em situação precária, enquanto a escola está lá abandonada”, desabafa o professor.
NOTA
Em nota, a Vale diz que tomara as medidas judiciais cabíveis para retomara suas atividades e garantir o direito de ir e vir dos seus empregados. A mineradora também nega ter feito qualquer acordo com o movimento. Confira a nota da Vale:
“Integrantes da Frente Nacional de Luta (FNL) interditam, desde a madrugada desta segunda-feira, 27/11, a Estrada de Ferro Carajás, a portaria de Carajás e a Rodovia Faruk Salmen, no município de Parauapebas (PA), prejudicando o acesso dos empregados e prestadores de serviço e impedindo o transporte de passageiros e cargas. A Vale informa que obstruir a ferrovia e impedir o direito de ir e vir das pessoas são crimes passíveis de multa e prisão e que adotará as medidas judiciais cabíveis para desinterdição das vias e portaria.
A Vale repudia veementemente a ação criminosa e ilegal da Frente Nacional de Luta (FNL) e refuta as afirmações feitas por integrantes do movimento. Em nenhum momento, a empresa fez acordos com a FNL, como informado pelo movimento.
A pauta de reivindicações relacionada à infraestrutura e de responsabilidade do Poder Público foi acolhida pelos órgãos públicos competentes que, inclusive, reuniam-se com o grupo em encontros mensais, o que torna ainda mais injustificável a ação intempestiva da FNL. A Vale participou destas reuniões como convidada, atendendo ao convite dos órgãos públicos e também como parte de sua política de responsabilidade social.
A empresa ressalta a sua indignação com atos como este, que não contribuem em nada para o diálogo, e reforça ainda que, diante desta ação ilegal, fica rompida qualquer participação da Vale em tais discussões.
Interdição prejudica a região
Com a interdição, a operação da Estrada de Ferro Carajás (EFC) está paralisada e o trem de passageiros está suspenso, impactando mais de 1.300 pessoas que diariamente usam o transporte ferroviário. A ação impacta ainda consideravelmente as cidades do Sul e Sudeste paraense, com a possibilidade de problemas no abastecimento de combustível, que é transportado pela ferrovia, além de provocar a queda na arrecadação municipal e a insegurança na implantação de novos empreendimentos na região.
Sobre o trem de passageiros
O trem de passageiros não circulou hoje de São Luís para Parauapebas e não irá partir de Parauapebas para São Luís nesta terça-feira. Mais informações podem ser obtidas no Alô Ferrovias: 0800 285 7000”. (Tina Santos – com a colaboração de Ronaldo Modesto)
Desde a madrugada desta segunda-feira, 27, que integrantes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) bloqueiam a Estrada de Ferro Carajás e os acessos ao Projeto Salobo e a Serra dos Carajás, onde ficam as minas de extração de ferro da e o Núcleo de Carajás. Os manifestantes cobram da Vale o cumprimento de acordos que teriam sido firmados com a mineradora, de investimentos na área do Alto Bonito, também chamada de Contestado, que pertence a Marabá, mas está mais próxima de Parauapebas.
Com as interdições, os ônibus de transporte dos funcionários da Vale do turno de 6 horas estão impedidos de subir a serra ou seguirem para o Salobo para troca de turno com os que estão trabalhando desde meia-noite. O acesso ao Salobo está interditado na rotatória da estrada Faruk Salmém, na entrada para as vilas Palmares I e II, o que impede também o acesso a Estação Ferroviária.
De acordo com os manifestantes, até a agora a Vale não teria cumprido nenhum item de uma pauta fechada com a mineradora e o Incra, durante a reunião que aconteceu dia 12 de setembro deste ano, em Brasília. Nesse acordo, a empresa teria se comprometido em fazer investimentos na área do Contestado.
Alberto Paquim, um dos líderes do movimento, diz que tem 22 anos que eles moram no Projeto de Assentamento Itacaiúnas, na área do Contestado, em Marabá, e durante todo esse tempo têm recebido apenas promessa de investimentos em infraestrutura na comunidade.
“Não temos estrada e falta concluir o projeto de Energia para Todos. Também queremos assistência técnica para preparar o solo para que possamos plantar e necessitamos que sejam construídos poços artesianos nas casas para que possamos ter água de boa qualidade. Nós estamos largados à própria sorte. Não sabemos mais a quem recorrer, se a Marabá ou Parauapebas. Ninguém assume aquela área”, diz o colono.
Ele diz que no projeto de assentamento há uma escola inacabada, obra do ex-prefeito de Marabá, João Salame, onde teria sido investido quase R$ 1 milhão. “Tem dois anos que essa escola era para ter sido concluída e inaugurada, mas está lá, inacabada e abandonada. Temos 130 alunos na comunidade estudando em salas improvisadas em casas de moradores, porque não tem escola”, denuncia o manifestante.
Ele diz que tudo isso ocorre por conta da grande corrupção que há na política. “Comparo político corrupto igual a pistoleiro. O pistoleiro quando vai matar mira na cabeça e no coração, o político corrupto faz a mesma coisa. Ele rouba dinheiro da educação, que é a cabeça, e da saúde, que é o coração, matando o povo”, compara Paquim.
Professor do assentamento, Ribamar Apinajés, justifica que se uniu à manifestação ante as dificuldades que enfrentam no local. Ele ressalta que não há estrada e quando chove os acessos ficam só lama, o que impede as crianças de irem à escola.
Outro ponto que considera grave é o abandono da obra da escola. Ele observa que a escola, orçada em R$ 930 mil, era para ter sido entregue a comunidade em 30 de março de 2015. “As crianças estão estudando em situação precária, enquanto a escola está lá abandonada”, desabafa o professor.
NOTA
Em nota, a Vale diz que tomara as medidas judiciais cabíveis para retomara suas atividades e garantir o direito de ir e vir dos seus empregados. A mineradora também nega ter feito qualquer acordo com o movimento. Confira a nota da Vale:
“Integrantes da Frente Nacional de Luta (FNL) interditam, desde a madrugada desta segunda-feira, 27/11, a Estrada de Ferro Carajás, a portaria de Carajás e a Rodovia Faruk Salmen, no município de Parauapebas (PA), prejudicando o acesso dos empregados e prestadores de serviço e impedindo o transporte de passageiros e cargas. A Vale informa que obstruir a ferrovia e impedir o direito de ir e vir das pessoas são crimes passíveis de multa e prisão e que adotará as medidas judiciais cabíveis para desinterdição das vias e portaria.
A Vale repudia veementemente a ação criminosa e ilegal da Frente Nacional de Luta (FNL) e refuta as afirmações feitas por integrantes do movimento. Em nenhum momento, a empresa fez acordos com a FNL, como informado pelo movimento.
A pauta de reivindicações relacionada à infraestrutura e de responsabilidade do Poder Público foi acolhida pelos órgãos públicos competentes que, inclusive, reuniam-se com o grupo em encontros mensais, o que torna ainda mais injustificável a ação intempestiva da FNL. A Vale participou destas reuniões como convidada, atendendo ao convite dos órgãos públicos e também como parte de sua política de responsabilidade social.
A empresa ressalta a sua indignação com atos como este, que não contribuem em nada para o diálogo, e reforça ainda que, diante desta ação ilegal, fica rompida qualquer participação da Vale em tais discussões.
Interdição prejudica a região
Com a interdição, a operação da Estrada de Ferro Carajás (EFC) está paralisada e o trem de passageiros está suspenso, impactando mais de 1.300 pessoas que diariamente usam o transporte ferroviário. A ação impacta ainda consideravelmente as cidades do Sul e Sudeste paraense, com a possibilidade de problemas no abastecimento de combustível, que é transportado pela ferrovia, além de provocar a queda na arrecadação municipal e a insegurança na implantação de novos empreendimentos na região.
Sobre o trem de passageiros
O trem de passageiros não circulou hoje de São Luís para Parauapebas e não irá partir de Parauapebas para São Luís nesta terça-feira. Mais informações podem ser obtidas no Alô Ferrovias: 0800 285 7000”. (Tina Santos – com a colaboração de Ronaldo Modesto)