Correio de Carajás

Violência doméstica atrás apenas dos homicídios nos crimes contra pessoas

O segundo crime contra a pessoa mais denunciado ao Disque Denúncia Sudeste do Pará, com sede em Marabá, é a violência contra a mulher. Em uma cidade onde é comum os cidadãos terem medo de sair de suas residências tarde da noite e onde homicídios, tráfico de drogas e roubos estampam as páginas policiais todos os dias, é dentro de casa que mora um dos maiores perigos. Esse, no entanto, persegue uma vítima específica: ela.  

Diferente das demais formas de violência, essa também tem outra característica única. O agressor é sempre uma pessoa conhecida, alguém de confiança, que divide o mesmo teto e – novamente de forma particular – na maioria absoluta das vezes um homem.  Desde a implantação do serviço em Marabá, a central já recebeu 369 denúncias de violência contra a mulher, crime que está apenas atrás dos contatos relacionados às informações de homicídios dentro daqueles relacionados aos ataques às pessoas.

Em decorrência do Dia Internacional da Não-violência Contra a Mulher, lembrado na última sexta-feira, dia 25, o serviço divulgou os números do DD Mulher, um questionário que é aplicado para denunciantes que concordam em responder às questões apresentadas. Os números chocam e trazem à tona uma realidade bastante comum nos lares brasileiros.

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De 234 questionários aplicados, em 174 dos casos a violência aconteceu dentro da casa da vítima, ou seja, em 74,35% deles. Dezenove agressões ocorreram em via pública (8,11%) e 41 em outros locais (17,52%). A maior parte dos agressores convive com as vítimas, somando 227 casos, ou seja 97%. Em apenas sete casos o agressor não morava na mesma casa. Dentre estes 227 que agrediram mulheres com quem convivem, 161 eram maridos delas, 11 eram ex-maridos, três namorados e dois ex-namorado. Uma mulher foi agredida pelo pai e 12 pelo filho. Em apenas 37 casos outras pessoas foram as responsáveis.

A maior parte das mulheres violentadas, 134 (57,26%), possui filhos e em 38 casos os menores também foram agredidos. A forma de violências mais praticada é a física, em mais de 80% dos casos. Foram relatadas 189 situações desta natureza. Em seguida aparece a violência verbal, com 54,27%, um total de 127 relatos. Há casos, ainda, de ameaças de morte (32,47%), violência sexual (4,27%) e cárcere privado (14,95%). Em muitas situações, elas sofrem mais de uma forma de violência por vez.

Trinta e cinco agressões se deram por uso de armas brancas, enquanto nove por uso de arma de fogo, 33 situações por pedaços de pau, 13 com fio, em duas os agressores utilizaram cigarros para queimar as vítimas. As mãos foram usadas em 124 situações, os socos em 140, os empurrões em 93, os chutes em 98 e o estrangulamento em 34.

Além de praticar a violência, a maior parte dos agressores – 52,13% – faz uso de álcool ou drogas. Ainda assim tem muitos homens, pelo menos 34,61%, que praticam a violência na cara limpa e sequer possuem a “desculpa” de estarem sob efeito de alguma substância psicoativa.  Há vítimas que sequer sabem informar se o agressor usa qualquer entorpecente.

Outra questão que chama a atenção é a frequência em que estas violências acontecem. Em 61 casos elas são diárias. No mesmo número de vezes aconteceram ao menos uma vez por semana. Em 10 situações foram registradas uma vez por mês e em um caso uma vez ao ano. Cinquenta e quatro vítimas sequer sabem informar qual a frequência em que são agredidas.

A maior parte dessas mulheres – por medo, vergonha ou laço afetivo – é violentada durante pelo menos um mês antes de decidir denunciar (23,07%). Próximo disso, em 21,79% dos casos, elas não sabem informar desde quando ocorrem as agressões. Dentre as mulheres ouvidas, 15,81% diz sofrer há mais de um ano e 13,67% há mais de dois anos. Apenas 5,12% denunciou no dia em que foi vítima e 7,26% uma semana depois. (Luciana Marschall)

 

O segundo crime contra a pessoa mais denunciado ao Disque Denúncia Sudeste do Pará, com sede em Marabá, é a violência contra a mulher. Em uma cidade onde é comum os cidadãos terem medo de sair de suas residências tarde da noite e onde homicídios, tráfico de drogas e roubos estampam as páginas policiais todos os dias, é dentro de casa que mora um dos maiores perigos. Esse, no entanto, persegue uma vítima específica: ela.  

Diferente das demais formas de violência, essa também tem outra característica única. O agressor é sempre uma pessoa conhecida, alguém de confiança, que divide o mesmo teto e – novamente de forma particular – na maioria absoluta das vezes um homem.  Desde a implantação do serviço em Marabá, a central já recebeu 369 denúncias de violência contra a mulher, crime que está apenas atrás dos contatos relacionados às informações de homicídios dentro daqueles relacionados aos ataques às pessoas.

Em decorrência do Dia Internacional da Não-violência Contra a Mulher, lembrado na última sexta-feira, dia 25, o serviço divulgou os números do DD Mulher, um questionário que é aplicado para denunciantes que concordam em responder às questões apresentadas. Os números chocam e trazem à tona uma realidade bastante comum nos lares brasileiros.

De 234 questionários aplicados, em 174 dos casos a violência aconteceu dentro da casa da vítima, ou seja, em 74,35% deles. Dezenove agressões ocorreram em via pública (8,11%) e 41 em outros locais (17,52%). A maior parte dos agressores convive com as vítimas, somando 227 casos, ou seja 97%. Em apenas sete casos o agressor não morava na mesma casa. Dentre estes 227 que agrediram mulheres com quem convivem, 161 eram maridos delas, 11 eram ex-maridos, três namorados e dois ex-namorado. Uma mulher foi agredida pelo pai e 12 pelo filho. Em apenas 37 casos outras pessoas foram as responsáveis.

A maior parte das mulheres violentadas, 134 (57,26%), possui filhos e em 38 casos os menores também foram agredidos. A forma de violências mais praticada é a física, em mais de 80% dos casos. Foram relatadas 189 situações desta natureza. Em seguida aparece a violência verbal, com 54,27%, um total de 127 relatos. Há casos, ainda, de ameaças de morte (32,47%), violência sexual (4,27%) e cárcere privado (14,95%). Em muitas situações, elas sofrem mais de uma forma de violência por vez.

Trinta e cinco agressões se deram por uso de armas brancas, enquanto nove por uso de arma de fogo, 33 situações por pedaços de pau, 13 com fio, em duas os agressores utilizaram cigarros para queimar as vítimas. As mãos foram usadas em 124 situações, os socos em 140, os empurrões em 93, os chutes em 98 e o estrangulamento em 34.

Além de praticar a violência, a maior parte dos agressores – 52,13% – faz uso de álcool ou drogas. Ainda assim tem muitos homens, pelo menos 34,61%, que praticam a violência na cara limpa e sequer possuem a “desculpa” de estarem sob efeito de alguma substância psicoativa.  Há vítimas que sequer sabem informar se o agressor usa qualquer entorpecente.

Outra questão que chama a atenção é a frequência em que estas violências acontecem. Em 61 casos elas são diárias. No mesmo número de vezes aconteceram ao menos uma vez por semana. Em 10 situações foram registradas uma vez por mês e em um caso uma vez ao ano. Cinquenta e quatro vítimas sequer sabem informar qual a frequência em que são agredidas.

A maior parte dessas mulheres – por medo, vergonha ou laço afetivo – é violentada durante pelo menos um mês antes de decidir denunciar (23,07%). Próximo disso, em 21,79% dos casos, elas não sabem informar desde quando ocorrem as agressões. Dentre as mulheres ouvidas, 15,81% diz sofrer há mais de um ano e 13,67% há mais de dois anos. Apenas 5,12% denunciou no dia em que foi vítima e 7,26% uma semana depois. (Luciana Marschall)