Correio de Carajás

Fila de espera do Instituto Miguel Chamon retrata a carência por atendimentos de saúde

Quem depende da rede pública de saúde para uma consulta ou um exame sabe como a espera pode ser longa. Esse tempo é maior ainda quando se trata de uma consulta com especialista, como médico oftalmologista ou dentista.

As filas que se formam antes mesmo dos atendimentos do Instituto Miguel Chamon iniciarem retratam a carência da população em relação aos atendimentos de saúde. Cerca de 15 mil pessoas já foram beneficiadas com as ações itinerantes do instituto, que tem levado cuidado e atenção para quem mais precisa.

Creuza Monteiro dos Santos, 55, mora na zona rural de Marabá e ficou sabendo das ações do Miguel Chamon por amigas que moram no Bairro da Paz, onde o Instituto atende nesta segunda e terça, 11 e 12.

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Ao CORREIO, ela conta que chegou ao local de atendimento às 6 horas da manhã, contudo não conseguiu pegar a senha.
“Estou precisando de um exame de vista. Não estou usando óculos, nem consigo mais ler a bíblica. Quanto mais fecham os olhos, pior fica”, disse sorrindo, sem perder o bom humor.

“Vou fazer até um culto”, disse Creuza Monteiro sobre a espera para o atendimento – Foto: Evangelista Rocha

Acompanhada do marido e do filho, e de mais um casal de amigos, ela conta que essas ações, de bairro em bairro, ajudam muito a população carente.
“Acho essas ações ótimas. Todo mundo precisa. As coisas hoje em dia não estão fáceis, está tudo muito difícil. La no postinho de saúde, na zona rural, está andando, devagar, mas andando. Mas, lá não tem dentista e nem oftalmologista, e nós precisamos”, argumenta.

Questionada sobre passar a noite na fila para conseguir um lugar, ela sorri e diz que ficará em vigília. “Vou fazer até um culto”, disse com sorriso no rosto.
Outra pessoa que chegou cedo para conseguir um atendimento foi o idoso José Pereira da Silva, de 81 anos.

“Vou passar a noite toda aqui, preciso fazer uma consulta de vista. A gente vai se cuidando, todo mundo vai se ajudando durante a noite”, disse sobre a fila já formada ainda na tarde de segunda-feira, 11.

O aposentado lamenta a situação nos postinhos de saúde e diz que essa é uma boa oportunidade para consultar de graça e ainda ganhar uns óculos, já que com um salário mínimo que recebe não daria conta de fazer por meio particular.

As filas para atendimentos e procedimentos médicos em Marabá – e no Brasil – apontam graves problemas na saúde pública, o que causa, muitas vezes, um agravamento na saúde da população, que poderia ser evitado com consultas precoces.
“O salário mínimo dá fome, e essa é uma bocada muito boa”, disse, sorrindo, enquanto aguardava na fila para o atendimento do dia seguinte.

SERVIÇO
Nesta terça, 12, os atendimentos do Instituto Miguel Chamon seguem no Bairro da Paz. Na quarta-feira, 13, as carretas estacionam no Bairro Liberdade e seguem até sábado, 16. (Da Redação)