Correio de Carajás

Feirantes da F. 28 batem o pé e não querem sair por novo projeto

Na manhã desta terça-feira (13), feirantes da Folha 28 (Nova Marabá) dizem ter sido surpreendidos com a informação de que alguns deles teriam de desarmar suas barracas e ficar no meio da rua porque a tradicional feira será revitalizada e alguns espaços serão modificados. Houve um ligeiro atrito entre os feirantes e trabalhadores do Departamento de Postura da Prefeitura de Marabá.

Começaram a ser removidos os feirantes que têm barracas móveis, algo em torno de 40 barracas, muitas delas estabelecidas há cerca de duas décadas na área. A grande preocupação deles é que, com a reforma, só haverá espaço para 22 feirantes. Ou seja: metade terá de procurar outro lugar para trabalhar.

Vilmário Aquino: “Nunca comunicou a gente, nunca teve uma reunião”/
Imagens: Ricardo Magno/TV Correio (SBT)

Reclamações

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Feirante há mais de 15 anos, Vilmário Aquino disse que não esperava por isso. “Diz que vão remover a gente; não tem um lugar adequado, nunca comunicou a gente, nunca teve uma reunião, tem pra mais de 40 pessoas nessa feira e diz que o projeto é pra 22 pessoas. E os outros vão pra onde?”, questiona, acrescentando que a prefeitura tem que instalar mais boxes para os feirantes.

Outra feirante, Maria Luiza Pereira de Souza observa que não sabe para onde vai, porque a previsão é de que eles fiquem 15 dias no meio da rua, mas depois não existe certeza se ainda terão um espaço na feira. “Aí o que é que nós vamos fazer? Vamos passar necessidade. Tem que ver o que vão fazer por nós”, reclama.

Por outro lado, Erisvelton Rodrigues Pinheiro, que trabalha na feira há uma década e meia, lamenta também que nunca foram notificados. “A Postura tem que chegar e chamar o feirante pra conversar, ver como vai fazer, e não chegar de repente, nos tirar assim… A reivindicação é essa, porque nós somos seres humanos, somos trabalhadores”, critica, acrescentando que não tiveram sequer acesso ao projeto da nova feira. “Feirante não é cachorro!”, dispara.

Quando o diretor do Departamento de Postura, Túlio Rosemiro, chegou à feira, ele mostrou uma planta do projeto, explicou que eles precisam sair do local, dando a opção de ficarem na pracinha debaixo, chamada de “Pracinha do Magrão”. Mas os feirantes entendem que o espaço é pequeno e pediram para ficar no canteiro central da VP-8, perto do estacionamento.

Cadê a postura da postura?

Durante a explicação, um dos feirantes se exaltou e elevou o tom ao falar com Túlio Rosemiro, acusando a prefeitura de querer retirar os feirantes de qualquer jeito. Diante disso, o servidor público ficou um pouco alterado e, em resposta, disse que não tinha medo de tirar ninguém dali e tiraria qualquer um que fosse preciso. O feirante se afastou, mas continuou resmungando, enquanto Túlio soltou um palavrão em voz baixa: “Vai tomar no teu c…”.

Depois, com os nervos mais serenos, Túlio explicou que, para a cobertura da feira ser feita, é preciso realocar os feirantes para o estacionamento da VP-8 ou para outra parte da via, que também fica entre as duas pistas de rolamento. Ele ficou de conversar com o próprio prefeito Tião Miranda para definir qual a melhor saída.

Questionado sobre a falta de diálogo, de aviso aos feirantes, Túlio Rosemiro foi contraditório: disse que os trabalhadores já sabiam, mas admitiu que faltava conversar com eles. Segundo o diretor, muitas pessoas estão levando a situação para o lado político. “Muitas pessoas vêm falar mal, falar besteira, e nós nunca fazemos besteira, sempre fazemos o que é certo”, resumiu.

Sobre a situação dos feirantes remanejados, ele disse que o caso será definido, no tempo certo, pelo sindicato da categoria, que vai decidir quem serão os 22 trabalhadores que vão ocupar continuar na feira.(Chagas Filho)