Correio de Carajás

Febre – Sinal de Alerta

A febre, diferentemente do que muitos pensam, não é uma doença e deve ser encarada como um sinal de alerta de que algo não está bem em nosso corpo. Ela se caracteriza por ser uma elevação da temperatura do corpo a níveis superiores que os normais, e apresenta papel importante no combate contra infecções.

      A febre é um possível sintoma de diferentes enfermidades. A temperatura corporal ideal varia de 36 a 36,7º C. De 37,3 e 37,8° C diz-se febrícula e acima de 37,8º febre propriamente dita. Nas mulheres, após a ovulação e durante o ciclo menstrual, e no primeiro trimestre da gravidez há uma elevação natural da temperatura.

      A febre surge quando o hipotálamo, no cérebro, faz a temperatura se elevar. Pode vir acompanhada de calafrios, tremores, calor e suor. A febre é um sinal de alerta, mas quando tem uma baixa elevação é considerado um mecanismo de defesa natural. Alterações de até um grau podem ser absolutamente aceitáveis em condições normais.

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      Também podem vir associada a dores musculares, nas articulações, cefaleia, fraqueza, irritabilidade, perda do apetite, boca seca e desidratação. Cuidado especial deve ser dado às crianças em febres acima de 39° C, em virtude da possibilidade de poder complicar com confusão mental, delírios e convulsões.

      Entre as doenças que causam febre destacam-se infecções por vírus, bactérias, fungos e parasitas. Da mesma forma ocorre com as doenças não infecciosas, como as doenças do sistema nervoso central (hemorragias, trauma, tumores), os canceres (de fígado, rins, intestinos, linfomas, leucemias), do sistema cardiovascular (infarto, tromboflebites, embolia pulmonar), hipertireoidismo, algumas hepatites, doença reumáticas.

      A febre é apenas um sintoma de causas variáveis, por este motivo a escolha do tratamento está diretamente associada à doença de base. Doenças por bactérias exige a prescrição de antibióticos, já nas provocadas por vírus os antibióticos são totalmente ineficazes, necessitando o uso de sintomáticos e cuidados clínicos especiais.

      Na maioria dos casos a febre é provocada por agentes infecciosos de curta duração como gripes, resfriados, algumas infecções intestinais, amigdalite, pneumonias, entre outras que o próprio sistema de defesa do organismo consegue eliminar. Basta saber que a elevação da temperatura do corpo é inicialmente uma estratégia natural e benéfica do hospedeiro para reagir às agressões internas e externas.

      Em geral basta hidratação, repouso e sintomáticos que aliviam os sintomas e confortam. Medicamento antitérmico deve ser utilizado com cuidado e quando absolutamente necessário. É bom ressaltar que doses muito altas de paracetamol podem agredir os rins e o fígado, e que o AAS é contra indicado nos casos de Dengue e de certas infecções virais em crianças.

      A febre também pode ser sinal de alerta de uma doença que precisa ser tratada com rapidez. Por isso, procure assistência médica nos seguintes casos: Temperatura acima de 37,5° C e abaixo de 35,5° C em bebês com menos de três meses, e superior a 39° C em bebês acima de três meses, ou se a febre alta ou baixa vier acompanhada de choro persistente e irritabilidade extrema. Febre com duração maior que 24 horas, acompanhada de dor de cabeça, irritabilidade, sonolência, dificuldade para falar, apatia (sintomas sugestivos de meningite) em crianças de dois anos de idade.

      A febre tem de ser valorizada e investigada em pessoas de qualquer idade acompanhada dos seguintes sintomas: cefaleia forte e persistente, sensibilidade aumentada à luz, dor de garganta que impede a deglutição, vermelhidão na pele, nuca endurecida e dolorosa ao curvar a cabeça, confusão mental, vômitos repetitivos, dificuldade para respirar ou dor no peito, irritabilidade ou sonolência, dor ao urinar ou micção frequente em pequena quantidade.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.