Correio de Carajás

Famílias ficam à beira do precipício

Famílias ficam à beira do precipício

Mais quatro casas foram removidas pelo Departamento Municipal de Postura na noite da última quarta-feira, dia 19, no Bairro Francisco Coelho, conhecido popularmente como “Cabelo Seco”, na Marabá Pioneira. As residências estavam localizadas na Rua 27 de Março, que termina no encontro dos rios Tocantins e Itacaiunas, onde a cidade começou a ser povoada.

De acordo com o coordenador de Postura, Túlio Rosemiro, a retirada das residências é necessária para o prosseguimento das obras de infraestrutura portuária e de proteção das margens de ambos os rios, continuando do final da Orla Sebastião Miranda.

Preocupação

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Por outro lado, as remoções têm tirado o sono dos moradores da área. A moradora Lucimar Holanda é uma das residentes da área que está com a casa à beira do precipício. Aparentemente nervosa e abalada, ela contou à Reportagem do jornal que quando uma das vizinhas chegou à rua, sua casa já havia sido demolida. “Na reunião garantiram que a gente não ia precisar sair de nossas casas, mas que talvez pudesse rachar alguma parede, mexer alguma estrutura dela, mas que elas não seriam retiradas. Ontem, no final da tarde, já estava anoitecendo quando eles chegaram do nada, sem dar tempo para nada e foram tirando as pessoas, derrubando as casas. Pessoas passaram mal, caíram os fios de energia, foi um pânico”, contou a dona de casa.

Segundo outra habitante, que não quis se identificar, foi realizada uma reunião na última terça-feira (18) entre os órgãos da Prefeitura de Marabá com o Ministério Público do Estado do Pará, para tratar a respeito da transferência provisória para aluguel social das oito residências que foram removidas. Quatro no mês passado e as 4 desta semana.

Momento em que a máquina da prefeitura derruba casa de dois andares/ Foto: reprodução

Conforme a moradora, em momento algum foi discutido na reunião sobre a demolição das quatro casas. “Foi falado que caso a gente quisesse sair, aí poderia entrar em acordo com a PMM. Eles chegaram de repente e derrubaram as casas. Não chegou até a minha, mas derrubaram de duas vizinhas”, contou a moradora, apavorada.

“Aluguel social eles ofereceram sim, para todos. Falaram isso pra gente não correr risco quando estivessem mexendo aqui, que é o justo, mas não falaram que iriam tirar a casa da gente, derrubar. Se for acontecer isso (remoção), imediatamente eu quero que eles cheguem pra mim e coloquem o valor, que aí já me indeniza logo e me passa para outra casa”, desabafou. (Karine Sued)