Correio de Carajás

Famílias esperam por esclarecimentos, diz advogado

Este CORREIO entrou em contato por telefone com o advogado Cândido Lima Júnior, que defende o interesse das famílias dos três caçadores mortos. Ele disse que o desejo dos parentes dos rapazes é saber quem foram os autores do crime e também quem colaborou com a ocorrência da tragédia, pra que sejam punidos na forma da lei. A ideia é individualizar a participação de cada um, justamente para evitar generalizações.

“Não podemos atribuir o crime aos indígenas”, observa o advogado, ao acrescentar que existem milhares de índios na região e certamente não se pode culpar todos eles por um crime que ainda está em investigação.

Na hipótese de o autor do assassinato ter sido algum indígena (ou mais de um), como parece ter sido, o advogado observou que, nesse caso, existem decisões do STF – Supremo Tribunal Federal – que levaram em contato o grau de discernimento dos indígenas, a partir do nível de contato com os não-indígenas.

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Ou seja, quanto mais próximo da cultura do chamado “homem branco”, maior a possibilidade de responder criminalmente. Porém o advogado observa que ainda é muito cedo para falar sobre isso.

Perguntado se a família vai pleitear alguma indenização da União, o advogado foi enfático: “Não tem dinheiro no mundo que pague uma vida”. Observou também que nunca conversou sobre este assunto com as famílias, até porque o inquérito policial está no início. Mas ele não descartou que isso possa ser feito futuramente, a depender do resultado das investigações e do entendimento que os familiares terão sobre o caso quando tudo for concluído.

Perguntado sobre o clima na região, o advogado deixou claro que as pessoas estão revoltadas e em luto, mas que não existe nenhum perigo de invasão da Terra Indígena Parakanã, para cometer algum mal contra os povos que vivem na reserva. Prova disso é que desde a descoberta dos corpos até o momento as manifestações foram pacíficas.

A Força Nacional e um reforço da Polícia Militar permanecem nas imediações da TI Parakanã. “Mas até o momento não tiveram trabalho nenhum”, afirma o advogado Cândido Júnior.

(Chagas Filho)