Correio de Carajás

Familiares de presos pressionam para retorno das visitas no presídio de Marabá

Cerca de 40 pessoas, grande parte mulheres, alega que estão sem visitar seus familiares, ficando com pouca ou sem nenhuma informação sobre eles. Elas aguardam a chegada de 50 mulheres que estão vindo de Parauapebas e devem se reunir ainda nesta quinta (3) em frente ao Fórum.

Na manhã desta quinta-feira (3) familiares de presos – em sua maioria mulheres – estiveram em frente à Câmara Municipal de Marabá para pedir que os vereadores intercedam junto ao Poder Judiciário para que as visitas ao presídio voltem a acontecer.

Com carro de som e uma manifestação pacífica, elas querem chamar a atenção do Poder Público para que a situação seja resolvida. “Desde o início da pandemia, em março de 2020, as visitas estavam suspensas. Passou um tempo, retornaram gradativamente. Aí começaram a exigir a vacina, e todo mundo se vacinou com a primeira e segunda dose, até quem não era a favor, justamente por causa disso. Agora cancelaram as visitas novamente”, diz Ludmila dos Reis, uma das organizadoras e mulher de preso.

Ao Correio de Carajás, ela conta que há mulheres que estão há mais de um ano sem visitar o parente que está dentro do sistema prisional, exemplificando a falta de proximidade com o familiar. “Eles em ressocialização. Mas como vai ressocializar se o preso não vê a família? Fora os outros problemas que surgem”.

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Ludmila denuncia que os presos trocam de roupa apenas uma vez por semana e quando tentam entregar um kit de higiene aos parentes é sempre muito difícil. “Eles trocam de roupa todo sábado. Imagina isso! Não podemos ir sempre. Quando vamos, dizem que não é nossa vez. Para um advogado ir lá levar e visitar o preso a gente paga em torno de R$ 150. Muitas não têm condições”, lamenta, clamando por um sistema mais justo.
“Viemos aqui pra frente da Câmara para pedir que os políticos saibam da situação e analisem sobre o direito de visita. isso prejudica o preso emocionalmente, e se o sistema não melhorar pode vir a ter problemas seríssimos lá dentro”, finaliza Ludmila.

“Como vai ressocializar se o preso não vê a família?”, questiona Ludmila dos Reis, uma das organizadoras. Fotos: Evangelista Rocha

Cleomar dos Santos tem um filho que está preso e participa, junto com outras tantas mães, do protestou porque estão há meses sem ver seus filhos. Há exatos nove meses sem contato com o filho, ela tem pagado uma advogada para ir ao presídio entregar alguns produtos de primeira necessidade ao rapaz, já que ela não consegue visitá-lo. “A assistente social diz que vai me avisar quando for a minha vez, e já se passaram nove meses que estou esperando. Esse dia nunca chega. Saem várias listas e o nome dele nunca está”, lamenta.

Cleomar dos Santos está há nove meses sem ver o filho no sistema prisional. Fotos: Evangelista Rocha

Questionada sobre como fica o coração de uma mãe nesse momento, ela se emociona. “Fica muito angustiado. Não tem como explicar, é muito difícil. Não consigo dormir à noite, penso no frio que meu filho pode estar passando, porque nem um lençol posso levar. Só estou pedindo pelo meu direito de visitar meu filho. Isso é muito injusto”, finaliza. (Ana Mangas)