Na manhã desta quinta-feira (3) familiares de presos – em sua maioria mulheres – estiveram em frente à Câmara Municipal de Marabá para pedir que os vereadores intercedam junto ao Poder Judiciário para que as visitas ao presídio voltem a acontecer.
Com carro de som e uma manifestação pacífica, elas querem chamar a atenção do Poder Público para que a situação seja resolvida. “Desde o início da pandemia, em março de 2020, as visitas estavam suspensas. Passou um tempo, retornaram gradativamente. Aí começaram a exigir a vacina, e todo mundo se vacinou com a primeira e segunda dose, até quem não era a favor, justamente por causa disso. Agora cancelaram as visitas novamente”, diz Ludmila dos Reis, uma das organizadoras e mulher de preso.
Ao Correio de Carajás, ela conta que há mulheres que estão há mais de um ano sem visitar o parente que está dentro do sistema prisional, exemplificando a falta de proximidade com o familiar. “Eles em ressocialização. Mas como vai ressocializar se o preso não vê a família? Fora os outros problemas que surgem”.
Leia mais:Ludmila denuncia que os presos trocam de roupa apenas uma vez por semana e quando tentam entregar um kit de higiene aos parentes é sempre muito difícil. “Eles trocam de roupa todo sábado. Imagina isso! Não podemos ir sempre. Quando vamos, dizem que não é nossa vez. Para um advogado ir lá levar e visitar o preso a gente paga em torno de R$ 150. Muitas não têm condições”, lamenta, clamando por um sistema mais justo.
“Viemos aqui pra frente da Câmara para pedir que os políticos saibam da situação e analisem sobre o direito de visita. isso prejudica o preso emocionalmente, e se o sistema não melhorar pode vir a ter problemas seríssimos lá dentro”, finaliza Ludmila.
Cleomar dos Santos tem um filho que está preso e participa, junto com outras tantas mães, do protestou porque estão há meses sem ver seus filhos. Há exatos nove meses sem contato com o filho, ela tem pagado uma advogada para ir ao presídio entregar alguns produtos de primeira necessidade ao rapaz, já que ela não consegue visitá-lo. “A assistente social diz que vai me avisar quando for a minha vez, e já se passaram nove meses que estou esperando. Esse dia nunca chega. Saem várias listas e o nome dele nunca está”, lamenta.
Questionada sobre como fica o coração de uma mãe nesse momento, ela se emociona. “Fica muito angustiado. Não tem como explicar, é muito difícil. Não consigo dormir à noite, penso no frio que meu filho pode estar passando, porque nem um lençol posso levar. Só estou pedindo pelo meu direito de visitar meu filho. Isso é muito injusto”, finaliza. (Ana Mangas)