Correio de Carajás

Execução de Riquelme causa dor e revolta, familia pede justiça

Sob clima de dor e revolta, aconteceu, na tarde de ontem (9), o velório e o sepultamento de José Feitosa da Silva, o “Riquelme”, de 40 anos. Ele foi assassinado na noite de quinta-feira (8), no Residencial Tiradentes (Núcleo São Félix), por dois pistoleiros. O crime aconteceu em frente ao Instituto Florescer, entidade na qual ele atuava, prestando serviços à comunidade.

No velório, que ocorreu na sede da Igreja do Evangelho Quadrangular (Folha 21, Nova Marabá), onde a vítima se casou e frequentava com a família, quase ninguém quis falar sobre o assunto. Mas a reportagem conversou com Diorgio Santos, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), que era amigo de “Riquelme”.

Riquelme era líder comunitário e ativista político conceituado na área/ Foto: Divulgação

“Saber que um cara que lutava em prol dos movimentos sociais, que ajudava muito a comunidade do residencial, do nada teve a vida ceifada por dois criminosos”, desabafa, ao acrescentar que ele havia conseguido calçamento para o bairro, trabalhava como uma horta comunitária.

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A reportagem do CORREIO também esteve pela manhã no Residencial (que é um dos quatro bairros formados pelo programa Minha Casa Minha Vida), em busca de informações sobre o caso. Mas, no local, ninguém quis comentar sobre o ocorrido.

O crime

De acordo com informações da Polícia Militar, dois criminosos abordaram a vítima em frente à casa dele, onde também funciona o Instituto Florescer, e deram pelo menos quatro tiros em Riquelme. Uma testemunha filmou ainda a vítima dando os últimos espasmos antes de morrer. O SAMU foi acionado, mas devido à demora, ele foi socorrido no veículo que uma moradora do bairro.

Quanto aos criminosos, o que se sabe é que eles fugiram a pé, alguns metros à frente, roubaram a motocicleta de uma mulher que circulava perto do local do crime. Acontece, porém, que pouco tempo depois de montarem na moto, o alarme do veículo disparou e cortou a corrente de transmissão, fazendo a moto parar.

Diante disso, os pistoleiros abandonaram o veículo em um caminho de futebol na saída do bairro e continuaram a fuga a pé.

Delegado Vinícius Cardoso, diretor da 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil, confirmou que investigadores do Departamento de Homicídios estiveram no local e colheram as primeiras informações que vão ajudar a subsidiar o inquérito policial.

A vítima foi atingida com pelo menos quatro tiros na noite de quinta-feira/ Foto: Divulgação

Investigações

Circulou uma informação de que uma equipe da Divisão de Homicídios, de Belém, seria deslocada até Marabá para auxiliar nas investigações. Mas essa informação não foi confirmada oficialmente pelo delegado Toni Vargas, titular do Departamento de Homicídios, e nem pelo superintendente regional, Thiago Carneiro.

Por outro lado, o delegado Toni Vargas disse que trabalha com duas linhas de investigação, mas não revelou quais são. Disse também que vai ouvir pessoas ligadas à vítima a partir de segunda-feira (12).

Nota de pesar

Em nota pública, o Diretório Municipal do PT Marabá se diz estarrecido com a forma como foi ceifada a vida do “jovem e sonhador José Feitosa da Silva, 40 anos, conhecido como Riquelme, filiado ao Partido dos Trabalhadores”. A nota oficial lembra ainda que Riquelme era presidente do Instituto Renascer e líder da horta comunitária daquele Residencial.

“O Diretório do Partido dos Trabalhadores se solidariza com seus familiares e amigos, exigindo das autoridades competentes, imediata apuração deste bárbaro crime e punição dos culpados. Crime com tal brutalidade não pode ficar impune, pois assim sendo toda a sociedade estará fragilizada e entregue ao caos”, cobra do documento. (Chagas Filho e Gecelha Sobreira)