Correio de Carajás

Exames radiológicos e endoscópicos durante a gestação II

Em relação a ultrassonografia podemos dizer que a configuração dos aparelhos ultrassonográficos depende do tipo, do uso e da indicação dos exames solicitados. Aqueles destinados à aplicação em obstetrícia não estão associados a elevações da temperatura nos tecidos.

Mesmo utilizando-se o modo doppler, quando comparados aos aparelhos utilizados para outras condições. A ultrassonografia é indicada com critérios obstétricos no período gestacional e que, quando utilizada com a configuração adequada, não representa riscos para o feto.

Já a Tomografia Computadorizada desempenha um importante papel no diagnóstico de patologias na gravidez. Trata-se de um recurso utilizado mediante discussão ponderada acerca dos possíveis riscos e, sobretudo, do uso do contraste. Este a ser aplicado apenas em casos absolutamente necessários e para obtenção de informações adicionais que afetarão os cuidados do feto ou da mulher.

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Quando possível, cogitar a indicação da ressonância magnética em substituição à tomografia computadorizada. Quantidades mínimas do contraste iodado são excretadas no leite materno, de modo que a amamentação não necessita ser descontinuada.

A ressonância nuclear magnética (RNM) tem vantagens sobre a ultrassonografia e a tomografia computadorizada na obtenção de imagens dos tecidos moles, pois não utiliza radiação ionizante, não havendo contraindicações específicas, sendo segura para todos os trimestres da gestação, não existindo evidências de lesões para o feto, como aquecimento dos tecidos e danos acústicos.

A RNM apresenta 95% de sensibilidade e 85% de especificidade na avaliação de quadros de dor abdominal não traumática. Quanto à teratogênese, há escassez de estudos em humanos. Entretanto as pesquisas em animais não demonstram risco.

O Colégio Americano de Radiologia conclui que nenhuma recomendação especial deva ser feita para o primeiro trimestre de gravidez em detrimento aos outros períodos gestacionais. Já no tocante a utilização de meio de contraste, o uso do gadolínio limita-se a situações em que os benefícios superem claramente os possíveis riscos.

Com relação ao ácido gadoxético, utilizado na ressonância magnética para avaliar pacientes com doença hepática crônica e lesões focais, não há evidências disponíveis sobre a segurança do seu uso durante a gravidez e recomenda-se cautela na aplicação.

Quanto aos exames de medicina nuclear têm sua indicação para estudos cerebrais, ósseos, renais, pulmonares e cardiovasculares. A exposição fetal durante tais estudos depende das propriedades físico-químicas do radioisótopo. O tecnécio 99m tem uma meia-vida de 6 horas, sendo um emissor de raios-gama puros, o que minimiza a dose de radiação sem comprometer a qualidade das imagens.

A dose de 5 mGy é considerada segura na gravidez, sendo comumente a utilizada nos exames de medicina nuclear, garantindo uma exposição embrionária ou fetal inferior à lesiva.

Entretanto, nem todos os radioisótopos são empregados com segurança durante a gravidez. O iodo radioativo (iodo 131) atravessa facilmente a barreira placentária, tem meia-vida de 8 dias e possui potencial de afetar adversamente a tireoide fetal, especialmente se usado após 10-12 semanas de gestação. Seja para fins diagnósticos ou terapêuticos, o iodo 131 não deve ser utilizado em gestantes. Se um exame diagnóstico da tireoide for essencial, o tecnécio 99m é o isótopo de escolha.

Os compostos radionuclídeos são excretados no leite materno em concentrações distintas e por períodos variados. Além disso, suas taxas de excreção são sujeitas a variações individuais. Dado que alguns materiais nucleares específicos excretados no leite materno têm potenciais efeitos deletérios, recomenda-se a consulta com especialistas quando estes compostos forem utilizados em lactantes.

Exames radiológicos são métodos diagnósticos complementares que fornecem informações imprescindíveis no acompanhamento de inúmeras condições médicas, entretanto o uso desses métodos no período gravídico gera dúvidas quanto à segurança para mães e fetos, prevalecendo a relação risco x benefício.

 

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.