Uma audiência pública foi realizada nesta sexta-feira (1º), no plenário da Câmara Municipal de Marabá, para tratar sobre o Escritório Social e, atingir, principalmente, o setor privado e os empresários. O objetivo é sensibilizá-los para se tornarem potenciais empregadores dos pré e egressos do sistema penal que buscam uma reinserção significativa na sociedade. A principal demanda daqueles que deixam o sistema prisional é a busca por emprego, enfrentando a maior dificuldade: a inclusão no mercado de trabalho.
Outro desafio enfrentado por essas pessoas é a questão da documentação pessoal, uma barreira significativa para muitos. Apesar dos desafios iniciais, o escritório social tem desempenhado um papel crucial, atendendo 156 pessoas nesse curto período. Dentre esses, 22 são regressos, homens e mulheres que já estão ativos em empresas locais, inclusive nas que contribuem para a construção de pontes na cidade.
O juiz Caio Marco Berardo, titular da Vara de Execução Penal da Comarca de Marabá, conversou com a reportagem deste CORREIO e destacou a importância do Escritório Social, um instrumento que se desenvolve há um bom tempo sob a orientação do Conselho Nacional de Justiça.
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“Esse projeto tem como foco primordial a reinserção social dos pré-egressos e egressos, indivíduos que estão concluindo suas penas ou acabaram de finalizá-las, estando teoricamente prontos para retornar à sociedade”, disse.
O caráter voluntário do Escritório Social é destacado pela autoridade, enfatizando que o preso ou o reingresso não está obrigado a procurar seus serviços. No entanto, a iniciativa se configura como uma colaboração entre diferentes esferas governamentais, visto que o sistema penitenciário é de competência do Estado, enquanto a assistência social e a saúde são muitas vezes fornecidas por serviços locais. “Assim, o município, o estado e até mesmo a União, por meio de instrumentos nacionais, unem esforços para cumprir uma função crucial em prol da cidadania”, aponta.
O juiz explica que o Escritório Social atua como um elo entre a pessoa que estava reclusa e a sociedade. Na prática, a iniciativa busca criar um planejamento individualizado para o egresso, envolvendo uma equipe especializada e utilizando os recursos disponíveis por meio de parcerias com o setor público e iniciativa privada.
Essa abordagem visa reintegrar o indivíduo ao convívio social de maneira mais efetiva. “Marabá é o segundo município a contar com uma sala do Escritório Social, sendo a primeira localizada em Belém”, diz. Além disso, o magistrado destaca que há um fluxo de saída prisional já estabelecido, onde o cidadão, ao se aproximar do final de sua pena, passará por uma entrevista, sendo pré-selecionado e encaminhado ao escritório.
A expectativa é atender entre 100 a 200 pessoas por mês, sinalizando um compromisso significativo com a reinserção social e a construção de um caminho mais justo para aqueles que buscam uma nova chance na sociedade.
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“O projeto iniciou suas atividades neste ano, em maio. Agora, após seis meses de atuação, é o momento de refletir sobre os progressos alcançados nesse curto período. O trabalho é recente, mas sua importância é evidente, especialmente no que se refere à necessidade de ampliar a divulgação” disse o vereador Coronel Araújo.
VIDAS TRANSFORMADAS
Com apenas 22 anos, Iago Cardoso da Silva, trilhou um caminho do qual não se orgulha, mas hoje está reconstruindo sua vida com determinação e ajuda do Escritório Social. Atualmente, ele se dedica à segurança do trabalho na cidade. Ao ser questionado sobre o pós-prisão, seus olhos brilham de gratidão.
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“Está sendo muito importante saber que tem alguém que acredita na gente, que possa disponibilizar oportunidade para que a gente possa mostrar que a gente também tem capacidade de mudar e que a gente pode ter uma nova chance. Então, é muito importante esse trabalho e essa oportunidade que eles estão dando para a gente”, diz.
Iago compartilha abertamente sobre sua jornada, admitindo que seu envolvimento com drogas o levou à penitenciária. Contudo, com uma voz cheia de esperança, ele expressa sua alegria ao recomeçar. “Graças a Deus, a gente tem a oportunidade de recomeçar novamente.” Com cinco meses de trabalho, Iago revela seu sentimento atual: “Alegria. Gratidão.”
Um Novo Capítulo
Flávia Cardoso de Souza, aos 24 anos, buscou ativamente uma chance de recomeço por meio do Escritório Social. Em uma reviravolta de destino, a assistência social a encaminhou para uma oportunidade de trabalho. Questionada se imaginava que teria uma oportunidade após a vida egressa, nega, mas, com quatro meses de emprego graças ao Escritório Social, ela aproveita o exemplo e expressa a importância da chance dada a ela, mesmo em meio a desafios passados. “Isso, essa oportunidade maravilhosa que agradecer primeiramente a Deus e pelas pessoas envolvidas. Sou muito grato a Deus e a todos que deram essa oportunidade”, reflete.
A Jornada
Francisco Ferreira de Menezes, aos 35 anos, traz consigo uma jornada de superação. Com um olhar reflexivo, ele compartilha sua história marcada por diversas passagens pelo sistema penal: “Agradeço primeiramente a Deus e muitas oportunidades de apoio, igual à nossa assistência social por meio do Escritório Social que me deu oportunidade, sempre me ajudando, me apoiando.”
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Atualmente em condicional, Francisco não só encontrou apoio na assistência social, mas também está dedicado aos estudos. Impedido de trabalhar devido a um problema de saúde, o senhor aposta todas as fichas na escola e até se alegra ao contar que, agora, está finalizando a alfabetização.
Na luta diária pela reinserção, Francisco expressa seu agradecimento pela oportunidade de comparecer e compartilhar sua jornada: “É uma gratidão sem tamanho”, finaliza. (Thays Araujo)