Correio de Carajás

Escritores de Marabá vencem prêmio com prosa e poesia

A última segunda-feira (22) foi de comemoração para dois prestigiados escritores da Terra de Francisco Coelho. Airton Souza de Oliveira e Bertin Di Carmelita, como é conhecido Adalberto Marcos da Silva no meio literário, venceram o Prêmio “Dalcídio Jurandir”, promovido pela Imprensa Oficial do Estado do Pará (Ioepa), nas categorias prosa e poesia. Eles representam a região de Carajás no pódio. Essa foi a primeira vez que o projeto abrangeu todo o estado.

Diante da conquista, a Reportagem do CORREIO procurou os dois para um bate-papo a respeito das obras vencedoras. Airton Souza, que está prestes a completar 20 anos de trajetória literária, conquistou uma das posições com o livro “Receita para angustiar o amor no coração da noite”, de 50 páginas. O exemplar busca retratar uma outra face da bruxa Matinta Perera, conhecida personagem do folclore amazônico.

“A história mostra o quanto essa mulher também pode amar. É parte de um processo de desconstrução do que nós conhecemos a respeito da Matinta. Esse livro deve ter uns sete anos que vem sendo trabalhado e é destinado ao público infantojuvenil”, destaca o multipremiado Airton Souza.

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Para ele, sair vitorioso de um concurso literário é sempre indescritível. O escritor acumula mais de 60 prêmios nacionais e não pretende deixar os editais tão cedo. A esse respeito, uma das disposições do Dalcídio Jurandir é que os campeões terão a obra vitoriosa editada e impressa pela Ioepa e lançada na próxima edição da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes.

“A sensação de vencer um prêmio literário tem pelo menos duas simbologias especiais. A primeira delas é pessoal, como parte da recompensa pela minha dedicação às literaturas. A segunda está ligada à representação, nesse caso, colocando o nome de Marabá e da região de Carajás em evidência”, argumenta o escritor.

O multipremiado Airton Souza emplacou uma prosa em nova leitura da lenda Matinta Perera

VOCABULÁRIO ARROJADO

O nordestino Bertin Di Carmelita, radicado em Marabá desde os anos 80, também figura nas primeiras colocações do concurso, que recebeu 125 inscrições no total. Ele venceu com o poema “Somos Água, Somos Terra, Somos Vida”, que enfoca a riqueza da região em recursos naturais.

O livro de Bertin, aliás, já foi publicado em edição especial do jornal da Comissão Pastoral da Terra, além de ter sido impresso na quarta capa da agenda de 2020 da CPT. Também foi premiado em um concurso no Tocantins.

Com vocabulário arrojado, Bertin fez parte da série de reportagens “Marabá do Meu Tempo”, de iniciativa do Grupo Correio de Comunicação. A produção homenageou os 107 anos da cidade.

Na ocasião, ele comparou Marabá a uma mãe adotiva, visto que nasceu em Bom Jardim, no interior de Pernambuco. Aqui, Bertin teve duas filhas, sendo que a mais velha se formou em Direito e foi morar em Pernambuco.

“Estou muito feliz por poder registrar o nome da nossa região em mais um concorrido prêmio literário” sintetiza, emocionado, Bertin Di Carmelita. (Vinícius Soares)