Correio de Carajás

Equipes de buscas foram até o Lourenção a procura de Davi

Menino de 3 anos encantou a todos na tarde de sábado, no ensaio da quadrilha junina. Horas depois caiu de moto náutica no rio e seu corpo não foi achado.

Seis lanchas e uma moto aquática percorrem as águas do Rio Tocantins desde o Bairro Santa Rosa, em Marabá, até o Pedral do Lourenção, no município de Itupiranga, à procura do corpo do pequeno Davi Luiz Alves Sousa, de apenas 3 anos de idade. Ele caiu de uma moto náutica na noite de sábado (14), quando passeava pelo rio com seu pai, Luciano Alves Ferreira. O caso está gerando extrema comoção em Marabá.

Por volta das 18h30 de ontem (16), a reportagem deste CORREIO entrou em contato com Ademar Dias, uma das lideranças do Bairro Santa Rosa e amigo da família. Ele disse que somente nessa segunda foram empregadas seis lanchas e uma moto náutica em busca do pequeno Davi. A varredura seguiu até o Pedral do Lourenção e no trajeto foi feito contato com pescadores para saber se algo que ajudasse a localizar a criança teria sido visto, mas as equipes de busca voltaram para casa de mãos e coração vazios. Nem notícia do menino.

Não foi possível conversar com os pais de Davi, devido ao estado de choque em que se encontram, principalmente o genitor, Luciano Alves Ferreira, que levava o filho na garupa da moto aquática. A mãe, Dielma da Conceição Sousa, ficou desolada.

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A tragédia

Segundo a polícia, Luciano é caseiro da náutica Yate Marabá e levou o filho para passear no rio em uma das motos náuticas que ele toma conta, quando aconteceu a tragédia (por volta das 21h).

O afogamento ocorreu na altura da Colônia de Pescadores Z-30 e Luciano foi levado à delegacia de polícia e submetido ao teste do etilômetro (bafômetro), onde foi confirmada a ingestão de bebida alcoólica (0.47mg/L), o que já caracteriza crime de trânsito.

Além disso, ele não possui permissão e nem habilitação para pilotar embarcação. “Instaurou-se inquérito policial para apurar o caso, preliminarmente tratado como homicídio culposo”, diz nota da Polícia Civil sobre o caso.

Sobre o assunto, o conselheiro tutelar Edivaldo Santos, ouvido pela reportagem da TV CORREIO (SBT), observou que o menino certamente estava sem equipamento de segurança. “Essa criança possivelmente não estaria com o colete salva-vidas”, reafirmou, acrescentando que cabe, agora, o Conselho Tutelar não tem ingerência sobre o caso e que cabe à Polícia Civil investigar.

Mas, nesse momento, o foco maior das autoridades e da comunidade local tem sido em encontrar o corpo de Davi. Por ora, há que se respeitar a dor e o luto da família. “Foi um baque muito grande, uma tragédia pra família… o que a gente quer mesmo é que o corpo apareça para a gente fazer um veloriozinho”, desabafa Josélia Carvalho Leal, tia da vítima.

Barqueiros fizeram até corrente de oração para encontrar o menino

Buscas e vigília

Tão logo a notícia se espalhou pelo Bairro Santa Rosa, várias pessoas começaram a ajudar nas buscas, ainda na madrugada. Mesmo durante o dia de domingo, as buscas se intensificaram, com ajuda da lancha da Polícia Militar e de vários pescadores e rabeteiros que trabalham com transporte de passageiros para a Praia do Tucunaré.

Na noite de domingo, jovens da Quadrilha Fogo no Rabo, da qual os pais são membros, fizeram vigília na Capela do Divino Espírito Santo, no Santa Rosa, e por volta de 5h da madrugada as embarcações voltaram ao rio.

Sensação da quadrilha

Chamou atenção nesse caso o fato de que, na tarde de sábado, durante ensaio da tradicional quadrilha junina Fogo no Rabo, na Santa Rosa, Davi Luiz entrou na roda e começou a participar de forma intensa, mostrando desenvoltura para dançar. Ele foi filmado, fotografado, elogiado e roubou a cena, pois não é comum ver uma criança tão pequena levar tanto jeito assim.

“Ele foi a grande sensação desse ensaio…eu sorri tanto dessa criança por causa do jeito dele, até parece que ele estava se despedindo”, comenta Ademar Dias, que tinha planos de encomendar um figurino especial para Davi se apresentar no festejo junino, pois ele seria a grande sensação da quadra. Mas os planos de Deus eram outros.

(Chagas Filho, Ulisses Pompeu e Gecelha Sobreira/TV CORREIO)