Marabá precisa rediscutir a sua engenharia de tráfego, sobretudo pela ampliação do fluxo de veículos que estão apenas de passagem pelas rodovias e que concorrem com o tráfego normal da área urbana. A falta de uma política eficaz e reengenharia do setor já apresenta a conta, refletida em engarrafamentos nos horários de pico nas entradas e saídas da cidade, ou mesmo ocasionadas por pequenos acidentes. Não comuns os longos engarrafamentos em espera, ou trânsito lento, principalmente no Km 6, na rotatória de confluência da BR-230, com a BR-155 e BR-222. Ou, ainda, no acesso à ponte rodoferroviária sobre o Rio Tocantins.
Nesta última, na cabeceira da ponte, os cada vez mais constantes casos de bloqueio da pista são atribuídos, segundo os motoristas, à necessidade de parada de carretas no posto fiscal da Secretaria de Estado da Fazenda do Pará (Sefa) em Marabá. Como não há acostamento robusto no local, apenas um curto arremedo, dezenas de caminhões chegam a ser parados ao mesmo tempo, no aguardo a conferência de notas. Com isso a lentidão começa a barrar os veículos, até tornar a situação crítica.
Esta semana a Reportagem do CORREIO esteve por dois dias nos postos do órgão para acompanhar o processo fiscalizatório pelo qual os caminhoneiros são submetidos. Segundo os próprios motoristas que passavam pelos locais, os horários mais críticos são no início da manhã e no final da tarde por conta do fluxo intenso de carros.
Leia mais:No outro posto da Sefa, instalado na BR-230, no km 9, à altura do 52º Batalhão de Infantaria de Selav, a história se repete. Caminhoneiros fazem “malabarismo” para tentar estacionar seus veículos sem prejudicar o trânsito, atitude impossível de ser realizada por dois motivos citados pelos próprios motoristas: a falta de um estacionamento maior e a buraqueira formada no espaço hoje usado como acostamento.
Segundo Nunes, inspetor chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a forma como os caminhões são parados hoje para a fiscalização da Sefa está causando o impacto direto no trânsito urbano. “A hora que param os caminhões é que trava tudo lá”, destaca o agente. Segundo ele, recentemente um caminhão teve problemas com a documentação, especificamente com o ICMS. Por esse motivo, o veículo precisou ficar retido até que a situação fosse resolvida e o caminhão pudesse ser liberado. “Foi um verdadeiro sufoco”, conta.
RECLAMAÇÕES
No posto da BR-222, a Reportagem conversou com Paulo Henrique de Souza, que transportava minério e, por falta de estacionamento no local precisou parar em uma faixa da pista. Questionado sobre o processo de fiscalização da Sefa, o motorista reclamou da demora para a liberação dos documentos e a inexistência de vagas para estacionar. “Já fiquei de duas horas até mais esperando a boa vontade deles. O atendimento poderia ser mais agilizado e menos burocrático. Os caminhões cresceram e a área aqui é muito pequena”, replicou.
Já no posto da BR-230, a maior reclamação dos caminhoneiros são os buracos formados no acostamento. É o caso do motorista Luciano Gomes, que transportava moinha de carvão. “Tem muito caminhão parado aí na frente, toda vez a gente fica parado aqui. Está cheio de buraco e ainda tem a dificuldade da gente atravessar de lá pra cá para carimbar a nota, podendo sofrer um acidente. Hoje de manhã mesmo eu passei por aqui e foi a maior dificuldade”, respondeu ao Jornal.
Neuran Ferreira transporta toda semana carregamentos de adubo e sempre para no posto do Km 9. Ele também reclama da buraqueira formada em frente ao posto e dos perigos que os motoristas enfrentam ao se arriscarem parando no local. “Esses buracos aí atrapalham todo mundo e não temos espaço para estacionar, além de ser perigoso para causar acidentes. Já cheguei a esperar uma hora para ser atendido”, criticou.
SEFA
O CORREIO entrou em contato por e-mail com a assessoria de imprensa da Sefa a respeito dos problemas crônicos de engarrafamentos nos postos. Em nota, o órgão respondeu que “a unidade de Coordenação de Mercadorias em Trânsito de Carajás, que fica localizada no Km 9 da Transamazônica, fiscaliza a entrada e saída de mercadorias, funciona em regime de plantão e com esta missão recebe todo tipo de carga”, diz o comunicado.
De acordo com a entidade, o atendimento varia de acordo com a demanda, isto é, em horários de pico tende a ficar mais demorado. Perguntada se existe algum projeto de obras para os postos, a Sefa afirmou que está levantando as necessidades de reforma e que já existem algumas definições sobre obras a serem realizadas.
DNIT
Pelo fato das BR-155, BR-222 e da BR-230 serem rodovias federais, é competência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) supervisionar e fiscalizar as atividades de obras e serviços de infraestrutura em ambos os postos.
A Reportagem procurou por telefone Jairo de Jesus Rabelo, diretor do DNIT em Marabá. Segundo o gestor, a Sefa foi notificada desde que ele assumiu o cargo de supervisão, há cinco anos, porém, o órgão não procedeu com a mudança. “A gente vê que está totalmente inviável. Como lá é uma pista simples (BR-222), logo no início, no ponto estratégico de chegada e saída da ponte, isso gera naturalmente um engarrafamento, principalmente nos horários de pico”, afirmou.
Jairo explicou ao CORREIO que, na semana passada foi enviado um ofício para o Ministério Público. Após uma reunião entre a Prefeitura de Marabá, o DNIT e a Sefa, ficou decidido que a Prefeitura construirá um novo local fiscalizatório apropriado. “Nós vamos ceder uma área de domínio entre São Félix e Morada Nova, que é um lugar mais estratégico, e vamos escolher ali por ser tecnicamente mais viável para que a fiscalização se dê sem prejuízos ao tráfego. Já estamos com esse entendimento e esperamos resolver no menor tempo possível porque é um desejo nosso fazer algo que vai melhorar para todo mundo”, explicou.
Saiba mais
O Jornal também procurou o secretário de Obras e Vias Públicas de Marabá (Sevop), Fábio Cardoso Moreira, para esclarecimentos a respeito da futura obra. Segundo o engenheiro civil, já está sendo realizada uma drenagem no Km 6, que tem como objetivo pavimentar e urbanizar a área. “Vai ser uma outra pista, mas ainda não será a duplicação completa. Ainda não temos uma perspectiva concreta da duplicação, mas caso saia a confirmação, um projeto não inviabiliza o outro”, esclareceu o gestor, sobre a BR-155.
(Karine Sued)