O empresário Carlos Antônio da Costa procurou a Redação do Jornal CORREIO nesta segunda-feira (18) para reclamar da forma como foi tratado por agentes do Departamento Municipal de Transporte e Trânsito Urbano (DMTU) após o veículo dele, uma caminhonete Nissan Frontier, ser removido na noite de domingo (17), quando estava estacionado na esquina entre a Rua Norberto de Melo e a Travessa Santa Terezinha, na Marabá Pioneira.
Costa relata que se deslocou para o setor para acompanhar o culto da igreja onde congrega e encontrou dificuldades para estacionar devido vários acessos à Orla Sebastião Miranda terem sido bloqueados pelo órgão de trânsito, em decorrência de um evento carnavalesco que lá ocorria. Somada à quantidade de veículos em decorrência da festa, ainda há quatro igrejas grandes nos arredores, cujos frequentadores contribuíam para a quantidade de veículos estacionados naquele horário.
Por volta das 19h15, diz ter chegado e rodado duas vezes a área em busca de vaga. Com algumas costelas fraturadas, decidiu estacionar em uma esquina mais próxima à igreja, mas sem bloquear a passagem de veículos. “Estacionei não contra o fluxo de trânsito, mas na faixa de três metros antes da esquina, onde sei que não é permitido estacionar. Tenho 64 anos e mais de 40 como motorista e4 sei, entretanto, que pontualmente, quando ocorre evento ou acidente na área, o departamento faz o bloqueio, mas permite que você, se precisar ir para algum local próximo, estacione até em lugar indevido, claro que não bloqueando trânsito e eu não bloqueei”, relata, acrescentando que poderia no máximo estar bloqueando parcialmente o trânsito de pedestres, que precisariam contornar o veículo para atravessar a rua.
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Costa afirma que ao sair do culto não encontrou mais o veículo, chegando a ficar preocupado de início. “Me veio à cabeça duas coisas, que fui roubado ou poderia ter sido removido pelo DMTU. Queria saber se havia sido guinchado pra eu ficar mais tranquilo. Minha carteira com todos os documentos estava dentro do carro, eu só estava com a chave”. Um membro da igreja conseguiu confirmar que o automóvel havia mesmo sido removido e então o proprietário procurou o responsável pela ação do DMTU naquela noite para saber se poderia ir até o carro buscar os pertences. Foi aí, conta, que se deparou com o despreparo de agentes municipais no atendimento ao público.
“Perguntei por que eles não colocaram uma multa no carro, já foram rebocando de maneira que achei que houve excesso porque não bloqueei o trânsito. Ele virou pra mim e disse: ‘vai pra casa tomar remédio’. Me abordou de forma que achei de uma falta de preparo, de estrutura, total. Eu disse pra ele que achava que ele estava cometendo excesso porque conheço outras cidades do Brasil que quando há eventos dessa natureza as autoridades responsáveis pelo trânsito permitem por um tempo determinado estacionar até em cima da calçada, para você poder ir onde precisa ir. Por ser autoridade não podem impedir nosso direito de ir e vir”, disse.
De acordo com ele, nesta hora, ouviu novamente a mesma expressão do agente: “vai pra casa tomar remédio”. Costa diz que em relação à carteira contendo documentos pessoais foi orientado a buscar pelo carro no pátio, localizado no Bairro Liberdade. O deboche, conforme avaliou o atendimento, não parou por aí.
“Quando eu estava saindo, alguém no meio deles, não sei se era agente ou algum amigo deles, disse: ‘dá mais uma multa pra ele’. Aí voltei e perguntei: ‘multa de que?’. Não estava havendo desacato à autoridade, só disse que na minha opinião houve excesso. Quando eu estava saindo ele insistiu em dizer ‘dá mais uma multa nele'”, reclama.
Já passado de 22 horas o empresário foi até o pátio de retenção, que é terceirizado, onde foi atendido por um agente de portaria, mas não conseguiu acesso aos bens pessoais. “O agente de portaria informou que não poderia permitir o acesso ao carro e que nem ele, mesmo eu dando a chave, poderia retirar qualquer coisa do carro. Eu até disse que poderia provar que o carro é meu se ele me desse a carteira, com documento de carro, identidade e tudo, mas ele não podia. Eu entendi que ele estava cumprindo ordem, tentou ligar pro chefe e não conseguiu, aí fui pra casa”, diz.
Na manhã de segunda-feira, após recolher os valores cobrados pelo órgão de trânsito, Costa conseguiu reaver a caminhonete, mas seguiu não achando correta a forma de proceder dos agentes municipais de trânsito, alegando presenciar frequentemente outros problemas.
“Quero denunciar o excesso que está havendo no trânsito de Marabá e a indústria de multas, feita de forma despreparada. Não é só comigo e tenho visto, inclusive, eles fazendo blitze em locais de forma escondida que é para os motoristas caírem na arapuca deles. Inclusive, outro dia, eu vi um agente ser quase atropelado por causa disso, por blitz em ladeira. Fazem também em curva para o desavisado chegar e não ter com o evitar. Tudo bem! Mas estão colocando em risco até a vida dos próprios agentes porque às vezes não dá tempo de frear”, desabafa.
SAIBA MAIS
A Reportagem do Jornal CORREIO procurou a assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal de Marabá em busca de posicionamento acerca das reclamações do motorista, mas não teve retorno até o fechamento desta edição. (Luciana Marschall)