Os frutos do açaizeiro do agricultor Francisco Barbosa, do município de Marabá, no Sudeste do Pará, estão secando antes mesmo de amadurecerem. O problema iniciou em 2021 de forma localizada, mas este ano o agricultor já observou em diferentes pontos do plantio em terra firme. “Os frutos ficam secos, não dá polpa e se bater junto com frutos bons muda o gosto da polpa”, conta o Francisco.
O plantio do Francisco está localizado no Projeto de Assentamento (PA) Piquiá, Vila Sororó, distante 40 km de Marabá. Em 2021, ele produziu 58 mil quilos de frutos de açaí e quer ampliar a produção. Ele é um dos participantes do curso “Manejo da cultura do açaí em terra firme”, que a Embrapa realiza nesta terça (11) e quarta-feira (12) no Projeto de Assentamento (PA) 26 de Março, localizado a cerca de 30 quilômetros do município de Marabá, Sudeste do Pará.
Nessa região, o cultivo do açaizeiro em terra firme vem ganhando cada vez mais adeptos, e entre os problemas relatados pelos agricultores ainda está a baixa produtividade dos açaizais. A questão, segundo pesquisador da Embrapa, João Tomé de Farias Neto, especialista no cultivo do açaí em terra firme, pode ter diversas causas e os agricultores precisam atentar para a irrigação e adubação adequadas.
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“Não se produz açaí em terra firme sem irrigação. Aliado a isso, uma adubação adequada é fundamental”, explica o pesquisador. Na fase produtiva, o açaizeiro extrai mais potássio do solo, por isso é preciso intensificar a oferta desse nutriente à planta, segundo especialista.
Na área do Francisco, o pesquisador João Tomé acredita que o problema dos frutos secos decorre da necessidade de adubação com micronutrientes, como o mineral boro. E ainda aplicação de calcário, “que além de corrigir o solo, fornece magnésio”, acrescenta.
Curso
A adubação do açaizeiro de terra firme é um dos temas apresentados no curso “Manejo da cultura do açaí em terra firme”, que a Embrapa realiza nesta terça (12) e quarta-feira (13), no PA 26 de Março, em Marabá. O curso, que é destinado a agricultores familiares e técnicos da região, aborda as variedades de açaí para terra firme, as etapas de implantação dos plantios, preparo de mudas, manejo, adubação, irrigação, polinização do açaizeiro, colheita e beneficiamento do produto.
“Temos uma demanda muito grande por informações sobre a cultura do açaí, que está em franca expansão”, avalia a analista Mazillene Borges, do setor de Transferência de Tecnologia da Embrapa.
O curso, que tem o financiamento do Programa Bioeconomia Brasil, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), tem por objetivo levar ao segmento produtivo informações sobre o cultivo do açaizeiro em terra firme e as tecnologias voltadas ao manejo dessa cultura, com vista ao aumento da produção em diferentes regiões do Pará.
Produção
O país produziu em 2020 aproximadamente um milhão e 700 mil toneladas de frutos nas áreas de várzea (manejo de açaizais nativos) e em terra firme (plantios), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estado do Pará é o maior produtor nacional com cerca de um milhão e 540 mil toneladas.
A produção nacional, que cresceu aproximadamente 10% em três anos, movimentou quase R$ 5 bilhões em 2020, um aumento de R$ 2 bi em relação a 2018, segundo o IBGE.
(Texto: ASCOM/Embrapa)